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Trump anuncia tarifas recíprocas e reacende receios de uma guerra comercial global

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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que pretende assinar uma ordem de aplicação de tarifas recíprocas, impondo taxas sobre todos os países que cobram tarifas às exportações norte-americanas. Esta medida intensifica os receios de uma guerra comercial de grande escala e poderá acelerar a inflação nos EUA.

Trump declarou que poderá formalizar a decisão “mais tarde ou amanhã de manhã”, sublinhando que esta nova política visa proteger a indústria americana e corrigir distorções comerciais existentes.

Apesar do anúncio, até ao momento, Trump ainda não assinou a ordem executiva que implementa as tarifas recíprocas, embora tenha reafirmado a intenção de fazê-lo ainda hoje, 13 de Fevereiro de 2025. A expectativa é que a assinatura ocorra antes do seu encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, previsto para o final do dia.

No entanto, Trump já oficializou uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, afectando vários países, incluindo o Brasil.

 

Reacções internacionais e riscos para o comércio global

A decisão de Trump gerou reações imediatas de vários países e blocos económicos. México, Canadá e União Europeia condenaram a iniciativa, considerando-a uma ameaça à estabilidade do comércio global.

No Japão e na Austrália, os governos indicaram que estão a negociar isenções às tarifas. Já a China reagiu com medidas retaliatórias, após os Estados Unidos terem imposto, a 4 de Fevereiro, uma tarifa adicional de 10% sobre os produtos chineses.

A União Europeia avalia possíveis contra-medidas, podendo restabelecer sanções comerciais anteriormente aplicadas em 2018, que afectaram produtos icónicos como motocicletas Harley-Davidson e bourbon americano. O chefe de comércio da UE, Maros Sefcovic, já iniciou contactos com autoridades norte-americanas para discutir a situação.

Trump também anunciou que a decisão sobre a tarifa de 25% sobre produtos do México e Canadá foi adiada para 4 de Março, para permitir negociações sobre segurança nas fronteiras e combate ao tráfico de fentanil.

O Primeiro-Ministro do Canadá, Justin Trudeau, alertou que estas tarifas poderão resultar na perda de empregos nos Estados Unidos e afectar o crescimento económico norte-americano.

 

Impacto no sector industrial e pressões inflacionárias

O sector industrial norte-americano está dividido sobre as novas tarifas. Algumas empresas defendem a medida, argumentando que ajudará a proteger a produção interna, enquanto outras alertam para aumento dos custos e impactos negativos na cadeia de abastecimento.

David Young, executivo do Conference Board, destacou a dificuldade de adaptação a estas mudanças abruptas:

“Não se pode mudar a cadeia de abastecimento de um dia para o outro e, com o número e o ritmo destas mudanças, mesmo que se tente estar à frente, será que se consegue estar à frente?”

O sector do aço na Europa também manifestou preocupação, temendo que as tarifas dos EUA possam gerar excesso de aço barato no mercado europeu, desregulando os preços.

Além disso, os dados recentes da inflação nos EUA mostraram que os preços ao consumidor subiram em Janeiro de 2025 mais do que em um ano e meio, intensificando as preocupações sobre possíveis aumentos de preços em setores-chave.

 

Dificuldades de implementação e desafios estratégicos

O conselheiro comercial de Trump, Peter Navarro, minimizou os riscos, afirmando que as tarifas aplicadas no primeiro mandato de Trump não provocaram um aumento significativo da inflação e que as economias exportadoras tendem a baixar os preços para manter a competitividade.

Especialistas em comércio internacional alertam que a implementação de tarifas recíprocas pode ser altamente complexa.

William Reinsch, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, sugere que os EUA poderão adotar uma taxa fixa de 10% ou 20%, mais fácil de aplicar, ou uma abordagem mais detalhada, alinhando as tarifas dos EUA com as taxas específicas de cada país.

Damon Pike, especialista em comércio da BDO International, enfatizou que a complexidade do sistema global de tarifas alfandegárias pode tornar esta medida altamente difícil de aplicar, dada a existência de 186 países com estruturas tarifárias distintas.

“É quase um projecto de inteligência artificial”, afirmou.

 

Perspectivas e impacto global

A decisão de Trump poderá ter repercussões económicas significativas, influenciando cadeias globais de abastecimento, fluxos de comércio e políticas económicas de outros países.

O impacto desta nova ronda de tarifas dependerá da resposta dos parceiros comerciais dos EUA e da capacidade de negociação para evitar uma escalada de tensões.

Se as tarifas forem aplicadas conforme anunciado, o mundo poderá entrar numa nova fase de incerteza comercial, com impactos diretos no crescimento económico, no comércio global e na estabilidade dos mercados financeiros.

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