Mais de cinquenta jovens procuram soluções tecnológicas sustentáveis para Agricultura

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  • Foi lançada, ontem (17/11), oficialmente a maratona do Hack4Moz, um evento que reúne criadores de software, designers e profissionais de diferentes áreas que colaboram com soluções tecnológicas e inovadoras para o desenvolvimento da agricultura em Moçambique.

 O evento já vai na sua 3ª edição e reúne 55 jovens, divididos em 11 grupos. Estes jovens têm a responsabilidade de criar soluções tecnológicas que vão permitir a sustentabilidade na cadeia de valor agrícola, desde a disponibilidade de informação para a tomada de decisões, o controlo de pragas, e a contenção de perda de produtos agrícolas.

A responsável de Desenvolvimento de Negócios e Relações Públicas e Institucionais, na Agência Nacional de Desenvolvimento Geo-espacial (ADE) Marlene Manave, disse que Moçambique tem muitos talentos, desde desenvolvedores de redes, desenhadores gráficos e programadores. E o foco é buscar soluções tecnológicas para atender a problemas reais de Moçambique.

“Posso dizer que eles estão disponíveis para desenvolver soluções para Moçambique e com essa iniciativa nós pretendemos trazê-los e permitir que as entidades ou os sectores que têm problemas, cuja resolução dependa de uma solução tecnológica possam usar esses jovens que temos aqui em Moçambique para desenvolver soluções moçambicanas dentro do contexto moçambicano e atendendo aquilo que são as reais necessidades dessas instituições. Então, nós hoje temos aqui cerca de 55 jovens, portanto, entre rapazes e raparigas e alguns adultos também que resultam de uma seleção que foi feita em cerca de 250 candidatos. Passaram por um processo de selecção que tinha a ver com eles apresentarem alguma experiência com o sector agrícola que, no caso específico, esta maratona tem a ver com a cadeia de valor da agricultura”.

Os melhores candidatos seleccionados vão entrar numa corrida de três dias sem parar, à procura de conceberem uma proposta de solução que resulta numa plataforma de engajamento de todos os actores que participam no processo de desenvolvimento agrícola.

“Estamos a falar, portanto, de produtores agrícolas, produtores de insumos ou vendedores, indústrias e estamos a falar de extensionistas, inclusive e seguradoras. Como é sabido, com os eventos climáticos que nós temos aqui em Moçambique, vários produtores perdem o seu trabalho, toda a sua produção e perdem efetivamente, porque eles não têm sequer seguros e isso é por falta de informação. Então, com esta plataforma, nós pretendemos criar uma janela para que todos aqueles que estão interessados no desenvolvimento agrícola possam partilhar informação, possam colaborar e ajudar se mutuamente”. 

O objectivo do evento é ter um conceito ou um protótipo do que pode ser uma plataforma de colaboração entre todos os actores que participam na cadeia de valor agrícola, segundo Marlene Manave.

“Depois deste evento é esperado, naturalmente, que essa solução seja desenvolvida. E é nossa responsabilidade procurar apoios e recursos e apoiar esses jovens que forem os melhores selecionados dentro desta sala para que sejam eles mesmos a desenvolver essa solução para Moçambique”.

Marlene Manave diz que a tecnologia é uma realidade em Moçambique e ninguém pode ficar de fora.

“ Hoje o mundo está aberto, Moçambique está de portas abertas para essa evolução tecnológica e nós acreditamos que vai favorecer. Os agricultores podem saber que a sua produção pode ser protegida por uma seguradora. Então essa informação estará disponível através dessa plataforma. Naturalmente, é preciso que essas pessoas sejam instruídas. É preciso que haja muitos eventos, muita informação que circula e passar-se esse conhecimento. E isso, portanto, nós hoje estamos aqui para promover as soluções, mas sabemos que tanto o governo como os parceiros de cooperação também estão aí a trabalhar com as populações no sentido de as ensinar. E o que nós queremos fazer é disponibilizar ferramentas que permitam a partilha dessa informação”.

Olinda da Costa é técnica de suporte informático e programação web e fala da ideia inovadora do seu grupo, ao mesmo tempo que diz que espera aprender, adquirir muita experiência no evento e vencer para trazer soluções para a agricultura no país.

“A ideia que nós trazemos está mais virada à falta de informação na área da agricultura. Nós pretendemos resolver um problema que tem a ver com o trazer novos agricultores à área e fazer com que  todo mundo possa estar na área da agricultura. Todo mundo possa ser um agricultor.  Não existem esse tabu só as pessoas que estão mais para o campo é que podem ter mais possibilidades de estar na área da agricultura. Queremos que os jovens engrenem mais na área da agricultura através da nossa solução”.

A solução proposta pelo grupo da Olinda da Costa vai funcionar via através de um chat, onde vai se disponibilizar a informação necessária para se fazer a interacção. “Nós vamos disponibilizar também outra inteligência que pode fazer com que possa ter o conhecimento de imagens, de qualquer tipo de planta”. 

Da Costa espera resolver o problema de mudanças climáticas no país, através da prevenção. O seu grupo vai criar um sistema de alerta sobre mudanças climáticas repentinas, favorecendo a tomada de decisões.

Arison Munguambe, é concorrente e pertence ao grupo Kudzima Safe, já fala de como quer contribuir para agricultura com uma ideia inovadora, caso passe.

“Para esta maratona guardo comigo uma expectativa positiva, estou muito animado e espero que corra tudo como planeado e consigamos já apresentar uma proposta de melhoria na área agrícola e que contribua para o desenvolvimento sustentável do nosso país”.

A aplicação preparada pelo Kudzima Safe tem duas vertentes, como explica Arison.

“A primeira vertente é o controle de pragas agrícolas, e a segunda é a detecção dessas tais pragas. Nós esperamos, com a nossa aplicação fazer o scan de plantas e ler todos os problemas que essas plantas têm. Mas nesse processo vamos criar uma base de dados em que nós vamos armazenar todas essas doenças e em que região estas se encontram. Nós sabemos, por exemplo, que com estatísticas como quantos agricultores temos, quais plantações costumam ser feitas numa determinada zona, nós também podemos saber quais são as pragas que afectam”.

Munguambe acredita que com a base de dados se pode preparar os agricultores sobre a aproximação das pragas e sobre a sua prevenção. O grupo pretende também ajudar as associações com o conhecimento sobre como ter plantações boas e saudáveis.

A maratona Hack4Moz, está inserida na Semana  dos Sistemas  de Informação Geográfica (GIS) e é promovida pela ADE com o patrocínio do Standarbank. A primeira jornada foi em 2019 com participação de 150 concorrentes de todo o país. 

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