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Taxa de inflação da África do Sul permanece teimosamente elevada, aumentando receios de que novo aumento da taxa de juro pode não fazer qualquer diferença

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  • A grande dor de cabeça de Lesetja Kganyago;
  • Contradições entre a política fiscal e a monetária anulam esforços para reverter a inflação inflação.

O Monetary Policy Committee (MPC) (Comité de Política Monetária) do Banco da Reserva da África do Sul (SARB) reuniu-se na quinta-feira, 25 de Maio, para decidir se aumenta as taxas de juro.

A taxa de juro da África do Sul já está no seu nível mais alto em uma década, mas os últimos dados de inflação mostraram que o IPC se situou em 7,1% e a inflação dos alimentos num máximo de 14 anos de 14,0%.

A inflação está muito acima do intervalo da meta de 3% a 6% do SARB e não mostra sinais de afrouxamento no curto prazo.

Para alguns analistas e economistas, “o problema para o Banco de Reserva é que a inflação não é causada por uma forte procura por parte dos consumidores, mas sim por uma política governamental deficiente e pela crise de fornecimento de electricidade”.

Os retalhistas e produtores alimentares, por exemplo, dependem de geradores a gasóleo para manter as luzes acesas durante a redução de carga. À medida que a redução de carga aumenta, aumentam também os custos do diesel.

Esse aumento dos custos operacionais é repassado aos consumidores, o que se reflecte na alta inflação dos alimentos.

Outro problema é que o Tesouro está a tentar fortalecer a economia, o que está a impulsionar ainda mais a inflação.

O economista-chefe do Efficient Group, Dawie Roodt, disse que sente muito pelo SARB, que está a tentar reduzir a inflação enquanto a política do Governo a acelera.

“O SARB está a pôr o pé no travão para reduzir a procura e abrandar a economia. O Tesouro, por sua vez, está a pisar no acelerador”, disse Dawie Roodt, explicando que “o Tesouro está a tentar impulsionar a economia no momento errado, com a inflação a permanecer elevada”,

Para ele, este choque macroeconómico entre o SARB e o Governo resultará num baixo crescimento económico com inflação elevada.

O compromisso do Governo com uma política fiscal expansionista mina as tentativas do Banco Central de reduzir a inflação.

Dawie Roodt

Roodt explicou que os políticos gostam da inflação porque ela corrói o valor da dívida do Governo, permitindo que ele gaste mais sem aumentar a dívida em termos reais.

Dois tipos de inflação

Para entender o desafio do Banco de Reserva da África do Sul, especialmente quando se trata de factores como a redução de carga, é importante olhar para o que causa a inflação.

Em termos gerais, existem dois tipos principais de inflação.

  • Inflação puxada pela procura – causada pela procura de produtos que aumenta mais rapidamente do que os produtos podem ser fornecidos. Normalmente acontece numa economia forte;
  • Inflação impulsionada pelos custos  – causada pelo aumento dos preços dos insumos de produção. Este aumento dos custos de produção é repercutido no consumidor e provoca inflação.

A inflação puxada pela procura é sensível à política monetária e às taxas de juro mais elevadas. Quando as taxas de juro aumentam, a procura desvanece-se.

A inflação impulsionada pelos custos não é causada por uma economia em expansão, mas sim pelo aumento do custo dos insumos de produção.

O exemplo mais comum é o preço do petróleo, que afecta os custos de transporte e de viagem, afectando o preço dos bens e serviços.

A crise da electricidade é outro exemplo. Aumenta significativamente o custo operacional das empresas, o que, por sua vez, resulta no aumento dos preços dos produtos.

A inflação impulsionada pelos custos é menos sensível aos aumentos das taxas de juro, uma vez que não abordam a causa subjacente da inflação elevada.

A inflação empurrada pelos custos é a maior causa da estagflação, onde o desemprego e a inflação são elevados e o crescimento do PIB é baixo ou negativo.

O aumento das taxas de juro num ambiente deste tipo pode empurrar a economia para uma recessão profunda sem baixar a inflação.

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