
FINOVA Reconfigura O Financiamento Agrícola E Reforça A Confiança Entre Estado, Banca E Produtores
- O Governo lançou o FINOVA – Financiamento Inovativo para o Agronegócio, com 45,5 milhões de euros financiados pela cooperação alemã, para apoiar crédito agrícola, garantias, seguros e assistência técnica;
- O Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá, afirma que o programa inaugura “um novo ciclo de confiança entre o Estado, a banca e o sector produtivo”;
- A ADVZ lidera a implementação e gestão das garantias e seguros, enquanto o Banco de Moçambique gere o pilar financeiro, através de bancos comerciais parceiros;
- O programa articula-se com o Fundo de Garantia Mutuária (40 M USD) e o Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), no quadro da estratégia de industrialização e inclusão rural;
- A cooperação alemã destaca que o FINOVA coloca Moçambique “na vanguarda africana do financiamento agrícola integrado e sustentável”.
O FINOVA – Financiamento Inovativo para o Agronegócio, lançado em Maputo pelo Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá, é apresentado como um marco na modernização do financiamento agrícola em Moçambique. O programa, que combina crédito acessível, garantias, seguro climático e assistência técnica, pretende criar uma nova relação de confiança entre o Estado, a banca e os produtores, e posicionar a agricultura como pilar do crescimento económico e da industrialização inclusiva.
Salim Valá Aponta Uma Nova Arquitectura Para O Financiamento E A Industrialização Agrícola
Ao abrir a cerimónia, Salim Valá afirmou que o FINOVA traduz “a transição de uma política agrícola centrada no subsídio para uma política de crédito inteligente, inclusiva e sustentável”.
“Este é um programa que nasce de um diagnóstico claro: sem financiamento de longo prazo e sem mitigação de risco, a agricultura continuará vulnerável e dependente. O FINOVA é a resposta prática a esse desafio”, declarou.
O ministro sublinhou que a iniciativa se insere directamente nas prioridades do Programa Quinquenal do Governo 2025–2029, que estabelece como eixos estruturantes a diversificação da base produtiva, o crescimento inclusivo e a industrialização com raízes agrícolas.
“Estamos a criar as bases para uma economia produtiva, que valoriza o campo, liga o produtor à indústria e coloca o crédito como instrumento de emancipação económica. O sucesso do FINOVA será medido pelo impacto no rendimento das famílias e na redução das importações alimentares”, afirmou Valá.

Para o titular do MPD, a nova abordagem de financiamento agrícola é também um sinal político de confiança entre o Estado e o sector financeiro.
“O Estado não pode continuar a ser apenas regulador; tem de ser também catalisador. Através do FINOVA, mostramos à banca que o sector agrícola é viável, desde que haja instrumentos adequados de mitigação de risco”, destacou.
ADVZ Lidera O Desenho Operacional Do Novo Financiamento Agrícola
A Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze (ADVZ) é a entidade implementadora do programa e responsável pela coordenação técnica e operacional das garantias, seguros climáticos e assistência técnica — a componente equivalente a 12 milhões de euros.
O Director-Geral da ADVZ, Celso Cunha, descreveu o FINOVA como “um modelo completo e inédito no país, que junta crédito, garantias, seguro e assistência técnica sob a mesma estrutura”.
“O FINOVA foi desenhado para responder a uma necessidade real: transformar a agricultura num negócio competitivo e rentável. O crédito por si só não basta. É preciso proteger o produtor, reduzir o risco e capacitar as empresas a crescerem com sustentabilidade”, explicou.
Segundo Cunha, a ADVZ garantirá a gestão técnica das garantias e dos seguros climáticos, bem como a coordenação de assistência técnica descentralizada em várias províncias.
“Queremos garantir que os recursos cheguem ao terreno, que o pequeno produtor sinta o impacto, que o crédito seja produtivo. É um programa para gerar valor, não dependência”, sublinhou.

A ADVZ prevê ainda a criação de um sistema digital de monitoria e avaliação, que permitirá acompanhar, em tempo real, a performance dos projectos financiados, o uso dos seguros e a eficiência das garantias.
O Banco de Moçambique e a credibilidade do modelo
O Banco de Moçambique (BM) é o gestor financeiro do programa e responsável por supervisionar o crédito concedido através dos bancos comerciais. O Administrador Jamal Omar considera que o FINOVA reforça “a credibilidade do sistema financeiro e a sua ligação à economia real”.
“Estamos a construir uma ponte entre a política monetária e o investimento produtivo. A confiança nasce quando o crédito tem retorno e o risco é partilhado. É isso que o FINOVA representa”, afirmou.
O BM mobilizará 33,5 milhões de euros via ABSA, Standard Bank, BCI, GAPI e Microbanco Confiança, com taxas de juro até 10% e prazos ajustados aos ciclos agrícolas e agro-industriais.
Jamal Omar reconheceu que o programa também é um teste para a banca.
“O desafio é mostrar que é possível fazer crédito rural com qualidade. Através do FINOVA, a banca vai aprender a olhar o agro com métricas modernas de risco, apoiadas por garantias sólidas e por informação técnica de qualidade”, observou.
O olhar da cooperação alemã
A cooperação alemã, que financia o programa através do KfW, destaca o FINOVA como um caso exemplar de parceria público-privada em prol da transformação estrutural da economia rural.
O Chefe da Cooperação da Embaixada da Alemanha, Ronald Münch, afirmou que o apoio alemão “vai além do financiamento — é um compromisso com o desenvolvimento de longo prazo e com o fortalecimento institucional de Moçambique”.
“A Alemanha acredita que a agricultura moçambicana tem um enorme potencial. O FINOVA integra inovação financeira e sustentabilidade ambiental, dois pilares da nossa cooperação. Este modelo coloca Moçambique na vanguarda africana do financiamento agrícola moderno”, afirmou Münch.
O diplomata sublinhou ainda que o programa está alinhado com as metas europeias de financiamento verde e inclusivo, que combinam produtividade, adaptação climática e equidade social.
Riscos, execução e credibilidade
Apesar do entusiasmo, todos os intervenientes reconheceram que o sucesso do FINOVA dependerá da governança, da coordenação institucional e da disciplina de risco.
Celso Cunha advertiu que “a selecção das empresas beneficiárias será decisiva” e que “transparência e monitoria independente são condições indispensáveis”.
Jamal Omar alertou que “a execução prudente e a partilha efectiva de risco entre Estado e banca são o coração do modelo”.
E Salim Valá reforçou que o Governo acompanhará a execução “com rigor e periodicidade”, através de mecanismos de reporte público e indicadores de impacto.
“O crédito agrícola só terá credibilidade se for produtivo, transparente e mensurável. O nosso foco é a produtividade e o rendimento, não o número de desembolsos”, afirmou o ministro.
O impacto esperado
O MPD prevê que o FINOVA possa mobilizar investimento privado adicional, aumentar a produtividade agrícola em pelo menos 20% nas cadeias de valor apoiadas e criar entre 10 e 15 mil empregos diretos e indirectos nos próximos dois anos.
O programa deverá beneficiar centenas de PMEs e cooperativas e contribuir para a redução das importações alimentares, através do reforço da produção local de milho, arroz, hortícolas e sésamo.
A ênfase na inclusão de mulheres e jovens empreendedores, associada à exigência de seguro climático obrigatório, confere ao programa uma dimensão social e ambiental inédita.
“Este é um programa que cria valor e protege as pessoas. É uma nova forma de fazer política económica: com rigor técnico, sensibilidade social e visão de futuro”, concluiu Salim Valá, encerrando a cerimónia.
O FINOVA é mais do que uma linha de crédito — é uma estratégia de reconfiguração estrutural do sistema de financiamento agrícola moçambicano. Ao articular crédito, garantias, seguro e assistência técnica, o programa estabelece as bases de um modelo sustentável, replicável e orientado para resultados.
Se executado com disciplina e transparência, o FINOVA poderá transformar-se no laboratório de uma nova política pública de financiamento ao desenvolvimento, capaz de conjugar crescimento, inclusão e resiliência — e, como afirmou o ministro Salim Valá, “marcar o início de um novo ciclo económico para a agricultura moçambicana”.

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