Dólar Caminha Para Perda Semanal Face a Dados Incertos e Sinais Mistos da Fed

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Moeda norte-americana desliza para mínimos de duas semanas enquanto investidores reduzem posições e aguardam indicadores económicos atrasados após a reabertura do Governo dos EUA.

Questões-Chave:
  • Dólar enfraquece apesar da subida das yields e da redução das expectativas de corte das taxas pela Fed;
  • Investidores aguardam um volumoso conjunto de dados económicos atrasados, num cenário descrito como “nevoeiro estatístico”;
  • Euro e franco suíço atingem máximos recentes face ao dólar;
  • Libra recua após revelação de que o Governo britânico abandonou planos de aumento do imposto sobre o rendimento;
  • Mercado cambial asiático regista movimentos acentuados, incluindo apreciação do won sul-coreano e do yuan.

O dólar norte-americano registou uma nova queda esta sexta-feira, aproximando-se de uma desvalorização semanal de 0,4%, num clima marcado por incerteza económica e pela expectativa de divulgação de um vasto conjunto de dados atrasados nos Estados Unidos. O enfraquecimento da moeda ocorreu apesar da subida das yields e de um ambiente de maior prudência por parte da Reserva Federal, segundo relatou a Reuters.

Dólar perde força num ambiente de “nevoeiro estatístico”

A pressão sobre o dólar acentuou-se à medida que os investidores reduziram posições enquanto aguardam a publicação de dados macroeconómicos cuja divulgação foi afectada pela recente paralisação parcial do Governo dos EUA. O chefe de pesquisa cambial do National Australia Bank, Ray Attrill, descreveu o sentimento dominante como “um cheiro de ‘vender América’ no ar”, sublinhando um crescente cepticismo em torno da trajectória económica norte-americana.

Apesar de vários dirigentes da Reserva Federal terem defendido uma abordagem mais cautelosa na flexibilização monetária — citando riscos inflacionários persistentes e sinais de estabilidade no mercado laboral — a moeda norte-americana não conseguiu beneficiar dessa postura mais conservadora. Pelo contrário, caiu para um mínimo de duas semanas face ao euro, que recuperou acima de 1,16 dólares, e manteve-se enfraquecida perante o franco suíço, que estabilizou próximo do nível mais forte das últimas três semanas.

O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda face a uma cesta de divisas, recuou para 99,14 pontos, continuando a sua trajectória descendente num contexto de maior prudência global.

Expectativas de política monetária divergem perante dados incertos

Os mercados estão actualmente divididos quanto à probabilidade de a Fed cortar as taxas já na reunião de Dezembro, com os futuros a apontarem para pouco mais de 50% de possibilidade de uma redução de 25 pontos base. Para Janeiro, porém, a expectativa de um corte está praticamente totalmente incorporada nos preços.

Joseph Capurso, chefe de pesquisa cambial internacional do Commonwealth Bank of Australia, advertiu que os dados norte-americanos que serão divulgados a partir da próxima semana poderão ser “bastante fracos”. Contudo, a ausência temporária de indicadores cruciais, como a taxa de desemprego de Outubro — que poderá não ser publicada devido à suspensão do inquérito às famílias durante o shutdown — poderá justificar cautela adicional por parte da Fed. Nas suas palavras, “quando estamos no nevoeiro, conduzimos mais devagar; quando não se sabe o que está a acontecer na economia, talvez se avance mais lentamente nos cortes”.

Libra recua após mudança inesperada na política fiscal britânica

A libra esterlina registou uma queda de 0,3%, após uma notícia do Financial Times revelar que o Primeiro-Ministro Keir Starmer e a Ministra das Finanças, Rachel Reeves, abandonaram os planos de aumento das taxas de imposto sobre o rendimento. A decisão, tomada a poucas semanas da apresentação do orçamento de 26 de Novembro, foi interpretada como um sinal de ajuste político com impacto imediato nas expectativas fiscais.

Ray Attrill, do NAB, afirmou que esta mudança poderá aliviar a pressão sobre a economia britânica, mas simultaneamente gerar preocupação entre investidores internacionais sobre a solidez das contas públicas do Reino Unido. Para alguns participantes do mercado, trata-se de uma reacção lógica perante um quadro de incerteza.

Mercados asiáticos registam movimentos bruscos

A sessão asiática foi marcada por forte volatilidade cambial. A libra e o won sul-coreano apresentaram oscilações significativas, enquanto o yuan onshore atingiu o seu nível mais forte em mais de um ano. Estes movimentos reflectem a combinação entre expectativas divergentes de política monetária global e fluxos de refugio face ao dólar.

Com os mercados a navegarem num ambiente de informação incompleta, o comportamento das moedas deverá permanecer sensível a cada novo dado macroeconómico divulgado nos EUA, especialmente os indicadores de actividade, emprego e inflação que foram adiados.

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