Aumento da complexidade regulatória é a maior preocupação actual dos gestores financeiros, confirma pesquisa da EY- CFO Survey

1
701
  • Competência para gerir uma rede complexa de relações é o atributo principal para o sucesso de um CFO – Ernest Young (EY)

Trata-se do primeiro inquérito dirigido a líderes e colaboradores de instituições financeiras bancárias e seguradoras de Moçambique.

O questionário procurou reflectir sobre as preocupações dos CFOs – Directores Financeiros, recolhendo informação que possa fornecer uma visão sobre os desafios actuais e futuros da Função Financeira, nomeadamente no que respeita à sua estratégia, capacidade tecnológica e competências das equipas.

“O inquérito incluiu dez questões que incidiram em diferentes categorias, designadamente, no papel exigente do CFO e da Função Financeira; no equilíbrio entre o crescimento, optimização e protecção de valor; e na maximização da Função Financeira através do talento das suas pessoas, da tecnologia e do impacto ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governação corporativa)”.  Eduardo Caldas.

Eduardo Caldas

O ‘CFO Survey’ realizado online entre Agosto e Outubro de 2023, contou com a participação de administradores, directores e coordenadores da área financeira dos sectores bancário e segurador de Moçambique. No total, participaram 37 instituições, 22 da banca e 15 do sector dos seguros. 

Na apresentação dos resultados do estudo, o director executivo de seguros da Ernest Young, Nuno Calha, disse que do leque dos desafios, o aumento da complexidade regulatória é preocupação dos inquiridos.

“Setenta e cinco por cento dos inquiridos demonstraram preocupação com o aumento da complexidade regulatória e do escrutínio pelo supervisor”. Disse.

Director executivo de seguros da Ernest Young, Nuno Calha

“Setenta e cinco por cento dos inquiridos demonstraram preocupação com o aumento da complexidade regulatória e do escrutínio pelo supervisor”. Disse.

Se por um lado, 60 por cento dos envolvidos projectam investimento futuro na implementação de aceleradores tecnológicos e na qualidade presente nos sistemas de informação, por outro lado, “60 por cento planeiam reduzir o investimento no modelo operacional, de modo a conseguir resultados financeiros no curto prazo”. Acrescentou.

 O desempenho da função financeira foi avaliado como acima da média por 43% do universo inquirido. 79% dos bancos indicaram o impacto da volatilidade dos mercados e as seguradoras incluíram a preocupação crescente com os factores do ESG.

Outrossim, para influenciar eficazmente as tomadas de decisão do órgão de gestão de uma instituição financeira, os inquiridos, em mais de 90 por cento referem que um CFO deve basear-se em dados e fontes de informação credíveis. E. apenas 13 por cento acreditam que o CFO deve Possuir uma relação de confiança com investidores chave da Instituição. Indicou Nuno Abrantes, gestor sénior da Ernest Young.

Em jeito de perspectiva, num horizonte de cinco anos, mais da metade da população-alvo avança que as características mais importantes para o sucesso do CFO são a capacidade de gerir uma rede complexa de relações com interlocutores internos e externos à Instituição e responder à disrupção causada pela tecnologia. 

Nuno Abrantes, gestor sénior da Ernest Young

“Apenas 8 por cento considera o conhecimento geopolítico e relações governamentais para o sucesso”.

A nível da estratégia para a Função Financeira, tendo com base 3 anos, 60 por cento das instituições priorizam os investimentos na qualidade de informação presente nos sistemas de informação, assim como na implementação de aceleradores tecnológicos. 

“Cinco dos 14 participantes do sector bancário projectam investimento na substituição do sistema core e/ou contabilístico, enquanto apenas 1 participante do sector segurador identifica este aspecto”.

Vinte por cento dos participantes do sector bancário projectam mais investimento na revisão do modelo operacional da Função Financeira, enquanto nenhum participante do sector segurador assinalou este tópico.

Na classificação da função financeira actual, apenas 4 por cento avaliaram o desempenho como sendo best-in-class.

“Mais de dois terços antevêem alterações significativas na função financeira nos próximos 3 anos, sendo que um quarto prevê que estas alterações sejam transversais e quase metade projecta alterações significativas apenas em 1 ou 2 processos”.

Por outro lado, 7 em 24 projectam um nível de risco reduzido para as mudanças a implementar pela Função Financeira, projectando apenas ajustes e aperfeiçoamentos a processos e tecnologias já existentes.

Enquanto na análise sectorial, “a expectativa de efectuar alterações significativas à estrutura organizacional da Função Financeira e, consequentemente, com risco mais elevado, é maior no sector bancário (79%) do que no sector segurador (56%)”. Completou Abrantes.

Sobre o uso da tecnologia, 65 por cento consideram que as ferramentas e sistemas tecnológicos utilizados pela Função Financeira apresentam vulnerabilidade. A perspectiva que as ferramentas tecnológicas utilizadas pela função financeira são adequadas é maior no sector segurador (44%), do que no sector bancário (29%).

Quanto ao conhecimento da equipa sobre a função financeira, 80 por cento consideram adequado o conhecimento da sua equipa em contabilidade e relato. “Cerca da metade avalia como insuficiente o nível de expertise da equipa em aplicações de suporte (ex: Microsoft Office, Data Analytics, Cloud) e em matérias de compliance e risco”.

Entretanto. Dois terços da população inquirida consideraram insuficiente o nível de maturidade da Função Financeira nos aspectos relacionados com a sustentabilidade.

Entre outras, a Ernest Young recomenda no estudo que a competência para gerir uma rede complexa de relações interna e externa à Instituição, é considerada o atributo principal para o sucesso de um CFO.

A avaliação recorrente do modelo de competências, a promoção de programas de formação e a colaboração com parceiros externos são acções que fortalecem a expertise da Função Financeira.

A definição de uma estratégia de sustentabilidade por parte da Função Financeira é vista como insuficiente pela maioria dos CFOs.

A concepção de produtos associados à sustentabilidade pode constituir uma característica diferenciadora na atracção de investimento estrangeiro.

O estudo da Ernest Young sobre CFO Survey Moçambique foi feito por cinco profissionais, nomeadamente Eduardo Caldas, Bruno Dias, Inês Vaz Pereira, Nuno Calha e Nuno Abrantes, das áreas de gestão de pessoas, seguros e negócios.

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.