
Imprensa Internacional Ecoa FID do Coral Norte: Moçambique Afirma-se Como Polo Estratégico de GNL
- O programa Be Like a Woman concluiu a sua segunda edição com 57 novas graduadas em liderança e negócios;
- Mulheres participantes começam a aceder a investimento estrangeiro e a ocupar posições de direcção e influência;
- Desafios persistem: liderança, confiança, acesso ao financiamento e barreiras culturais;
- O projecto articula-se com parceiros do sector privado e planeia uma nova fase de replicação em larga escala;
- Tânia Saranga defende um modelo de empoderamento contínuo, sustentável e com visão para políticas públicas.
A decisão final de investimento (FID) do projeto Coral Norte, liderado pela italiana ENI e avaliada em 7,2 mil milhões de dólares, mereceu destaque em alguns dos mais influentes meios de comunicação internacionais e especializados no setor energético. Para a imprensa, o anúncio representa um momento transformador para Moçambique: além de duplicar a capacidade de exportação de gás natural liquefeito (GNL), projeta o país como um ator estratégico na geopolítica da energia, no preciso momento em que a Europa e a Ásia procuram fornecedores alternativos ao gás russo.
O que diz a imprensa internacional
Reuters: “Um marco estratégico”
A agência Reuters considera que o Coral Norte é “um marco estratégico” para Moçambique, não apenas pela escala do investimento, mas porque reforça a confiança de investidores internacionais num país marcado por instabilidade política e desafios de segurança em Cabo Delgado. O projeto é também visto como um sinal de que os grandes players da energia acreditam na resiliência do mercado moçambicano de GNL.
Bloomberg: Moçambique no pódio africano
A Bloomberg sublinha que a nova unidade flutuante permitirá produzir 3,6 milhões de toneladas/ano, replicando o modelo do Coral Sul, já em funcionamento. A agência assinala que, com esta expansão, Moçambique se tornará o terceiro maior produtor africano de GNL, atrás da Nigéria e de Angola, reforçando a sua posição no mapa global da energia.
Financial Times: Energia e geopolítica
O Financial Times contextualiza o FID na geopolítica atual, apontando que o Coral Norte terá um papel central no esforço europeu de diversificação das fontes de energia, após a quebra drástica das importações russas. O jornal assinala que o projeto reforça a relevância geoestratégica de Moçambique, não só como produtor, mas também como país emergente no tabuleiro da segurança energética global.
Argus Media e Energy Intelligence: A importância de replicar modelos
A Argus Media realça que a opção por replicar o Coral Sul reduz significativamente os riscos de execução e acelera os prazos de entrega, permitindo à ENI capitalizar ganhos de experiência e custos já amortizados. A Energy Intelligence observa que este modelo modular poderá tornar-se referência para outros projetos globais, ao equilibrar escalabilidade e resiliência financeira.
Upstream Online: O contraste com a TotalEnergies
Enquanto o Coral Norte avança, o Upstream Online enfatiza que o projeto Mozambique LNG da TotalEnergies continua paralisado, em espera pelo levantamento da força maior decretada em 2021. O contraste entre os avanços da ENI no offshore e as dificuldades do onshore é um dos pontos mais destacados pela imprensa especializada, que vê no Coral Norte um sinal inequívoco de confiança internacional.
Implicações económicas e estruturais
O anúncio tem implicações diretas para a economia moçambicana:
- Receitas fiscais: espera-se um incremento substancial nas receitas do Estado a partir da década de 2030, quando o projeto estiver em plena operação.
- Emprego e empresas locais: a ENI sublinha que o Coral Norte dará prioridade a contratos com empresas moçambicanas, em setores como logística, manutenção e serviços técnicos.
- Balança de pagamentos: com o Coral Norte e o Coral Sul operacionais, as exportações de GNL poderão tornar-se o principal motor da balança comercial moçambicana.
- Efeito catalisador: analistas apontam que a decisão da ENI pode desbloquear outras iniciativas, nomeadamente a retoma do Mozambique LNG (TotalEnergies) e o avanço do projeto da ExxonMobil, avaliado em 30 mil milhões de dólares.
Riscos e desafios
Apesar do optimismo, a imprensa internacional não deixa de alertar para riscos:
- Segurança em Cabo Delgado: embora o Coral Norte seja offshore, a instabilidade no norte de Moçambique continua a afetar a perceção de risco dos investidores.
- Volatilidade dos preços: analistas lembram que os preços globais do petróleo e do gás enfrentam pressões de sobreoferta, como se tem visto com a recente queda acentuada do Brent e do WTI.
- Gestão das expectativas sociais: o desafio do Governo será garantir que as receitas do gás resultem em desenvolvimento inclusivo, mitigando riscos de desigualdade e tensões sociais.
A decisão da ENI de avançar com o Coral Norte foi recebida como um voto de confiança no potencial de Moçambique e uma aposta no futuro do gás natural como combustível de transição. Para a imprensa internacional, o projeto é mais do que um investimento energético: é um passo geopolítico que coloca o país no radar das grandes potências e empresas, num momento de reconfiguração do mercado global de energia.
Se o Coral Norte se cumprir dentro dos prazos previstos e com o impacto económico esperado, Moçambique poderá, na próxima década, transformar-se de um mercado emergente em player central do GNL mundial — uma mudança estrutural com profundas implicações económicas e políticas.
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