
MozTex: A Jornada para Recuperar o Título de Gigante Regional no Sector Têxtil
O sector têxtil de Moçambique, outrora um dos maiores da região da África Austral, está a viver um renascimento através da MozTex, uma empresa que, nos últimos 15 anos, tem trabalhado incansavelmente para revitalizar a indústria têxtil do país. A MozTex, um investimento da Rede Aga Khan, é a herdeira das ruínas da antiga TEXLOM, que, durante a década de 1980, foi a maior empresa têxtil de Moçambique e uma das mais importantes da região.
A TEXLOM, conhecida pela produção de tecidos tanto para o mercado interno quanto para o antigo bloco socialista da Europa do Leste, teve o seu colapso após a guerra civil e anos de negligência, com infraestruturas completamente degradadas. A MozTex foi então criada para dar nova vida àquela que era uma das maiores referências industriais do país. O processo de reabilitação, porém, não foi simples, exigindo um investimento inicial de mais de seis milhões de dólares da Rede Aga Khan.
Investimento em Infraestruturas e Capacitação da Mão de Obra
A prioridade inicial foi a reabilitação das infraestruturas da fábrica. Nos primeiros 12 anos, a MozTex registou resultados negativos, refletindo as dificuldades em superar as barreiras estruturais e de formação da mão de obra. O desafio maior foi, sem dúvida, a capacitação de trabalhadores, visto que a maior parte da força laboral não tinha experiência prévia no setor.
Rui Carimo, adjunto do representante diplomático da Rede Aga Khan, destacou que a empresa investiu de forma significativa na formação de seus colaboradores. Atualmente, a MozTex conta com uma massa laboral de 1.300 pessoas, sendo que a maioria é composta por mulheres. Essas trabalhadoras, muitas das quais não tinham qualquer conhecimento prévio sobre o ofício têxtil, são agora capacitadas e capazes de transferir o seu conhecimento para novos funcionários.
Histórias de Superação e Empoderamento Feminino
A história de Carla António, uma das líderes da equipe, exemplifica o impacto positivo da formação oferecida pela MozTex. Ela entrou na empresa em 2009 sem qualquer experiência e, hoje, é responsável por formar outras pessoas. “Eu fui formada pela MozTex e fui capacitada para formar outras pessoas”, conta Carla. “Não é fácil formar outras pessoas, porque em Moçambique não há este mercado de trabalho têxtil.”
Outras funcionárias, como Celeste Alexandre, também relatam os benefícios que a MozTex trouxe para as suas vidas. Celeste, que começou a trabalhar na fábrica sem saber usar uma agulha, agora tem a sua própria máquina em casa e realiza trabalhos paralelos, aumentando o seu rendimento.
Crescimento e Exportações
A MozTex não só tem contribuído para a revitalização do setor têxtil em Moçambique, como também conseguiu expandir as suas operações para o mercado internacional. Em 2023, a empresa produziu um total de 5,8 milhões de peças de vestuário, todas exportadas para a África do Sul. Este crescimento, de 1,5 milhões de peças comparado com 2022, reflete a progressiva recuperação e a capacidade de aumentar a produção e a competitividade.
A Perspectiva de Futuro
O projecto da MozTex é um exemplo claro de como um investimento sustentável e de longo prazo pode contribuir para o crescimento de um setor estratégico como o têxtil, que desempenhou um papel vital na economia moçambicana no passado. A empresa não só recuperou um título de gigante regional, mas também capacitou milhares de trabalhadores, especialmente mulheres, proporcionando-lhes oportunidades que de outra forma não teriam.
Com o mercado em expansão e a produção a aumentar, a MozTex está bem posicionada para continuar a crescer e, eventualmente, tornar-se um dos maiores exportadores de vestuário da África Austral.
A MozTex, com o seu foco na inovação, sustentabilidade e capacitação, não apenas ajudou a revitalizar a indústria têxtil em Moçambique, mas também mostrou o poder de transformação das comunidades locais através do emprego e da educação. Com um futuro promissor, a empresa está a pavimentar o caminho para um renascimento do setor têxtil e, potencialmente, para a recuperação do título de gigante regional na indústria têxtil da África Austral.
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