Ouro Atinge Máximo Histórico com Sinalização de Cortes nas Taxas pela Fed

O ouro atingiu um novo recorde histórico nesta quinta-feira, 20 de Março, após a Reserva Federal dos EUA (Fed) indicar que poderá realizar dois cortes nas taxas de juro ainda este ano. O ambiente de incerteza económica e geopolítica tem impulsionado o metal precioso, consolidando o seu estatuto de activo seguro para investidores.

O ouro à vista manteve-se estável em 3.047,1 dólares por onça às 07:00 GMT, depois de atingir um pico de 3.057,21 dólares no início da sessão. O mercado tem sido impulsionado por diversos factores, incluindo a volatilidade cambial, a desvalorização do dólar e as preocupações com o crescimento económico global.

Factores que Impulsionam o Ouro

Os analistas do mercado atribuem esta valorização a uma combinação de factores. Segundo Dick Poon, Director-Geral da Heraeus Metals Hong Kong Ltd, o ouro está a beneficiar de um cenário de “incerteza nos mercados, tensões geopolíticas, enfraquecimento do dólar americano e expectativas de que as taxas de juro serão reduzidas mais tarde”.

Nesta quarta-feira, a Fed manteve a sua taxa de referência inalterada no intervalo 4,25%-4,50%, conforme amplamente esperado pelos mercados. No entanto, os decisores políticos prevêem dois cortes de 0,25 pontos percentuais até ao final de 2025, o que reforça a atractividade do ouro, um activo que não gera juros.

O Presidente da Fed, Jerome Powell, afirmou que a recente política tarifária da administração de Donald Trump pode estar a contribuir para um crescimento económico mais lento e uma inflação mais elevada nos EUA As tarifas comerciais, que têm gerado tensões comerciais, são amplamente consideradas inflacionárias e prejudiciais ao crescimento a longo prazo.

Impacto da Incerteza Geopolítica e Tarifária

Além do contexto económico, o ouro tem sido impulsionado por uma escalada das tensões no Médio Oriente. Nesta quinta-feira, 37 palestinianos foram mortos em ataques aéreos israelitas em Gaza, depois de Israel ter retomado a sua campanha de bombardeamento. Este ambiente de conflito intensifica a procura por activos de refúgio, como o ouro.

Christopher Wong, estratega forex do OCBC Bank, afirmou que “o apelo do ouro como um porto seguro e protecção contra a inflação fortaleceu-se ainda mais à luz dessas preocupações geopolíticas e incerteza tarifária”. A procura por ouro tem sido elevada, com o metal a atingir 16 recordes apenas em 2025, dos quais quatro ultrapassaram a marca de 3.000 dólares.

Contudo, alguns analistas alertam para a possibilidade de uma correcção nos preços. Nicholas Frappell, chefe global de mercados institucionais da ABC Refinery, comentou que “até agora, as correcções têm sido relativamente curtas e bem absorvidas pelo mercado, mas níveis entre 3.090 e 3.100 dólares podem encontrar alguma resistência”.

Outros Metais Preciosos e Perspectivas do Mercado

O impacto da valorização do ouro reflectiu-se noutras commodities. A prata à vista manteve-se estável em 33,8 dólares por onça, enquanto a platina caiu 0,3% para 989,85 dólares e o paládio recuou 1% para 949,50 dólares.

Olhando para o futuro, os investidores continuam atentos às decisões da Fed, às políticas da administração Trump e à evolução das tensões geopolíticas. O desempenho do ouro no primeiro trimestre de 2025 tem sido extraordinário, mas muitos analistas acreditam que a volatilidade pode continuar a ser um factor-chave nos próximos meses.

A valorização do ouro para novos recordes históricos reflecte a incerteza económica global e a busca por activos seguros. A sinalização de cortes nas taxas de juro pela Fed, somada às tensões geopolíticas e comerciais, fortalece a procura por ouro como reserva de valor. No entanto, persiste a possibilidade de ajustamentos no mercado à medida que os investidores avaliam os desdobramentos económicos e políticos nos próximos meses.