Dólar atinge o nível mais alto desde 2022 com expectativas de menos cortes pelo Fed

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O dólar norte-americano registou o nível mais alto em mais de dois anos, impulsionado pela indicação do Federal Reserve (Fed) de um abrandamento no ritmo de flexibilização monetária para o próximo ano.

O Bloomberg Dollar Spot Index subiu 0,9% na quarta-feira, alcançando o patamar mais elevado desde 2022. A valorização provocou quedas nas principais moedas globais: o euro, a libra esterlina e o franco suíço desvalorizaram 1% frente ao dólar, enquanto o yuan offshore caiu para o nível mais baixo desde 2023.

Desempenho do dólar em 2024

O índice do dólar acumulou uma valorização superior a 7% no ano, destacando-se como o melhor desempenho anual desde 2015. “Com os dados económicos a surpreenderem positivamente, as expectativas em relação ao Fed tornaram-se mais restritivas, sustentando a força do dólar”, explicou Skylar Montgomery Koning, estrategista de câmbio do Barclays.

Na reunião de quarta-feira, o Fed reduziu as taxas de juros em 0,25 pontos percentuais e sinalizou mais dois cortes em 2025. O presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que os decisores podem agora agir com maior prudência em futuros ajustes nas taxas.

Impacto das políticas económicas e comerciais
Dados recentes levantaram preocupações de que a inflação esteja a estabilizar acima da meta de 2% do Fed. A projeção mediana para a inflação no final do próximo ano aumentou de 2,1% em setembro para 2,5%. Helen Given, trader de câmbio da Monex, observou que “o Fed parece estar a considerar o impacto potencial das novas políticas comerciais, refletido no aumento da projeção mediana para a inflação”.

As promessas do Presidente eleito Donald Trump de impor tarifas rígidas a vários parceiros comerciais dos EUA também impulsionaram o rally do dólar. Este movimento foi reforçado pelo desempenho económico superior dos EUA em comparação com outras nações, enquanto muitos bancos centrais globais enfrentam a necessidade de reduzir agressivamente os custos de financiamento para estimular o crescimento económico.

Paresh Upadhyaya, diretor de estratégia de rendimento fixo e câmbio da Amundi US Inc., comentou que “os detalhes das declarações do Fed foram indiscutivelmente restritivos, o que contribui para a amplificação do crescimento excepcional dos EUA e um dólar mais forte”.

Impacto nos mercados emergentes

Na quarta-feira, o índice das moedas dos mercados emergentes recuou 0,4%, atingindo o nível mais baixo desde agosto. O real brasileiro desvalorizou cerca de 3% em relação ao dólar, refletindo as crescentes preocupações com a crise fiscal no Brasil.

Brendan McKenna, economista de mercados emergentes do Wells Fargo, previu um fortalecimento considerável do dólar ao longo de 2025, estimando uma valorização média entre 5% e 6% face às moedas do Grupo dos Dez (G10).

Contudo, muitos analistas de Wall Street antecipam que o dólar atinja o pico em meados de 2025, seguido de um declínio gradual à medida que os cortes de juros em outras partes do mundo comecem a revitalizar o crescimento económico fora dos EUA.

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