
Crise pós-eleitoral e impacto na educação em Moçambique: Professores e Governo em rota de colisão
A crise pós-eleitoral que assola Moçambique desde Outubro de 2024 continua a reverberar em diversos sectores do país, com a educação a emergir como uma das áreas mais afectadas. Num cenário já marcado por greves e manifestações, professores moçambicanos intensificam as suas exigências de pagamento de horas extraordinárias em atraso e ameaçam paralisar actividades essenciais como os exames especiais e o início do ano lectivo.
As reivindicações dos professores incluem o pagamento de dois meses e 18 dias de 2022, bem como a totalidade dos anos de 2023 e 2024. Para a Associação Nacional dos Professores (Anapro), representada pelo seu porta-voz Marcos Mulima, estas dívidas comprometem o funcionamento regular do sistema educativo. “Eles estão cientes que devem pagar até dia 20 de Janeiro ou haverá greves que vão condicionar os exames e também a abertura do ano lectivo”, afirmou Mulima, reforçando que as ameaças não impedirão os docentes de lutar pelos seus direitos.
Além das questões salariais, os professores reclamam ajustes na Tabela Salarial Única (TSU), um sistema que deveria promover a igualdade, mas que tem gerado controvérsias desde a sua implementação. A falta de solução para estas demandas exacerba um ambiente já fragilizado, com o MINEDH a enfrentar um dilema crescente.
O agendamento de exames especiais para estudantes das 10.ª e 12.ª classes surge como uma tentativa de minimizar os danos causados pelas greves e pelos protestos pós-eleitorais. Contudo, o cumprimento desta agenda permanece incerto. Os exames, previstos para 20 a 24 de Janeiro, podem não acontecer caso as reivindicações dos professores não sejam atendidas a tempo.
Este panorama é agravado por um contexto político conturbado. Desde a proclamação de Daniel Chapo como Presidente da República em Dezembro, as tensões nas ruas mantêm-se elevadas. Manifestações lideradas por apoiantes de Venâncio Mondlane, candidato derrotado nas eleições, têm resultado em confrontos violentos com as forças de segurança, que contabilizam centenas de mortos, feridos e detenções.
A conjugação destes factores coloca o sector educativo numa encruzilhada. O Governo, pressionado a atender às exigências dos professores, precisa equilibrar as contas públicas e mitigar os impactos da crise política. Enquanto isso, os estudantes enfrentam incertezas quanto à realização dos exames e ao início do novo ano lectivo.
O desfecho desta situação permanece imprevisível, mas uma coisa é clara: a crise na educação não é um problema isolado, mas sim um reflexo das tensões políticas e económicas que atravessam Moçambique. A forma como o Governo e os professores irão gerir este impasse será determinante para o futuro imediato do sistema de ensino e para a coesão social do país.
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