
Moçambique Reduz Para Metade Fundos Retidos De Companhias Aéreas E Deixa Liderança Da Lista Da IATA
O país baixou de 176 para 78 milhões de euros em fundos bloqueados em seis meses, mas continua entre os mercados com maiores restrições cambiais à repatriação de receitas, num contexto de escassez de divisas e pressões sobre a conectividade aérea.
- Moçambique reduziu em 50% o volume de fundos retidos de companhias aéreas, passando de 176 para 78,2 milhões de euros;
- O país caiu da primeira para a quarta posição entre os mercados com maiores bloqueios, agora liderado pela Argélia;
- África e Médio Oriente concentram 93% de todos os fundos retidos no sector da aviação;
- A IATA alerta que as restrições cambiais comprometem operações, sustentabilidade financeira e conectividade aérea;
- A CTA já havia alertado que a falta de divisas estava a levar companhias aéreas a cortar frequências e limitar vendas no mercado moçambicano.
Moçambique reduziu para metade o volume de fundos de companhias aéreas bloqueados para repatriamento, caindo da primeira para a quarta posição no ranking da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Apesar da melhoria, o país mantém-se entre os mercados com restrições cambiais significativas, num contexto de escassez de divisas e pressão sobre a operação das transportadoras internacionais.
Moçambique Sobe No Ranking, Mas Problema Continua Relevante
Em junho, a IATA identificava Moçambique como o país com o maior volume de fundos retidos no sector da aviação, estimados em 205 milhões de dólares. Seis meses depois, esse montante caiu para 91 milhões de dólares, o equivalente a 78,2 milhões de euros, permitindo ao país sair do topo da lista. A Argélia passou a ocupar a primeira posição, com mais de 263 milhões de euros retidos, seguida de outros mercados africanos onde persistem limitações severas à disponibilização de divisas.
O decréscimo em Moçambique traduz a adopção de medidas para aliviar a pressão cambial sobre o sector, mas os valores continuam elevados face às necessidades operacionais das companhias, que dependem da conversão e expatriamento das suas receitas para garantir sustentabilidade financeira.
93% Dos Fundos Retidos Concentrados Em África E Médio Oriente
Segundo a IATA, quase toda a problemática global de fundos bloqueados tem origem em África e no Médio Oriente, regiões marcadas por escassez de moeda estrangeira, requisitos administrativos inconsistentes e atrasos prolongados na aprovação de transferências. A organização apelou aos governos para que levantem restrições à repatriação e cumpram obrigações previstas em acordos bilaterais de serviços aéreos.
O acesso às receitas em dólares norte-americanos é vital para que as companhias possam pagar fornecedores, manter aeronaves operacionais e assegurar conectividade aérea. A IATA recorda que, com margens reduzidas e custos elevados em moeda estrangeira, qualquer atraso ou bloqueio afecta directamente a sustentabilidade operacional das transportadoras.
A Falta De Divisas Já Estava A Afectar o Mercado Moçambicano
A CTA havia alertado em fevereiro que a insuficiência de divisas no mercado cambial nacional estava a provocar reduções de actividade por parte das companhias internacionais. Na altura, Muhammad Abdullah, responsável pelo pelouro do Turismo, sublinhou que várias transportadoras começavam a cortar frequências, aplicar tarifas mais elevadas em meticais e limitar vendas no país.
O caso da Ethiopian Airlines foi destacado como exemplo: apesar de manter a operação, passou a vender bilhetes apenas a partir do exterior, em moeda estrangeira, face às dificuldades de expatriar receitas geradas localmente.
Abdullah referiu ainda que, perante a falta de previsibilidade cambial, transportadoras internacionais tendem a reduzir exposição, o que levanta preocupações para um país cuja conectividade aérea é essencial ao turismo, investimento e integração económica regional.
Melhoria Sinaliza Progresso, Mas Persistem Riscos Estruturais
A redução dos fundos retidos representa um sinal positivo, mas não elimina o risco de novas pressões sobre o sector caso a escassez de divisas se mantenha. O desafio para Moçambique passa por equilibrar gestão cambial, assegurar previsibilidade para operadores internacionais e evitar que restrições à repatriação afectem a competitividade do país como destino de negócios e turismo.
A descida para metade dos fundos retidos revela progressos na gestão cambial, mas evidencia também a fragilidade estrutural de um mercado que continua sob pressão. Para assegurar conectividade e confiança das transportadoras, Moçambique terá de consolidar mecanismos que garantam acesso estável a divisas, num ambiente regional onde a aviação enfrenta desafios financeiros significativos.
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