Fundo de Estradas Mobiliza Financiamento para Viabilizar Principais Corredores Logísticos do País

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Num contexto marcado por eventos climáticos mais severos, limitações de recursos e necessidades crescentes de manutenção, o sector aposta em modelos inovadores de financiamento e soluções orientadas ao desenvolvimento rural e dos corredores estratégicos.

Questões-Chave:
  • Fundo de Estradas procura reforçar o financiamento para reabilitar e manter os principais corredores logísticos, incluindo a N1, a N6 e o troço Vanduzi–Changara (N7);
  • Seminário internacional destacou a vulnerabilidade da rede viária e a necessidade de soluções técnicas e financeiras mais robustas;
  • Ministro dos Transportes e Logística defende tecnologias de baixo custo e integração entre agricultura, indústria e turismo;
  • País possui 31 mil quilómetros de estradas classificadas, mas apenas 27% estão em bom estado;
  • Limitações de recursos têm conduzido à suborçamentação e à descontinuidade da manutenção regular.

O Fundo de Estradas está a reforçar a mobilização de financiamento para viabilizar os principais corredores logísticos de Moçambique, num contexto em que a vulnerabilidade da rede viária, agravada por fenómenos climáticos cada vez mais severos, tem dificultado a manutenção regular das estradas e a circulação de pessoas e bens.

Corredores estratégicos sob pressão

O Fundo de Estradas, responsável pela angariação e gestão de recursos destinados à construção, reabilitação e manutenção das vias nacionais, está concentrado na melhoria dos principais corredores rodoviários, com destaque para a N1, que atravessa o país de norte a sul, e a N6, que liga a cidade da Beira ao Zimbabwe e constitui um dos eixos centrais do corredor da Beira. O pacote inclui ainda a reabilitação do troço Vanduzi–Changara, na N7, essencial para o fluxo de mercadorias e integração regional.

Seminário internacional reforça alerta

As prioridades foram apresentadas no Seminário Internacional de Melhoria da Resiliência da Rede de Estradas, que decorreu em Maputo e reuniu especialistas, parceiros e decisores. A análise evidenciou a vulnerabilidade crescente da rede viária, afectada por cheias, erosões e danos recorrentes que têm pressionado os recursos afectos à manutenção.

Falando no evento, Ângelo Macuaça, Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Estradas, salientou que a escassez de financiamento leva à suborçamentação das obras e ao atraso na resposta a danos emergenciais, sobretudo num momento em que os fenómenos climáticos se intensificam.

Soluções inovadoras e financiamento sustentável

Na abertura do seminário, o ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, defendeu a adopção de soluções inovadoras, tecnicamente robustas e de baixo custo para acelerar o desenvolvimento das zonas rurais e garantir maior resiliência das estradas. Sublinhou que os corredores logísticos têm de ser vistos de forma integrada, articulando agricultura, indústria, comércio e turismo.

Matlombe afirmou que o país implementa iniciativas como o PROASME, que aplica o princípio utilizador-pagador para financiar infra-estruturas complementares, reduzindo a dependência exclusiva do Orçamento do Estado

ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe

Rede extensa, mas com fraca manutenção

O ministro recordou que Moçambique possui cerca de 31 mil quilómetros de estradas classificadas, mas apenas 27% estão em bom estado, facto que condiciona a mobilidade de pessoas e mercadorias, isola comunidades e encarece a actividade económica.

A limitação de recursos destinados à manutenção de rotina tem levado a desviar verbas para atender a emergências — um ciclo que, segundo Matlombe, compromete a transitabilidade e inviabiliza intervenções estruturais.

“Os poucos recursos que deveriam ser usados para manutenção de rotina e prevenção acabam desviados para reparar estragos de emergência, o que afecta a transitabilidade”, sublinhou.

Clima extremo exige novas abordagens

O evento concluiu que a intensificação dos fenómenos climáticos exige soluções técnicas mais duráveis, investimentos contínuos, modelos diversificados de financiamento e uma estratégia robusta de manutenção preventiva. A resiliência da rede viária será determinante para garantir competitividade logística, reduzir custos de transporte e promover o desenvolvimento socioeconómico das zonas rurais e periurbanas.

Num cenário de restrições orçamentais e de fenómenos climáticos crescentemente severos, o Fundo de Estradas e o sector de Transportes procuram novas soluções técnicas e financeiras para preservar a rede rodoviária e assegurar que os corredores estratégicos continuem a servir como motores de integração económica e desenvolvimento territorial.

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