Moçambique Quer Integrar-se no Corredor do Lobito Para Reforçar a Ligação Entre os Oceanos Índico e Atlântico

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O Governo pretende estabelecer uma ligação ferroviária entre Nacala e a Zâmbia que permitirá ao país conectar-se ao Corredor do Lobito, em Angola, consolidando o seu papel na rede logística e comercial da África Austral.

Questões-Chave:
  • Moçambique manifestou interesse em ligar-se ao Corredor do Lobito, através da ferrovia Nacala–Zâmbia;
  • A interligação vai reforçar a conectividade regional e impulsionar o comércio transcontinental;
  • O projecto enquadra-se na estratégia de dinamização dos corredores logísticos e de integração da SADC;
  • Angola e Moçambique acordaram criar uma equipa técnica multissectorial e preparar um memorando de entendimento;
  • O corredor facilitará a exportação de carvão, cobre e cobalto, bem como o transporte marítimo e de cabotagem;
  • A cooperação logística poderá atrair investimento privado e gerar novos empregos.

Moçambique quer integrar-se no Corredor do Lobito, em Angola, através da ligação ferroviária de Nacala à Zâmbia, numa iniciativa que visa reforçar a conectividade regional e criar uma nova rota de comércio entre o oceano Índico e o Atlântico, facilitando a circulação de mercadorias e o acesso a mercados internacionais.

O anúncio foi feito em Luanda, por Chinguane Mabote, Secretário de Estado dos Transportes, durante um encontro com os gestores do Porto do Lobito, à margem da terceira edição do Angola Hub Transport & Logistics Summit 2025 — um dos maiores fóruns da África Austral dedicados à integração económica e logística da região.

A ligação ferroviária Nacala–Zâmbia, actualmente em operação entre Moçambique e o território zambiano, deverá conectar-se à infra-estrutura logística e ferroviária do Corredor do Lobito, que se estende até às regiões mineiras da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia, permitindo escoar minérios e outras mercadorias pelos portos do Atlântico.

Segundo o governante moçambicano, esta integração representa “uma alternativa estratégica para o comércio regional e um instrumento de diversificação das rotas logísticas da SADC”, com impacto directo na competitividade e na redução dos custos de transporte.

Integração Regional e Benefícios Económicos

O projecto de interligação ferroviária tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento económico, gerar empregos e promover a integração regional, ao permitir o transporte de grandes volumes de carga, incluindo carvão, cobre e cobalto, dos distritos mineiros de Tete (Moçambique) e das províncias vizinhas da Zâmbia e RDC, para os mercados de exportação globais.

No encontro em Luanda, Angola e Moçambique decidiram criar uma equipa técnica multissectorial para estudar os modelos de parceria, incluindo o transporte marítimo e de cabotagem, bem como a cooperação na área de dragagem, em que Moçambique detém experiência técnica reconhecida.

Os dois países deverão ainda assinar um memorando de entendimento, abrindo caminho a investimentos conjuntos em infra-estruturas e serviços logísticos.

Angola Hub 2025: Uma Plataforma Para Parcerias Estratégicas

A realização do Angola Hub Transport & Logistics Summit 2025 contou com a presença de ministros, CEO’s e investidores de mais de 20 países, constituindo-se como uma plataforma regional para dinamizar as cadeias de transporte e comércio.

Durante o evento, a delegação moçambicana manteve também contactos com a Transport General Authority (TGA) da Arábia Saudita, com vista à assinatura de um acordo bilateral de cooperação no sector marítimo.

Segundo Chinguane Mabote, “estas parcerias demonstram o empenho de Moçambique em consolidar a integração logística regional, dinamizar os corredores de desenvolvimento e fortalecer o seu papel como hub de transporte na África Austral”.

Corredor do Lobito e Nacala: Eixos da Nova Competitividade Regional

A interligação entre os corredores de Nacala e Lobito é vista por analistas como uma oportunidade estratégica para transformar o comércio transfronteiriço da região, criando um eixo ferroviário entre o Índico e o Atlântico que poderá atrair investimento privado, reduzir tempos de transporte e expandir o comércio intra-africano.

O Corredor do Lobito, apoiado pela Parceria para Infra-estruturas e Investimento Global (PGII) do G7, já mobiliza financiamento internacional e visa posicionar-se como o principal canal logístico para exportações minerais e industriais da África Central e Austral.

Com a sua ligação a Nacala, Moçambique poderá beneficiar de novas rotas intercontinentais, consolidando-se como um actor-chave na rede logística africana e fortalecendo a cooperação económica com países vizinhos e parceiros multilaterais.

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