Banco Mundial alerta sobre iminência de uma recessão global

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Desde o início do ano, uma rápida deterioração das perspectivas de crescimento, associada a um aumento de inflação e condições de financiamento mais restritivas, desencadeou um debate sobre a possibilidade de uma recessão global – uma contracção do PIB global per capita.

Um estudo do Banco Mundial, que considera os conhecimentos obtidos em anteriores recessões globais, apresenta uma análise sistemática da recente evolução da actividade económica e de políticas, e uma avaliação baseada em modelos de possíveis resultados macroeconómicos a curto prazo.

Assim, de acordo com o estudo que questiona uma eventual recessão económica global, as previsões de consenso para o crescimento global em 2022 e 2023 foram desvalorizadas significativamente desde o início do ano. Embora essas previsões não apontassem para uma recessão global em 2022-23, a experiência de recessões anteriores sugere que pelo menos dois desenvolvimentos – os quais já se materializaram nos últimos meses ou podem estar em curso – aumentam a probabilidade de uma recessão num futuro próximo. Em primeiro lugar, toda recessão global desde 1970 foi precedida por um significativo enfraquecimento do crescimento global no ano anterior, como aconteceu recentemente. Em segundo lugar, todas as recessões globais anteriores coincidiram com abrandamentos acentuados ou recessões absolutas em várias grandes economias.

Apesar do actual abrandamento do crescimento global, observa o estudo, a inflação subiu significativamente em muitos países. Para conter os riscos de uma inflação persistentemente elevada, e num contexto de limitações de espaços fiscais, muitos países estão a retirar o apoio monetário e fiscal. Como resultado, a economia global está em meio a um dos episódios mais sincrónicos a nível internacional de aperto da política monetária e fiscal das últimas cinco décadas.

Estas acções políticas são necessárias para conter as pressões inflacionistas, mas os seus efeitos de composição mútua podem produzir impactos maiores do que o pretendido, tanto no aperto quanto nas condições financeiras e na intensificação da desaceleração do crescimento. Esta política síncrona de aperto contrasta com as políticas adoptadas por volta da recessão global de 1975, mas é semelhante às que foram implementadas antes da recessão de 1982. Uma grande lição destes dois episódios é que fazer ajustes necessários nas políticas de uma forma atempada é essencial para conter as pressões inflacionistas e reduzir os custos de produção de intervenções políticas.

Resultados de crescimento a curto prazo

 Três cenários para a economia global ao longo de 2022-24

O primeiro, cenário de base, alinha-se estreitamente com as recentes previsões consensuais de crescimento e inflação, bem como expectativas de mercado para as taxas de juro. No entanto, isto implica que o grau de aperto da política monetária actualmente esperado pode não ser suficiente para restabelecer uma inflação baixa de forma atempada.

O segundo, de acentuada desaceleração, assume uma tendência ascendente nas expectativas de inflação, o que desencadeia um aperto adicional da política monetária síncrona por grandes bancos centrais. Neste cenário, a economia global ainda escaparia a uma recessão em 2023, mas sofreria uma forte desaceleração sem restaurar uma inflação baixa até ao final do horizonte de previsão. No terceiro cenário, recessão global, aumentos adicionais nas taxas de juro desencadeariam uma acentuada reavaliação dos preços de risco nos mercados financeiros mundiais e resultariam numa recessão mundial em 2023. Se o actual abrandamento global tornar-se numa recessão, a economia global pode acabar por registar grandes perdas de produção permanente relativas à sua tendência pré-pandémica. Isto teria consequências graves para as perspectivas de crescimento a longo prazo das economias de mercado emergentes e em desenvolvimento, que já foram duramente atingidas pela recessão global induzida pela pandemia de 2020.

Respostas políticas

O estudo do Banco Mundial que estamos a citar, refere que,  os decisores políticos precisam de percorrer um caminho estreito que requer um conjunto de medidas abrangentes do lado da procura e do lado da oferta. Do lado da procura, a política monetária deve ser aplicada de forma consistente para restaurar, de forma atempada, a estabilidade dos preços. A política fiscal precisa dar prioridade à sustentabilidade da dívida a médio prazo, prestando, ao mesmo tempo, apoio direccionado a grupos vulneráveis. Os decisores políticos precisam, recomenda o estudo, de  estar prontos para gerir as potenciais repercussões de uma retirada globalmente síncrona das políticas de apoio ao crescimento. Do lado da oferta, precisam pôr em prática medidas para aliviar os constrangimentos que enfrentam os mercados de trabalho, mercados energéticos, e redes comerciais.

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