
Sector petrolífero escapa à vaga de tarifas de Trump e revela prioridades da estratégia comercial dos EUA
Enquanto a nova vaga de tarifas comerciais decretadas pelos Estados Unidos sob a liderança do Presidente Donald Trump gera tensões com parceiros globais e abala mercados financeiros, o sector do petróleo e gás permanece notavelmente intocável. Refinados, crude e derivados ficaram fora da lista de produtos atingidos pelas tarifas generalizadas anunciadas no início do mês, numa decisão que revela muito sobre as prioridades geoestratégicas e energéticas da administração norte-americana.
A medida contrasta com a abordagem agressiva aplicada a sectores como o automóvel, a tecnologia e o aço. Analistas apontam que a exclusão do sector energético se deve às suas ligações directas com a segurança nacional, a política externa e o estatuto dos EUA como maior produtor mundial de petróleo e gás natural.
Actualmente, os EUA exportam volumes consideráveis de LNG (gás natural liquefeito) para a Europa e a Ásia, bem como crude leve para vários mercados. Impor tarifas sobre o sector poderia provocar retaliações que comprometessem contratos estratégicos de fornecimento e minassem o objectivo de substituir o fornecimento russo na Europa.
A decisão também protege grandes empresas norte-americanas do sector, com forte peso político e económico. ExxonMobil, Chevron, e outras gigantes energéticas beneficiam de um ambiente de exportação relativamente livre, essencial para manter as suas margens de lucro e a competitividade global.
Reacção dos mercados energéticos
A isenção do sector contribuiu para a relativa estabilidade dos preços do petróleo, em contraste com a turbulência nos mercados de metais e bens industriais. O Brent manteve-se acima dos 89 USD por barril, com previsões de subida moderada impulsionadas por tensões no Oriente Médio e cortes coordenados da OPEP+.
No entanto, observadores alertam que esta isenção não é garantida a longo prazo. Caso haja escalada nas disputas com a China ou com outros grandes importadores de energia, poderá surgir pressão para incluir o sector nas medidas retaliatórias.
Implicações para os parceiros internacionais
Para países como a China, a Coreia do Sul, a Índia e membros da União Europeia, que importam petróleo e LNG dos EUA, a manutenção de relações energéticas estáveis torna-se uma prioridade diplomática. Qualquer alteração poderia ter efeitos em cadeia sobre os equilíbrios energéticos regionais.
A abordagem selectiva de Trump, que penaliza produtos de consumo e tecnológicos mas protege sectores estratégicos, expõe um modelo de nacionalismo económico calibrado, que favorece a auto-suficiência, o controlo de cadeias críticas e a projecção de poder através da energia.
Com os próximos meses a prometerem novos desenvolvimentos na geopolítica comercial e energética, a exclusão do petróleo e gás das tarifas é tanto um reflexo de prioridades tácticas como um sinal de onde os EUA pretendem preservar o seu poder de barganha global.
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