
África Reforça Alinhamento Entre Financiamento Climático e Infra-Estrutural: AfDB Leva Voz Única à COP30 Após Declaração de Luanda
- Com o Banco Africano de Desenvolvimento na dianteira, o continente entra na COP30 com uma posição unificada sobre financiamento climático e transição energética, sustentada pela recém-adoptada Declaração de Luanda sobre o Financiamento das Infra-estruturas de África.
- Declaração de Luanda define agenda continental para o financiamento de infra-estruturas estratégicas e a criação da AAMFI – Aliança das Instituições Financeiras Multilaterais Africanas;
- AfDB assume protagonismo na COP30 em Belém, liderando o advocacy por maior acesso a financiamento climático e transição energética justa;
- Continente procura autonomia financeira e coordenação institucional através da AUDA-NEPAD, PIDA e PICI, visando acelerar projectos estruturantes;
- Moçambique, com projectos-âncora no PIDA, pode beneficiar do novo mecanismo de financiamento e das janelas de investimento verde;
- O continente procura traduzir compromissos políticos em fluxos concretos de capital, garantindo sustentabilidade fiscal e coerência na execução.
O continente africano está na COP30, em Belém do Pará (Brasil), com uma voz mais coesa e estratégica. A nova Declaração de Luanda sobre o Financiamento das Infra-estruturas de África e a forte presença do Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB) no evento demonstram o esforço crescente para ligar a agenda de financiamento climático à agenda de investimento infra-estrutural e de integração continental.
AfDB Assume Papel Central Na COP30
O Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB) participa na COP30 com o objectivo de promover as prioridades africanas em matéria de alterações climáticas e de intensificar a mobilização de financiamento verde para adaptação, mitigação e transição energética.
De acordo com o comunicado oficial, o presidente do Grupo, Dr. Sidi Ould Tah, participa na Cimeira de Líderes (Belém Climate Summit), a 6 e 7 de Novembro de 2025, ao lado do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e de vários Chefes de Estado. Já Kevin Kariuki, Vice-Presidente para Energia, Clima e Crescimento Verde, lidera a delegação técnica do Banco durante toda a conferência.
Na qualidade de observador permanente da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC), o Banco assume-se como porta-voz do continente nas negociações de Belém.
Durante a COP30, o AfDB apresentará soluções africanas de referência em domínios como agricultura inteligente face ao clima, energias renováveis, biodiversidade e infra-estruturas verdes, destacando projectos concretos que já transformam comunidades e cadeias de valor.
O Banco reafirma também o seu protagonismo na execução de programas emblemáticos, entre os quais o Climate Action Window do Fundo Africano de Desenvolvimento, o Africa Adaptation Acceleration Programme, a iniciativa Desert to Power, o Africa NDC Hub e o TAAT – Technologies for African Agricultural Transformation, pilares da sua actuação climática em mais de 30 países.
Paralelamente, o AfDB co-gerirá o Pavilhão de África e o Pavilhão dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDB), espaços onde o continente procurará consolidar a sua imagem como actor global credível e inovador na mitigação de riscos climáticos e na transição energética justa.
Em 2024, o Banco destinou 5,5 mil milhões de dólares à acção climática — quase metade do total das suas aprovações anuais de projectos — sinalizando uma mudança estrutural na prioridade atribuída à sustentabilidade e resiliência continental.
Declaração De Luanda: A Arquictetura Da Autonomia Africana
Adoptada a 30 de Outubro de 2025 pelos Chefes de Estado da União Africana, a Declaração de Luanda estabelece uma nova arquitectura financeira para o continente, com o foco na mobilização coordenada de capital para infra-estruturas, energia e industrialização.
Sob o lema “Capital, Corredores, Comércio: Investir em Infra-estruturas para a AfCFTA e a Prosperidade Partilhada”, o documento:
- Reafirma o papel do AfDB, da AUDA-NEPAD e das Comunidades Económicas Regionais (RECs) como motores de execução do PIDA – Programme for Infrastructure Development in Africa;
- Endossa a criação da AAMFI — Alliance of African Multilateral Financial Institutions — que congrega a AFC, Afreximbank, TDB Group, Africa Re, ATIDI, SHAFDB e ZEP-RE, entre outros parceiros, como mecanismo de financiamento continental de infra-estruturas;
- Chama à aceleração do AAMFI Project Financing Facility, um instrumento que visa posicionar África em maior soberania financeira e reduzir a dependência de capital externo;
- Confirma a selecção de 13 projectos bancáveis do PIDA PAP-2, com mobilização estimada de 18 mil milhões de dólares em investimento.
A Declaração também enfatiza a necessidade de reformas regulatórias para desbloquear capital institucional doméstico, através da chamada Agenda dos 5%, que propõe a canalização de fundos de pensões e reservas soberanas africanas para o financiamento de infra-estruturas.
Convergência De Agendas: Clima, Energia E Industrialização
As duas agendas — financiamento climático e financiamento de infra-estruturas — passam a ser articuladas num único eixo político e financeiro. A convergência entre AfDB, UA e AAMFI pretende criar um ecossistema que transforme compromissos políticos em projectos bancáveis, rastreáveis e de impacto mensurável.
A Declaração de Luanda também apela à aceleração do Programa para o Desenvolvimento Industrial Acelerado de África (PAIDA) e do Presidential Infrastructure Champions Initiative (PICI), reforçando a aposta nos corredores integrados de desenvolvimento, nas redes ferroviárias e no Mercado Eléctrico Único Africano (AfSEM).
Moçambique No Contexto Da Nova Estratégia Continental
Para Moçambique, país-membro activo do PIDA e beneficiário de projectos regionais de energia e logística, as implicações são directas:
- Integração financeira e logística: possibilidade de inserir-se nos mecanismos de financiamento AAMFI, canalizando recursos para corredores estratégicos como Maputo, Beira e Nacala;
- Financiamento verde: elegibilidade acrescida para aceder a linhas de “climate finance” do AfDB e parceiros multilaterais, particularmente para projectos de energia limpa, adaptação costeira e resiliência agrícola;
- Soberania macroeconómica: reforço da previsibilidade e transparência fiscal é essencial para atrair capital a custos sustentáveis e consolidar a confiança dos parceiros.
Sinais Para Os Próximos Meses
Os analistas esperam que a presença africana na COP30 culmine com compromissos tangíveis de financiamento e com o anúncio dos primeiros projectos-âncora a serem operacionalizados sob a égide da AAMFI.
Em paralelo, a implementação do PIDA PAP-2 e a integração do PAIDA serão monitoradas através de um novo mecanismo de reporting continental, liderado pela Comissão da UA e pela AUDA-NEPAD, conforme previsto na Declaração.
Para o continente, este momento pode representar um ponto de viragem estrutural — da dependência para a autonomia financeira, e da fragmentação institucional para coordenação estratégica.
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