Lucros Crescem, Mas Margens Mantêm-Se Baixas: Aviação Mundial Entra Em 2026 Com Rentabilidade Moderada

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A IATA prevê um lucro líquido global de 27,5 mil milhões de dólares em 2026, apoiado num volume recorde de passageiros e redução da inflação, mas alerta para riscos persistentes, custos elevados e uma rentabilidade estruturalmente frágil.

Questões-Chave:
  • IATA revê em alta os resultados de 2025 e projecta lucro líquido global de 27,5 mil milhões de dólares para 2026;
  • Margem líquida prevista é de apenas 2,9% — uma rentabilidade considerada fraca face ao risco operacional do sector;
  • Receita total da indústria deverá atingir 996 mil milhões de dólares, impulsionada por 5 mil milhões de viagens aéreas;
  • Carga aérea estabiliza após três anos de volatilidade, com recuperação gradual da procura;
  • Riscos macroeconómicos, preços do combustível, capacidade das cadeias de abastecimento e inflação continuam a pressionar custos.

A aviação comercial deverá fechar 2026 com um lucro líquido global de 27,5 mil milhões de dólares, segundo a mais recente previsão financeira da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Embora o desempenho represente uma melhoria face a 2025, a margem líquida permanece baixa, situando-se em 2,9%, o que evidencia a vulnerabilidade estrutural de um sector que continua exposto a choques económicos, volatilidade nos combustíveis e pressões de custos.

 

Procura Aérea Mantém Expansão, Sustentando as Receitas da Indústria

A procura global por transporte aéreo deverá atingir níveis históricos, com a IATA a estimar cinco mil milhões de viagens em 2026. O fluxo de passageiros permanece o principal motor de receitas, que deverão crescer para 996 mil milhões de dólares, aproximando a indústria da barreira simbólica dos 1 bilião de dólares.

O crescimento é sustentado pela normalização pós-pandemia, pela mobilidade corporativa em recuperação e pelo aumento das viagens de lazer. A melhoria do poder de compra em alguns mercados desenvolvidos também contribui para a resiliência da procura. Ainda assim, o sector mantém-se sensível às incertezas macroeconómicas, podendo sofrer erosão rápida caso ocorram choques na economia global.

Lucros Elevam-Se, Mas Margens Ficam Muito Abaixo de Outros Sectores

Apesar da expansão das receitas, a rentabilidade global permanece modesta. Uma margem líquida de 2,9% significa que, em média, as companhias aéreas deverão ganhar menos de três dólares por cada 100 dólares de receita. A própria IATA sublinha o paradoxo da aviação moderna: uma indústria que movimenta quase um bilião de dólares em receitas, mas com margens que não reflectem o elevado risco operacional e os custos de capital envolvidos.

A comparação é ilustrativa: empresas tecnológicas lucram mais com a venda de um único acessório do que uma companhia aérea ganha por transportar um passageiro, nota a associação.

Combustível e Inflacção Continuam Entre os Principais Factores de Risco

O combustível de aviação deverá representar cerca de 28% dos custos operacionais totais em 2026, continuando a ser um dos factores mais determinantes na rentabilidade. A volatilidade do preço do petróleo e a limitação da oferta de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) aumentam a incerteza.

A inflação, embora em desaceleração, continua acima da média histórica em várias economias, pressionando custos laborais, manutenção, seguros e serviços aeroportuários. Os desafios logísticos globais — incluindo constrangimentos em cadeias de abastecimento — também afectam a disponibilidade de aeronaves e peças, prolongando prazos de manutenção.

Carga Aérea Entra Numa Fase de Estabilização

Após três anos de forte volatilidade provocada pela pandemia, pela reorganização das cadeias logísticas internacionais e por choques geopolíticos, o segmento de carga aérea deverá estabilizar em 2026. A IATA prevê um equilíbrio gradual entre oferta e procura, apoiado na normalização do comércio internacional.

Ainda assim, a pressão sobre yields e a concorrência do transporte marítimo continuam a limitar o potencial de crescimento acelerado do sector.

Cenário Global Ressoa Como “Melhor, Mas Longe de Ser Ideal”

A previsão da IATA reflecte uma indústria que recuperou a escala, mas não plenamente a rentabilidade. A proximidade de receitas a um bilião de dólares cria a impressão de robustez, mas os custos elevados, a baixa margem e a exposição a riscos macroeconómicos impedem que a aviação atinja níveis de retorno comparáveis a outros sectores de capital intensivo.

A associação salienta que uma indústria saudável necessita de margens significativamente superiores para garantir investimentos sustentáveis em frota, inovação, eficiência operacional e transição energética.

A previsão financeira para 2026 confirma que a aviação global recuperou o seu dinamismo, mas continua aprisionada por estruturas de custo elevadas e margens demasiado estreitas. O sector avança para um novo ciclo de crescimento, mantendo-se dependente da estabilidade macroeconómica e da capacidade de promover eficiência operacional num ambiente de riscos persistentes.

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