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CEO do Standard Bank pede ao Governo que “saia do caminho” e facilite os negócios

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O CEO do Standard Bank Group, Sim Tshabalala, defendeu que os governos africanos devem reduzir as barreiras burocráticas e permitir que o sector privado execute as suas estratégias sem entraves excessivos. Falando à margem do Fórum Económico Mundial (WEF) em Davos, Tshabalala destacou a importância da colaboração entre o Estado e as empresas, mas enfatizou que, depois de criar o ambiente regulatório adequado, o governo deve sair do caminho para permitir que os negócios prosperem.

As declarações de Tshabalala ressoam como um alerta para muitas economias africanas, incluindo Moçambique, que luta para recuperar o seu crescimento económico num cenário marcado por restrições fiscais, dificuldades de acesso a financiamento e desafios estruturais no ambiente de negócios. A urgência de reformas que estimulem a competitividade do sector privado é um tema central na estratégia de desenvolvimento do País, onde a burocracia e o elevado custo do crédito ainda travam o dinamismo empresarial.

Parceria entre Governo e Empresas na África do Sul

Tshabalala apontou a África do Sul como um exemplo positivo de cooperação entre o setor público e privado, referindo-se à parceria entre o governo e o Business for South Africa (B4SA), uma plataforma que reúne mais de 160 CEOs comprometidos com a resolução de desafios estruturais do país.

Esta aliança tem sido decisiva no combate a crises energéticas, ineficiências logísticas e problemas de corrupção e criminalidade. Nos últimos meses, as empresas manifestaram interesse em expandir a parceria para incluir a crise hídrica e desafios na governação local.

Graças a esta colaboração, a África do Sul suspendeu os apagões elétricos há mais de 300 dias e conseguiu avanços significativos na reforma do setor logístico.

“Estamos a trabalhar com determinação para que o crescimento do PIB ultrapasse os 3% este ano, e isso é perfeitamente possível”, afirmou Tshabalala.

A experiência sul-africana serve como inspiração para Moçambique, onde o envolvimento do setor privado no desenvolvimento de infraestruturas essenciais e na gestão de serviços públicos pode desempenhar um papel decisivo na retoma do crescimento.

O Governo deve regular, mas permitir que os negócios avancem

O CEO do Standard Bank enfatizou que o sucesso dessa parceria resulta da clareza de funções entre o setor privado e o governo. Segundo ele, o Estado deve criar o quadro regulatório necessário e, em seguida, permitir que as empresas liderem a execução das estratégias económicas.

“É essencial que o governo compreenda que o setor privado não pode assumir o papel do Estado, assim como o Estado não pode substituir a dinâmica do setor privado. Cada um deve concentrar-se no que faz melhor”, disse Tshabalala.

Ele voltou a apelar aos governos africanos para que reduzam os custos de investimento no continente, facilitando a circulação de bens, pessoas e ideias, promovendo disciplina fiscal e eliminando entraves burocráticos ao investimento.

“Abrir uma empresa em África deveria demorar um dia, não seis meses”, afirmou, reiterando que a redução da burocracia é crucial para atrair investimento e estimular o crescimento económico.

Este alerta é particularmente relevante para Moçambique, onde a necessidade de acelerar reformas estruturais e de desburocratizar o ambiente de negócios tem sido amplamente discutida entre os empresários e parceiros de desenvolvimento. O setor privado moçambicano tem defendido que a digitalização de processos administrativos, a melhoria do acesso ao crédito e a estabilidade das políticas económicas são essenciais para criar um clima de negócios mais favorável.

África do Sul perde competitividade no investimento

Apesar dos avanços na parceria público-privada, Tshabalala alertou que a África do Sul perdeu competitividade no ranking Invest in Africa do RMB, descendo para o quarto lugar, atrás das Seychelles, Maurícias e Egipto.

O país manteve a liderança apenas na estabilidade do mercado cambial, mas perdeu o primeiro lugar em crescimento económico, ultrapassado pelo Egipto. Além disso, classificou-se na última posição do continente em termos de previsões de crescimento do PIB, desigualdade de rendimentos e desemprego.

“O futuro do investimento na África do Sul pode ser afetado por estes indicadores. O crescimento mais rápido está a ocorrer noutros mercados africanos, especialmente na África Oriental, que cresce acima dos 5% ao ano”, sublinhou o CEO.

Ele defendeu que o país precisa capacitar o setor público e melhorar a qualidade das suas instituições, replicando as boas práticas do Tesouro Nacional e do Banco de Reserva da África do Sul noutras áreas da governação.

“Por favor, capacitem o Estado, profissionalizem-no e continuem a facilitar o ambiente de negócios”, apelou.

A necessidade de reforçar a capacidade institucional e modernizar a gestão pública também é uma prioridade para Moçambique, onde desafios como o acesso limitado ao financiamento, a informalidade no setor produtivo e as barreiras logísticas continuam a dificultar a expansão do setor privado.

África precisa de menos burocracia e mais dinamismo económico

As declarações de Sim Tshabalala refletem um consenso crescente entre investidores e empresários africanos: o excesso de regulação e burocracia impede o crescimento e a criação de riqueza no continente.

A África do Sul demonstrou que, quando o governo e as empresas trabalham juntos de forma eficaz, os resultados podem ser significativos. No entanto, a falta de reformas estruturais e o excesso de interferência estatal continuam a ser obstáculos à competitividade regional.

Para países como Moçambique, que procuram dinamizar a sua economia num contexto de desafios políticos e fiscais, a simplificação dos processos administrativos, a redução da burocracia e a criação de um ambiente regulatório estável podem ser determinantes para atrair investimento e acelerar o crescimento económico.

A experiência sul-africana destaca o potencial da colaboração entre o governo e o setor privado como motor de desenvolvimento, sendo um exemplo que pode inspirar reformas em Moçambique e noutras economias africanas que enfrentam desafios semelhantes.

Para que os países africanos atraiam mais investimento e acelerem o crescimento económico, é essencial que o Estado crie as condições necessárias e permita que o setor privado impulsione o desenvolvimento.

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