Cultura de “mão estendida” estimula cada vez mais a dependência

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Como medidas de prevenção e combate do novo coronavírus, académicos sustentam que os países subdesenvolvidos, como é o caso de Moçambique, deviam apostar mais nas suas comunidades em detrimento do pedido de ajuda externa, pois essa postura de mão estendida estimula ainda mais a dependência dos países carenciados e legitima a hegemonia dos ditos países parceiros de cooperação.

Desde que eclodiu a pandemia da COVID-19, a par de vários países subdesenvolvidos, Moçambique mereceu apoios financeiros dos seus tradicionais parceiros de cooperação para que a crise económica não atinja níveis demasiadamente críticos.

Instituições como Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, Fundo Monetário Internacional, entre outros, disponibilizaram para o país, nos diferentes sectores, diversos apoios, entre financeiros e materiais.

Aliás, mesmo antes dos parceiros de cooperação predisporem-se em apoiar, O Governo já tinha soltado o grito de socorro, solicitando USD 700 milhões para a prevenção e combate do novo coronavírus.

Para o académico e reitor da Universidade Técnica de Moçambique, Severino Ngoenha, esta atitude, por si só, mostra o quão é urgente substituir o conceito de desenvolvimento por envolvimento.

Ou seja, Ngoenha advoga que é preciso envolver mais as comunidades na procura de soluções em detrimento daquilo que chama de cultura de “mão estendida”.

Para Ngoenha, foi infeliz por parte do Governo, por exemplo, ao sub-aproveitar o activismo dos estudantes universitários que ao longo do período do Estado de Emergência ficaram sem poder ir à escola, preferindo soluções de prevenção e combate contra a COVID-19 no exterior.

 

As lições da COVID-19

Para o académico Severino Ngoenha, uma das lições deste momento difícil é que Moçambique deve adoptar medidas para que a sua economia alimentar esteja centrada no país.

O académico vai mais longe, afirmando que a COVID-19 é uma lição para a nossa postura, enquanto país, na região. Sustenta o docente universitário que um dos males da cooperação na SADC é a adopção do sistema económico, que nos torna dependentes da África do Sul, e cita exemplos da União Europeia, como um modelo inspirador.

Ngoenha afirma ser imperioso a existência de políticas que protejam produtos nacionais e que incrementem a produção local, pois só dessa maneira teremos um país robusto economicamente.

 

 

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