Petróleo Rompe Ciclo de Perdas com Atraso nas Tarifas dos EUA e Otimismo Comercial

O mercado petrolífero iniciou uma recuperação após três semanas consecutivas de perdas, impulsionado por uma combinação de fatores que incluem a demanda crescente por combustíveis e a decisão dos Estados Unidos de adiar a implementação de tarifas recíprocas globais até Abril. Esta conjuntura aliviou as preocupações com uma possível guerra comercial e favoreceu um aumento dos preços do petróleo nos mercados internacionais.

Na manhã desta sexta-feira, 14 de Fevereiro, os futuros do Brent subiam 0,3%, cotados a 75,25 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) avançava 0,2%, atingindo 71,45 dólares por barril. Durante a semana, o Brent acumulou um ganho de 0,6% e o WTI de 0,5%, revertendo parte das quedas recentes.

EUA Adiam Tarifas e Criam Espaço para Negociações

A decisão do governo dos EUA de postergar as tarifas recíprocas contra países que impõem restrições comerciais aos produtos norte-americanos trouxe alívio ao mercado energético. O presidente Donald Trump instruiu a sua equipa económica a apresentar um estudo sobre as novas tarifas até 1º de Abril, o que ampliou a janela para negociações comerciais.

De acordo com Yeap Jun Rong, estrategista de mercado da IG, o adiamento das tarifas permitiu um ambiente mais favorável para a recuperação dos preços do petróleo. O analista destacou que o desenvolvimento positivo na frente comercial, à luz dos atrasos nas tarifas dos EUA, abre caminho para alguma recuperação dos preços do petróleo, à medida que o ambiente de risco se aquece para as perspectivas de um novo consenso comercial ser alcançado.

Apesar do otimismo, Yeap também alertou que os ganhos do petróleo podem ser limitados, uma vez que os participantes do mercado monitoram a possibilidade do aumento da oferta russa no mercado global, caso as sanções contra Moscovo sejam flexibilizadas.

Paz entre Rússia e Ucrânia pode Influenciar Oferta Global

A possibilidade de um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia reacendeu discussões sobre o futuro do fornecimento de petróleo no mercado global. Donald Trump ordenou que funcionários dos EUA iniciassem conversações para acabar com a guerra, após Vladimir Putin e Volodymyr Zelenskiy terem expressado interesse em negociações separadas.

Caso haja um avanço diplomático, há receios de que um possível fim das sanções contra Moscovo possa levar a um aumento das exportações russas de petróleo. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a produção russa já aumentou ligeiramente no último mês, apesar das restrições em vigor.

O mercado energético permanece atento às movimentações diplomáticas, pois qualquer mudança no regime de sanções pode ter um impacto significativo na oferta e nos preços do petróleo.

Aumento da Demanda Global de Petróleo

Além do fator geopolítico, a demanda global de petróleo segue em crescimento, contribuindo para a recente valorização dos preços. Segundo um relatório do JPMorgan, o consumo global subiu para 103,4 milhões de barris por dia, representando um aumento de 1,4 milhão de barris por dia em relação ao mesmo período do ano anterior.

O relatório destaca que, embora o crescimento da demanda tenha sido inicialmente lento, houve uma aceleração no consumo de combustíveis para mobilidade e aquecimento na segunda semana de Fevereiro. Esse aumento, combinado com a alta nos preços do gás na Europa, pode levar a uma maior substituição do gás pelo petróleo, elevando ainda mais a procura.

Perspectivas para o Mercado de Energia

A recuperação dos preços do petróleo depende, nos próximos meses, de fatores cruciais como o desenrolar das negociações comerciais dos EUA e o impacto das tarifas recíprocas. O avanço de um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia e suas implicações no mercado de petróleo pode influenciar diretamente os preços.

A evolução da demanda global, especialmente nos setores de transporte e aquecimento, será outro fator determinante para a estabilidade do mercado. As oscilações na oferta russa e eventuais ajustes da OPEP+ também continuam a ser monitorados pelos investidores.

O cenário permanece volátil, mas o adiamento das tarifas norte-americanas trouxe um alívio temporário aos mercados, permitindo que o petróleo interrompa a sua sequência de perdas. Contudo, a cautela ainda predomina entre investidores e analistas, à medida que as incertezas geopolíticas continuam a influenciar o equilíbrio entre oferta e demanda.

Fontes:

Documento “Petróleo vai quebrar uma série de três semanas de perdas devido a atrasos nas tarifas dos EUA” (Fevereiro de 2025).