
Petróleo Regride Para Mínimos de Quatro Meses: Excesso de Oferta e Menor Risco Geopolítico Ditam Queda nos Preços
Acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, aumento moderado da produção pela OPEC+ e crescimento dos estoques globais pressionam o Brent para cerca de 65 dólares por barril.
- Preço do Brent cai para cerca de 65,15 dólares por barril, enquanto o WTI ronda os 61,49 dólares;
- Acordo de cessar-fogo no Médio Oriente reduz o “prémio de risco” e atenua a pressão sobre os preços;
- OPEC+ decide aumento modesto de 137 mil barris por dia em Novembro, sinalizando cautela mas alimentando receios de excesso de oferta;
- EIA prevê acumulação de inventários globais até 2026, pressionando as cotações;
- Persistem sinais de abrandamento da procura mundial, sobretudo nos EUA e na Ásia.
Os preços do petróleo voltaram a cair nesta sexta-feira, 10 de Outubro, atingindo o patamar mais baixo em quatro meses. A combinação entre o cessar-fogo parcial entre Israel e Hamas, o aumento moderado da produção decidido pela OPEC+ e o crescimento contínuo dos estoques globais tem exercido forte pressão sobre as cotações do Brent e do WTI, num cenário marcado por incertezas sobre a procura e sobre a direcção futura da economia global.
Depois de semanas de elevada volatilidade, o petróleo Brent abriu a sessão a negociar em torno de 65,15 dólares por barril, enquanto o WTI se fixava nos 61,49 dólares, reflectindo o enfraquecimento do prémio de risco geopolítico que vinha sustentando os preços desde o início das hostilidades no Médio Oriente.
A recente trégua entre Israel e Hamas reduziu a percepção de risco de interrupção de fornecimentos na região, levando investidores e fundos a ajustar posições. De acordo com a Reuters, a diminuição desse “prémio de risco” coincidiu com uma correcção técnica dos preços e com o reposicionamento das principais casas de investimento que apostavam em valores acima dos 70 dólares por barril.
O contexto de excesso de oferta continua a ser outro factor determinante. A OPEC+ anunciou no início da semana um aumento de 137 mil barris por dia a partir de Novembro, uma decisão considerada “modesta” mas suficiente para reforçar os receios de que a oferta global poderá ultrapassar a procura no último trimestre do ano. A estratégia, segundo analistas, procura equilibrar os interesses de países produtores que dependem fortemente das receitas do crude, sem provocar uma nova queda abrupta nos preços.
A Energy Information Administration (EIA) dos Estados Unidos estima que os inventários globais de petróleo continuarão a crescer até 2026, reflectindo o aumento da produção em países fora da OPEC e o ritmo lento de recuperação do consumo em sectores industriais e de transporte. Esta tendência tem colocado um tecto sobre os preços e condicionado novos investimentos em exploração, sobretudo em campos de custo mais elevado na América do Norte.
Por sua vez, o abalo da procura continua a preocupar os mercados. Nos Estados Unidos, os indicadores de consumo de gasolina e destilados têm permanecido abaixo da média sazonal, enquanto na Ásia os sinais de desaceleração industrial da China e do Japão reforçam a ideia de um ciclo de crescimento global mais fraco.
Analistas da Bloomberg referem que, “com a procura em abrandamento e a oferta em expansão, o mercado enfrenta um período de ajustamento prolongado, em que o Brent poderá manter-se entre os 60 e 67 dólares por barril nas próximas semanas”.
Perspectiva Económica do Mercado de Energia
O cenário actual reflecte uma transição delicada no equilíbrio global entre oferta e procura. Por um lado, a decisão da OPEC+ mostra prudência e evita uma saturação imediata do mercado; por outro, o aumento dos estoques e o arrefecimento da procura sinalizam pressões baixistas persistentes.
A médio prazo, as atenções voltam-se para três variáveis-chave:
- A recuperação da actividade económica mundial;
- O comportamento da produção americana de shale oil, sensível a preços abaixo de 65 dólares;
- Eventuais novas perturbações geopolíticas ou climáticas que possam inverter a actual trajectória descendente.
Enquanto isso, o petróleo permanece numa faixa de preços que, embora desconfortável para muitos produtores, ainda garante rentabilidade operacional para os grandes exportadores e alguma folga para os importadores líquidos de energia.
A queda do petróleo para níveis próximos dos 65 dólares marca uma viragem no sentimento dos mercados energéticos, após meses de tensões e incertezas. A estabilização dependerá, doravante, da dinâmica da procura global e da capacidade dos produtores em conter o excesso de oferta — num equilíbrio cada vez mais frágil entre prudência e necessidade fiscal.
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