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Fintechs: O desejo de sair da disrupção para a erupção

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Volvidos, cerca de três anos após o Banco de Moçambique ter lançado o conceito de Fintechs (tecnologia aplicada a área financeira), que deu azo a criação da Associação Moçambicana das Fintech, em 2019, antes da pandemia, João Gaspar, Presidente da Associação Moçambicana das Fintechs, apresenta um balanço francamente positivo em termos de evolução deste sector emergente, porém ainda satisfatório do ponto de vista de impacto no mercado, na medida em que o mercado ainda é constituído por poucos empresas.

Os números do sector começam a ser expressivos. “Sabemos que vão começar a ter impacto na economia digital e no desenvolvimento da inclusão financeira e social das populações”, disse em entrevista ao O.Económico. Joao Gaspar, Presidente da Associação Moçambicana das Fintechs.

“Moçambique não está ainda na linha da frente do continente africano em termos de soluções Fintech a operar no mercado. Mas temos assistido a um desenvolvimento muito positivo nos últimos 3 anos com várias edições da SandBox regulatória do Banco de Moçambique e também da publicação das primeiras leis que enquadram a prestação destes serviços”. Observou Joao Gaspar

Conforme nos garantiu o President das Fintechs moçambicanas, assiste-se a um crescente interesse em empresas nacionais e internacionais em querer entrar no mercado moçambicano estando várias em processo de licenciamento no banco central.  

“Acreditamos que este ano pode ser um ano de mudança e vamos certamente assistir a novos players e soluções a aparecer no mercado, e com isso vamos começar a por Moçambique no mapa africano e mundial das Fintechs.

“Acreditamos que também em Moçambique vamos assistir à mudança do paradigma da “disrupção” trazida pelas Fintechs para a “erupção” das Fintechs pelo aparecimento de cada vez mais empresas e soluções no mercado”, confessou João Gaspar.

Não obstante a tendência positiva que se testemunha, o sector tem consciência que ainda existe alguns constrangimentos que têm impacto na actividade das Fintechs em Moçambique:

 As Fintechs clamam por celeridade e proactividade na regulação, pois, existe a percepcao da necessidade de novas leis para enquadrar algumas actividades das Fintechs que neste momento condicionam a sua operação. “Outras leis, ou revisões das actuais, que permitam agilizar os processos de abertura e utilização de contas digitais, tanto para clientes individuais como para MPMES, e também sistematizar com maior rigor os processos de acesso e utilização dos serviços da rede única nacional SIMO”, uma infraestrutura considerada essencial para a interoperabilidade plena entre operadores financeiros e diversidade dos serviços que as Fintechs pretendem prestar.

“ Importa ainda rever os condicionalismos de utilização de infra-estruturas informáticas em cloud no estrangeiro para o processamento de transacções financeiras. Esta condicionante tem impacto na inovação de serviços, na segurança das soluções e nos custos, que influenciam as comissões pagas pelo cliente final. Esta questão do uso de soluções em Cloud é considerada um factor determinante para a competitividade quer a nível nacional, mas também como país a nível internacional. É por isso um dos factores críticos que gostaríamos de ver resolvido durante este ano.”. Acrescentou.

Para a Associação Moçambicana das Fintechs, considerando o término da primeira Estratégia Nacional de Inclusão Financeira, que durou seis anos, “importa agora lançar novas medidas estratégicas para acelerar a adopção e uso dos serviços financeiros digitais”.

As Fintechs desesperam por essas medidas. A ausência delas, inibe o desenvolvimento do sector ao rimtomo caractetistico e desejado

Não estou satisfeito. Acho que se pode fazer muito mais, e tem que se fazer muito mais, em prol daquilo que é o desenvolvimento da economia digital do país e da inclusão financeira, que é um grande desafio que temos, que é o desígnio governamental e de todos nós, que é trazer mais moçambicanos para dentro do sector formal, económico, através de contas móveis através de contas bancárias, participar mais na chamada economia digital, transformar os meios de pagamento e os meios de dinheiro físico em processos digitais”. Reacou Joao Gaspar

Instado a especificar os desafios, João Gaspar, apontou três grandes áreas que são obstáculos a um desenvolvimento mais acelerado das fintechs em Moçambique, designadamente, o processo regulatório e de licenciamento que tem sido muito moroso e fica por corrigir. “ Porque as duas únicas empresas licenciadas levaram dois anos para obter a licença depois de sair a lei, o que de facto não é compatível com o que queremos fazer em termos de acelerar a economia, acelerar a inovação e aparecer novas soluções no mercado”. Justificou. O outro aspecto é a necessidade de diminuir o compliance ou os requisitos que são pedidos às empresas fintechs: “porque não se pode pedir a uma empresa que está a começar e que está em dez clientes, o mesmo tipo de requisitos de compliance, de licenciamento, de estrutura de empresa que se pede a um banco ou uma carteira móvel”, lamentou Joao Gaspar.

O Outro desafio “também importante” ao desenvolvimento do sector das fintechs é o acesso ao financiamento e acesso ao capital: “a actividade da fintech são soluções de longo prazo, de médio e longo prazo.  

“O ano passado foram investidos mais de 2,5 mil milhões U$S em fintechs em África, só em África, e para Moçambique veio zero”

Porém, segundo disse, não é o caso isolado de Moçambique. É a situcao em África, em geral, exceptuando quatro ou cinco países de topo, que é a Nigéria, o Egipto, o Gana, o Quénia e a África do Sul.

O terceiro ponto, desafio apontado, é “um pouco a falta de capacidade destas pequenas empresas de sustentarem os seus técnicos e os seus talentos”. Um situação que cria descontinuidades na prestação das empresas e, consequentemente risco de sobrevivência no mercado.

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