
Eduardo Neves: “Actualidade Económica de Moçambique”, não traz nada de novo, reflecte uma tendência global
Entrevistado pelo O.Económico, na sequência do mais recente pronunciamento do Grupo Banco Mundial, no qual recomenda que Moçambique deve proceder a inflexão do paradigma de orientação económica, priorizando o sector de serviços, o economista Eduardo Neves, considerou que “a recomendação procede, porém não trás nada de novo, pois é uma questão teórica, mas também é uma questão empírica”.
Referindo-se, especificamente a questão teórica, Eduardo Neves disse que, uma economia que pretende crescer deve apostar, ou investir em sectores mais produtivos, citando dados históricos desde a altura da revolução industrial, que revelam que as economias que mais avançam tendem a ser são aquelas que se encontram atreladas ao sector de serviços.
O economista, recordou que em tempos passados, a agricultura era o sector base, e ocupava um espaço muito grande, portanto, acima de 50%.
“Só para dar alguns dados do que estou a dizer, em termos médios a agricultura passou de 50%, para actuais 4% da mão-de-obra ocupada, ou seja, a força de trabalho ocupada pela agricultura ao nível global actualmente é em média de cerca de 4%, e o sector secundário, a manufactura, que foi o sector globalmente dominante em tempos, actualmente anda em volta de 30 a 40%.”
“Porém com o processo da industrialização, transformação, cadeia de valor nos processos produtivos, o sector de serviços passou a encenar o papel de principal actor nas economias, ou seja, ocupou o plano principal”, enfatizou Eduardo Neves.
Eduardo Neves, realçou que o sector de serviços actualmente tem maior peso em termos de contribuição para o PIB de forma global, porque é o sector o mais produtivo.
“Só para termos uma ideia do que estou a dizer, “ o que 100 trabalhadores fazem na agricultura, pode ser feito por uma pessoa que está no sector de serviços, em termos de contribuição para economia”. Explicou.
É por isso que o economista e docente universitário, afirma que o relatório da actualidade económica do Banco Mundial não traz nada de novo, pois o seu conteúdo reflecte uma tendência global.
Eduardo Neves observa que nesta fase em que o mundo tende a migrar para a IV revolução industrial, em que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) passarão a ser elemento chave nas economias, proporcionarão muita eficiência nas diversas fases produtivas das economias, pois há muita coisa que será feita de forma remota, vai fazer com que a maior parte dos serviços sejam ainda mais produtivos, pois a inteligência proporcionada pelas inovações neste sector irão permitir que apenas um trabalhador, de forma remota possa executar múltiplas tarefas, e igualmente de forma remota possa estar presente em vários quadrantes do mundo.
Nessa perspectiva, o economista concorda que, se Moçambique quer efectivamente se inserir neste “comboio”, deve criar meios para melhorar este sector, de modo a capitalizar os benefícios derivados do sector de serviços, ciente de que Moçambique ainda está desenquadrado em relação a tendência global, pois ao nível global os serviços ocupam em média 74% da força de trabalho.
Todavia, Eduardo Neves frisou que a sugerida mudança de paradigma (da agricultura para os serviços) é complexa, porque boa parte da população moçambicana é rural, “e não temos alternativas imediatas que possam tirar este grosso da força de trabalho da agricultura, para os sectores mais produtivos”.
“Contudo, essa é que deve ser a aposta, o País deve libertar cada vez mais maior número possível da força de trabalho do sector agrícola para o sector de serviços, pois não constitui novidade a ninguém que a agricultura em Moçambique é de baixa produtividade. Afirmou Eduardo Neves.
“Por outro lado, o país conta também com uma localização geográfica privilegiada para exploração de serviços como transporte, que pode constituir um vector para impulsionar o crescimento da economia, ou ainda, um enorme potencial no sector do turismo que pode servir de força motriz para alavancar esta economia, pois temos uma vasta costa, recursos florestais e faunísticos extraordinários”, disse o economista.
“Com isso não quero dizer que a agroindustrialização tem que ser regalada ao segundo plano, não quero com isso dizer que devemos negligenciar o sector da agricultura”. Concluiu.
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