Economia De Moçambique Enfrenta Nova Crise: Ibraimo Mussagy Lança Alerta Sobre Vulnerabilidades Estruturais E Defende Reformas Urgentes

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A segunda edição da obra aprofunda a análise das fragilidades da economia nacional, revela o impacto humano das desigualdades e propõe caminhos estratégicos para que o país reencontre estabilidade, crescimento e inclusão num contexto global cada vez mais incerto.

Questões-Chave:
  • O livro descreve a “nova crise” como um ciclo de choques interligados — da pandemia à pressão cambial, das desigualdades aos riscos globais — que expõem fragilidades históricas da economia moçambicana;
  • Mussagy analisa pobreza, desigualdade e informalidade como dimensões centrais da vulnerabilidade económica, com forte impacto sobre famílias e territórios;
  • A obra enfatiza a necessidade de reformas profundas, diversificação produtiva, maior robustez institucional e políticas económicas consistentes;
  • O autor discute ainda volatilidade cambial, dependência das exportações primárias e o papel do Banco de Moçambique num ambiente de tensões monetárias;
  • A reflexão sobre o Fundo Soberano e os mecanismos públicos de redução da pobreza aponta para a urgência de uma visão estratégica de longo prazo.

A segunda edição de Economia de Moçambique e os Desafios da Nova Crise, de Ibraimo Hassane Mussagy, chega num momento em que o país procura equilibrar crescimento, estabilidade e inclusão social depois de sucessivos choques. A obra, revista e ampliada, oferece um diagnóstico rigoroso das vulnerabilidades estruturais da economia e lança um apelo à construção de um novo modelo de desenvolvimento capaz de responder às incertezas nacionais e globais. 

A Nova Crise: Um Ciclo De Choques Que Expõe Fragilidades Históricas

Mussagy descreve a “nova crise” como o resultado da intersecção entre fenómenos recentes — pandemia, pressão cambial, desigualdades crescentes e incertezas internacionais — e fragilidades antigas que nunca foram plenamente corrigidas. O prefácio realça que o país enfrenta hoje “um verdadeiro ABC de um país em busca de caminhos sustentáveis de desenvolvimento”, num ambiente onde choques externos rapidamente se transformam em tensões internas. 

Esta abordagem mostra que a crise não é episódica: é estrutural, persistente e multifacetada.

Fragilidade Das PME, Informalidade E Tensões Do Mercado Cambial

A obra aprofunda o impacto da pandemia sobre as pequenas e médias empresas, não como um episódio conjuntural, mas como uma radiografia das vulnerabilidades empresariais do país. Mussagy revela que, apesar das dificuldades, muitas PME demonstraram capacidade de adaptação e inovação — sinal de que a resiliência económica depende tanto de políticas públicas consistentes como da criatividade dos agentes económicos. 

Ao abordar a economia informal, o autor mostra uma compreensão rara da realidade económica para além das estatísticas. O retrato do bairro da Munhava e das carpintarias da Beira traduz uma economia que se sustém diariamente através de engenho e esforço, mas que permanece invisível para o desenho de políticas económicas estruturais. 

A pressão cambial e as crises monetárias são analisadas com rigor, articulando o papel do Banco de Moçambique, a dependência de exportações primárias e a influência de grandes projectos. É um dos capítulos mais fortes do livro, revelando um país cuja vulnerabilidade externa condiciona decisões internas fundamentais. 

Pobreza E Desigualdade: A Economia Com Rosto Humano

Um dos contributos mais relevantes da obra é o tratamento da pobreza e desigualdade como dimensões humanas da economia, e não apenas estatísticas. Mussagy demonstra que por detrás de cada percentagem “há famílias, territórios e histórias” que revelam o impacto concreto das políticas públicas. Esta abordagem confere ao livro uma dimensão ética rara, aproximando a economia do quotidiano das pessoas. 

Reformas Estruturais, Diversificação E Visão Estratégica Para O Futuro

O livro culmina com propostas que procuram responder a estas fragilidades estruturais. Mussagy defende, designadamente, um Estado capaz de gerir com transparência e planificar com visão, uma economia menos dependente de matérias-primas e mais orientada para cadeias de valor produtivas, políticas industriais consistentes, reinvenção institucional e fortalecimento do sector empresarial e, uma melhor gestão das receitas dos recursos naturais através de um Fundo Soberano robusto e transparente. 

A obra é apresentada como um convite a repensar o modelo económico, através de perguntas essenciais:
“Que economia queremos construir? Que modelo de desenvolvimento serve melhor à nossa realidade? Como equilibrar crescimento com equidade, eficácia com justiça, estabilidade com inclusão?” 

Uma Obra Que Liga Economia, Sociedade E Destino Nacional

O prefácio define o livro como “mais do que uma obra de economia — uma leitura sobre o próprio destino nacional”.
Cada capítulo liga-se ao seguinte, compondo uma visão integrada sobre os desafios estruturais que moldam Moçambique e oferecendo pistas para transformar vulnerabilidades em oportunidades.

Combinando rigor técnico, sensibilidade social e visão estratégica, a obra de Ibraimo Mussagy posiciona-se como uma reflexão indispensável num país que enfrenta uma encruzilhada histórica. Ao identificar vulnerabilidades e propor caminhos, o autor desafia Moçambique a construir uma economia mais justa, produtiva e resiliente num cenário global cada vez mais incerto.

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