
Ética empresarial encarada como factor de sustentabilidade organizacional
A ética empresarial é cada vez mais percebida como um factor de sustentabilidade das organizações, sendo encarada como um elemento que assegura sua sobrevivência, reputação e, consequentemente, bons resultados ao longo do tempo. Com efeito, a sua prática dentro do mundo corporativo é actualmente tratada com o mesmo nível de preocupação atribuído aos aspectos que asseguram a competitividade e o bom desempenho das organizações.
A actuação das organizações converge, ainda que a ritmos diferentes, para uma maior conformidade com os principais valores éticos aplicados nos processos de tomada de decisão, conduta e nas suas relações com os principais stakeholders. Entretanto, ainda prevalecem desafios importantes para sua inserção e implementação efectiva em algumas realidades, incluindo ao nível do empresariado nacional.
Devido a falta de uma base de dados actuais e sistematizada sobre o assunto, esta asserção não pode ser sustentada por evidências, no entanto, a percepção existente é que, embora seja considerada uma meta essencial a ser alcançada, a implementação efectiva dos princípios da ética empresarial pelas organizações ainda constitui um desafio.
Segundo dados do Fórum Económico Mundial, os mais actuais a que o “O.ECONÓMICO” teve acesso, resultantes de uma avaliação à 137 economias no período entre 2007 e 2017, a situação do País na matéria não é nada satisfatória. Prolongando a tendência iniciada em 2011, o país experimentou uma nova deterioração da sua posição no último ano coberto pela avaliação, 2017, descendo 11 lugares no ranking sobre o comportamento ético das empresas para a 124ª posição num ranking de 137 economias.
É neste contexto tido como de escassez da prática da ética nas organizações e não só, que várias iniciativas têm vindo a ser levadas a cabo no sentido de trazer à ribalta a importância da honestidade e retidão no ambiente do negócio, uma matéria considerada complexa e, segundo opiniões no seio do empresariado, com grandes desafios para sua inserção na sociedade moçambicana, devido aos hábitos e costumes cultivados na actualidade.
É nesta perspectiva que, mais recentemente, e na busca do estabelecimento de padrões universais associados às boas práticas de governação corporativa, o IGC-Moçambique, em parceria com Instituto de Ética da África do Sul, promoveu mais uma edição dos chamados “Diálogos Executivos”, desta vez analisando a prática de ética nas organizações, com enfoque na liderança ética nas empresas como factor de sustentabilidade organizacional.

Encontra-se, na realidade, um “distanciamento gigantesco” entre as definições formais sobre ética e o que ocorre na prática. “A realidade que se assiste nalguns debates académicos, mostra que o que está em causa é a necessidade de uma reflexão profunda sobre a distância existente entre as teorias, as práticas de ética e boa conduta nos negócios”, destacou Daniel Tembe, presidente do IGC-Moçambique.
Em termos gerais, as opiniões do sector empresarial convergem para a importância dos valores da ética a nível dos negócios no estabelecimento de confiança nas relações entre os parceiros, assim como dos líderes para com os seus colaboradores: “a ausência da liderança ética ao nível das organizações empresariais constitui uma lacuna e impacta negativamente na reputação das empresas, causando um colapso entre a empresa e as partes interessadas, como os parceiros, investidores, accionistas, entre outros, originando, assim, a perda do capital”, explicou o membro do Conselho de Administração do IGC-Moçambique, David José.
Porque a falta de ética nos negócios e nas relações de trabalho tem implicado, entre outros, custos reputacionais enormes para as organizações, o IGC-Moçambique, em coordenação com os seus parceiros, tem vindo a realizar trabalhos visando fortalecer as empresas em matéria de ética empresarial, dando apoio no que diz respeito as políticas de governação corporativa.(OE)
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