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Standard Research: Risco de mercado do sector bancário permanece alto

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  • Apesar do crescimento impressionante, o sector bancário de Moçambique manteve-se altamente concentrado, com apenas 3 bancos comerciais responsáveis por 54.22% do total de empréstimos do sistema financeiro do país

Um estudo recentemente publicado, da autoria da firma nacional de consultoria, Standard Research, revela que a quota de mercado tem influenciado largamente a estratégia corporativa das instituições financeiras moçambicanas.

O estudo constata que as instituições financeiras estruturam suas proposições de valor, tomando como base, a experiência de mercado e acesso ao financiamento (custo de mobilização de depósitos e recursos similares) e que determinam o apetite ao risco em última instância.

Com efeito, segundo o estudo “Estratégia corporativa no sector financeiro em Moçambique”, as instituições financeiras de Moçambique Tier I (bancos com quota de mercado significativa e capacidade de influenciar os preços de mercado) têm investido, principalmente, recursos disponíveis em aplicações em outros bancos comerciais e títulos do governo, sendo que os empréstimos a clientes têm tido um papel pouco significativo na carteira de activos de risco totais.

“O modelo de negócios dos bancos Tier I tem como premissa basilar o custo de mobilização de depósitos e recursos similares baixos assente essencialmente em depósitos correntes”. Diz a Standard Reseach.

Por sua vez, as instituições financeiras Tier II e Tier III (bancos com quota de mercado moderada e baixa, incluindo incapacidade de influenciar os preços de mercado) tem canalizado a sua liquidez principalmente para empréstimos e adiantamentos. “Os depósitos a prazo constituem o principal item da estrutura de financiamento dos bancos Tier II e Tier III. Os depósitos a prazo representam, em média, 61% e 50% dos depósitos totais da amostra de bancos Tier II e Tier III.”

Assim, a Standard Research conclui que, o risco de mercado permanece alto, considerando que os bancos Tier I são responsáveis por mais de 54% do total de empréstimos do sistema financeiro.

“A estrutura da quota de mercado financeiro do País é impactada pela dinâmica dos depósitos do sector público […] e, os saldos de caixa relacionados ao governo são atraídos principalmente pelos três principais bancos comerciais (BCI, BIM e Standard Bank).”

“ Os depósitos do sector público têm influenciado a actual quota de mercado e afectam significativamente a proposição de valor das instituições financeiras e respectivas estratégias corporativas.”

Custo de mobilização de depósitos e recursos similares

Tem havido uma forte correlação entre a liquidez e o tamanho do balanço das instituições financeiras. Os bancos comerciais Tier I detêm uma liquidez relativamente alta, em detrimento, de níveis baixos de concentração de activos líquidos das instituições financeiras de Tier II e de Tier III.

Fazendo uma análise sob prisma da estrutura de Estrutura de mercado, a Standard Research, observa que as novas entradas de operadores e o desenvolvimento tecnológico estiveram na base do crescimento do sector financeiro moçambicano nos últimos 10 anos, tendo. O crédito à economia totalizado MZN246,817.0 milhões de meticais em 2021, face, a MZN93,087.0 milhões de meticais em 2011. “As instituições financeiras tradicionais têm vindo a estruturar os seus modelos de negócio, tomando como base a inovação tecnológica de modo a melhorar aumentar a experiência do cliente e mobilizar depósitos.”

Apesar do crescimento impressionante, o sector bancário de Moçambique manteve-se altamente concentrado, com apenas 3 bancos comerciais responsáveis por 54.22% do total de empréstimos do sistema financeiro do país. O BIM, o BCI e o Standard Bank são também responsáveis por 68% dos depósitos do sector financeiro. Os 3 bancos comerciais Tier I respondem por 64.5% da base de activos do sistema financeiro do país.

“O sector financeiro encontra-se estruturado de forma irregular e do total de 35 instituições financeiras (bancos comerciais, microbancos, instituições financeiras rurais, bancos electrónicos e bancos comerciais) apenas 3 bancos comerciais (BIM, Standard Bank e BCI) respondem por 54.22% dos empréstimos totais do sistema financeiro. Estes 3 bancos comerciais também representam 68.01% e 64.45% do total de depósitos e activos do sector financeiro, respectivamente.

Vasco José, da Standard Research, explica e conclui sobre o estudo que a “intermediação financeira não ocorre efectivamente nos bancos Tier 1, isto porque, eles tem acesso a depósitos baratos e concentrados em depósitos a ordem e que lhes permitem gerar lucro em aplicações de menor risco (como os bilhetes de tesouro e aplicações em outras instituições financeiras).”

O economista conlui, nesses termos, que o apetite ao crédito para os bancos Tier 1 tende a ser baixo e da’um exemplo:

“ Tens o caso do Standard Bank com com depósitos a ordem a contribuírem com cerca de 80% dos depósitos totais. Aplicações em overnight e bilhetes de tesouro já permitem o Standard Bank produzir um lucro significativo. O investimento em crédito é alocado em operações de risco controlado e esta dinâmica explica o rácio de transformação baixo no intervalo entre 30-35%”.

Segundo Vasco José, “o papel de intermediação financeira e alocação de recursos ao sector produtivo não constitui prioridade para os bancos. O foco é rentabilizar os recursos (depósitos e outros passivos similares).”

Para o economista, o regulador deve encorajar com medidas de política económica que incentivem o financiamento ao sector produtivo, sugerindo acções como, a distribuição equitativa de depósitos de instituições públicas pelas várias instituições financeiras de modo a equilibrar o rácio de transformação entre as diferentes instituições financeiras e estimular a concorrência.

“Partilhar o risco com as instituições financeiras em áreas sectores estratégicos para e economia (agricultura, infra estruturas, etc) de modo a encorajar incremento no financiamento aos sectores mencionados”. Acrescenta.

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