
Amade Camal: “falta de um estudo sobre a organização da mobilidade retrai soluções sustentáveis”
Já são conhecidos e bastante notórios os problemas da mobilidade urbana na zona metropolitana da cidade de Maputo. Um conjunto de reformas foram feitas com o objectivo de aliviar o caos em que em determinados períodos torna-se a mobilidade na cidade de Maputo e, também, em outras principais urbes do país.
As restrições determinadas pelo Estado de Emergência vieram expor de uma forma ainda mais saliente a situação dos transportes de pessoas no grande Maputo e arredores, incluindo municípios próximos como Matola e Boane.
Instado a pronunciar-se pelo O.Económico, sobre a persistência dos problemas de mobilidade urbana, particularmente no Grande Maputo e arredores, Amade Camal, gestor da Sir Motors, uma empresa que opera neste sector através do projecto metro-bus, refere que falta de um estudo aprofundado sobre a organização da mobilidade retrai a identificação de soluções viáveis.
Outro aspecto identificado pelo empresário, como sendo uma medida adequada é o escalonamento do transporte: “eu pensava que a organização da mobilidade que foi muito bem feita, através de cooperativas, tratando-se de um grupo associado com mesmo objectivo, iriam escalonar o transporte, eu sugeri isso algumas vezes, que carros circulem depois das horas de ponta, mas parece que eles actuam individualmente e cada um faz concorrência ao outro”.
Amade Camal tem noção do quão as horas de ponta são problemáticas e isso se verifica em quase todo o mundo. Uma das soluções que as cidades urbanas adoptam é o alargamento das vias rodoviárias, mas parece uma atitude insustentável, pois quando as vias estiverem prontas, num prazo médio de 24 meses, o tráfego terá aumentado. É o caso da Estrada Circular de Maputo.
“A Estrada Circular de Maputo não existia e o congestionamento era na EN1. Quando se construiu a circular pensou-se que agora estivesse resolvido o assunto, mas parece que neste momento que triplicou o tráfego”, observou.
Como alternativa, Camal defende a distribuição de horários no uso de transporte público.
“As seis da manhã podemos colocar os meninos a ir para escola, as sete os funcionários públicos, as oito o comércio e indústria e as nove os serviços e outros e a tarde temos a mesma sequência; os meninos que entram às sete podem sair às 10h00”, sugeriu.
O nosso interlocutor não tem dúvida que desta forma a sustentabilidade do transporte de passageiros será maior, pois “oferece uma oportunidade ao transportador de não ter horas de ponta, mas estar constantemente a transportar passageiros de uma forma sustentável”.
Outra ideia defendida por Camal, é que os transportes públicos deviam alternar as viagens, sendo que nas horas com pouco tráfego os transportes deviam reduzir a metade da frota, pois do contrário só gastam dinheiro, porque se verifica que mais de 70% das pessoas não procura por transportes.
Para além da pausa do motorista, a diminuição da circulação rodoviária em momentos sem tráfego possibilita também o repouso dos autocarros e a poupança do combustível.


















