Mercado Petrolífero Reage com Estabilidade ao Aumento da Produção da OPEP+ e à Pressão Climática no Canadá

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Questões-Chave:

  • Os preços do petróleo mantiveram-se estáveis, com oscilações marginais, após anúncio de aumento de produção pela OPEP+;
  • Redução da oferta canadiana devido a incêndios florestais equilibra os efeitos baixistas do aumento de produção;
  • As tensões comerciais e geopolíticas persistem como factores de incerteza nos mercados globais;
  • Exportações elevadas de petróleo russo e iraniano continuam a condicionar a previsibilidade do mercado.

Os preços do petróleo mantiveram-se relativamente estáveis na quarta-feira, com a pressão descendente causada pela próxima ronda de aumento da produção da OPEP+ a ser compensada pela suspensão da produção no Canadá, na sequência de incêndios florestais. A par destes factores, as tensões comerciais e os riscos geopolíticos continuam a lançar incerteza sobre os fundamentos do mercado global de energia.

Tendências de Preço e Reacção do Mercado

Às 09h05 GMT de quarta-feira, o Brent crude registava uma ligeira queda de 0,3%, fixando-se nos 65,45 USD por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) descia 0,3%, para 63,22 USD por barril. Ambos os índices de referência haviam subido cerca de 2% na terça-feira, atingindo máximos de duas semanas, impulsionados por receios de perturbações na oferta e pelas expectativas de rejeição iraniana de uma proposta nuclear dos EUA.

Segundo Janiv Shah, vice-presidente da Rystad Energy, a decisão da OPEP+ de desmobilizar 411 mil barris por dia (bpd) em Julho exerce uma pressão baixista sobre o mercado. Contudo, esta foi parcialmente compensada pela retirada de 344 mil bpd do Canadá, em consequência de incêndios florestais que afectaram a produção.

Geopolítica e Comércio Internacional: Tensões Ainda Latentes

As tensões entre os Estados Unidos e o Irão continuam a ser um factor estruturante. A possibilidade de o Irão rejeitar uma nova proposta de acordo nuclear limita a esperança de alívio nas sanções, o que manteria fora do mercado volumes significativos de exportação daquele país.

Simultaneamente, as exportações elevadas de petróleo russo e iraniano, apesar das sanções, alimentam incertezas quanto à eficácia dos instrumentos regulatórios ocidentais. Como referiu o analista Amarpreet Singh, do Barclays, “os riscos estão enviesados para o lado da subida” nos fundamentos do mercado.

Adicionalmente, o clima tenso entre Washington e Pequim voltou a agravar-se, após Donald Trump acusar a China de violar acordos de redução tarifária, sinalizando o possível regresso de medidas proteccionistas. A possibilidade de um diálogo directo entre Trump e Xi Jinping esta semana poderá trazer algum alívio aos mercados, embora o cenário permaneça incerto.

Equilíbrio Frágil com Viés Volátil

A actual estabilidade nos preços do petróleo esconde uma realidade frágil, marcada por choques climáticos na produção (como no Canadá), decisões estratégicas da OPEP+, e uma envolvente geopolítica altamente volátil. As próximas semanas serão determinantes para perceber se o mercado mantém este equilíbrio ténue ou se oscilações mais pronunciadas irão reflectir a crescente imprevisibilidade do contexto internacional.

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