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Inflação em Moçambique: Um retrato de 2024 e os desafios para 2025

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O ano de 2024 encerrou com uma inflação acumulada de 4,15% em Moçambique, destacando uma pressão inflacionária moderada no Índice de Preços no Consumidor (IPC). A média anual foi de 3,20%, reflexo de um ano marcado por desafios logísticos e estruturais na economia. Em Dezembro, o aumento mensal da inflação atingiu 1,60%, impulsionado principalmente pelo aumento nos preços de alimentos e bebidas, tradicionalmente associados à época festiva.

O último mês do ano registou aumentos acentuados em produtos básicos, como o tomate (+21,4%), a cerveja consumida fora de casa (+10,3%) e o carapau (+7,5%). Estes itens exerceram uma pressão significativa sobre o IPC, contribuindo com 1,16 pontos percentuais para a variação total de Dezembro. Apesar de alguns produtos, como limões (-8,9%) e roupas infantis, terem registado reduções nos preços, estas não foram suficientes para contrariar a tendência geral de alta.

Análise regional e sectorial

As dinâmicas inflacionárias variaram consideravelmente entre as regiões moçambicanas. Quelimane registou a maior inflação acumulada (4,98%), refletindo uma pressão acentuada nos preços locais. Outras cidades, como Xai-Xai (4,42%) e a Beira (4,33%), também apresentaram aumentos significativos. Em contrapartida, Maputo teve uma inflação acumulada mais baixa (3,85%), enquanto Inhambane apresentou o menor aumento (3,26%). Estas diferenças regionais evidenciam os impactos diferenciados dos custos logísticos e da acessibilidade a bens essenciais, especialmente em cidades costeiras onde itens como peixe exercem um peso significativo no orçamento das famílias.

Ao longo do ano, os aumentos foram mais pronunciados nas categorias de Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas, que contribuíram com 2,72 pontos percentuais para a inflação acumulada, e Restaurantes e Hotéis, com 0,64 pontos percentuais. Produtos como peixe seco, feijão manteiga, arroz e refeições consumidas fora de casa destacaram-se como os principais impulsionadores desta dinâmica.

Implicações para 2025

Os dados de 2024 evidenciam vulnerabilidades estruturais da economia moçambicana, particularmente na produção interna de alimentos e na dependência de importações. Este cenário é agravado pela volatilidade dos preços globais de alimentos e combustíveis, bem como pela fragilidade do metical, que impacta diretamente os custos de bens importados.

Para 2025, as perspectivas de inflação dependerão de vários fatores interligados. A implementação de reformas económicas que fortaleçam a produção agrícola e reduzam a dependência de importações será fundamental. Adicionalmente, as condições dos mercados internacionais, especialmente no que diz respeito aos preços de alimentos e combustíveis, continuarão a influenciar significativamente o IPC. A estabilidade do metical também desempenhará um papel crucial no controlo da inflação, especialmente num cenário global ainda marcado por incertezas económicas e geopolíticas.

Caminhos para a estabilidade

Para mitigar os impactos da inflação e promover um crescimento económico sustentável, Moçambique precisa adotar uma abordagem integrada. Investimentos na diversificação da economia, na modernização da agricultura e em políticas eficazes de controlo de preços são essenciais. Além disso, o fortalecimento das infraestruturas logísticas pode reduzir os custos de transporte e distribuição, aliviando a pressão sobre os preços regionais.

À medida que 2025 avança, o desafio de Moçambique será não apenas conter a inflação, mas também criar condições para um crescimento inclusivo que beneficie todos os segmentos da população, especialmente os mais vulneráveis. A adoção de políticas económicas robustas e a implementação de reformas estruturais podem transformar as vulnerabilidades actuais em oportunidades de desenvolvimento sustentável.

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