Nyusi e Jinping reafirmam Cooperação Estratégica entre Moçambique e China num momento de reformulação das relações Sino-Africanas

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Os Presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e da China, Xi Jinping, reafirmaram, na última quarta-feira, 04/09, a importância da relação entre os dois países, classificando-a como “frutífera” e estratégica para o desenvolvimento de ambos. O encontro, realizado no Grande Palácio da Casa do Povo, em Pequim, sublinhou o compromisso de aprofundar a cooperação bilateral em áreas fundamentais como infraestruturas, energia e desenvolvimento económico, num contexto em que a China está a reformular a sua abordagem às relações com África.

 

Uma parceria em crescimento

Nos últimos 20 anos, a China tornou-se um dos principais parceiros económicos de Moçambique, com investimentos significativos em sectores como infraestruturas, mineração e energia. Em 2022, o volume de trocas comerciais entre os dois países ultrapassou os 2,6 mil milhões de dólares, consolidando a China como o maior importador de produtos moçambicanos, incluindo madeira, minerais e produtos agrícolas. Em contrapartida, Moçambique importa maquinaria, equipamentos industriais e bens de consumo do gigante asiático.

Um dos projectos mais emblemáticos desta parceria é a construção da Ponte Maputo-Catembe, financiada pela China com um custo de 785 milhões de dólares, sendo a maior do género em África. Além disso, a adesão de Moçambique à Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, em 2017, posicionou o país como um ponto estratégico no desenvolvimento de infraestruturas e no fortalecimento da conectividade regional.

 

A reformulação das Relações Sino-Africanas na equação 

No entanto, o encontro entre Nyusi e Xi Jinping decorre num momento em que a China está a reformular as suas relações com o continente africano. Ao longo da última década, o país asiático foi responsável por financiar grandes projectos de infraestruturas em África, que ajudaram a dinamizar as economias locais. Contudo, o modelo de financiamento baseado em empréstimos generosos está agora a ser revisto, num contexto de crescente preocupação com o endividamento excessivo de países africanos e o abrandamento económico da própria China.

A crise no sector imobiliário chinês e a redução do ritmo de crescimento económico têm pressionado Pequim a repensar a sua estratégia de expansão no exterior, focando-se em parcerias mais equilibradas e sustentáveis. No âmbito desta reformulação, a China está a reduzir os novos empréstimos e a favorecer abordagens como o refinanciamento da dívida em vez do seu perdão. Esta postura visa preservar os interesses económicos de Pequim enquanto mantém a sua influência diplomática em África.

Durante o encontro, Nyusi expressou o seu compromisso em manter relações multilaterais com a China, destacando o papel crucial de Pequim no desenvolvimento de infraestruturas em Moçambique. Ao mesmo tempo, reconheceu a importância das reformas internas promovidas por Xi Jinping, nomeadamente a erradicação da pobreza e o aprofundamento da reforma e abertura económica.




Desafios no horizonte

Apesar dos benefícios evidentes da cooperação sino-moçambicana, o crescente endividamento de Moçambique para com a China é um tema de preocupação. Nos últimos anos, a dívida externa de Moçambique aumentou significativamente, em parte devido aos grandes projectos financiados por Pequim. Durante a reunião, o Presidente Nyusi reiterou a sua solidariedade à China em questões internacionais, como o princípio de “Uma Só China”, ao mesmo tempo que sublinhou o seu apoio à política de “um país, dois sistemas” aplicada com sucesso em Hong Kong e Taiwan.

Especialistas alertam que, embora a China tenha sido um parceiro essencial para o desenvolvimento de Moçambique, o país precisa de gerir com cautela a sua carga de dívida. A dependência de empréstimos chineses pode colocar pressões adicionais sobre as finanças públicas, especialmente em tempos de choques económicos globais, como o que foi causado pela pandemia da COVID-19. A falta de uma solução para a questão da dívida pode minar a sustentabilidade a longo prazo da cooperação.

 

Oportunidades futuras num novo modelo de cooperação

Apesar dos desafios, o futuro das relações Moçambique-China continua promissor, especialmente com a reformulação da estratégia chinesa. A China está a orientar os seus investimentos para áreas de maior sustentabilidade e desenvolvimento, como a transição para energias renováveis. Moçambique, com os seus recursos naturais abundantes e localização estratégica, apresenta-se como um parceiro ideal para a China na implementação de projectos de energia limpa, como a Central Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, que deverá gerar cerca de 1.500 MW de energia.

A localização geográfica de Moçambique também é vista como um ponto-chave na expansão da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, permitindo à China aumentar a sua influência no comércio regional. O governo moçambicano tem vindo a apostar na melhoria das infraestruturas de transporte e logística, o que poderá fortalecer o papel do país como um hub comercial entre o Oriente e o Ocidente.

Além disso, a China tem demonstrado interesse em desenvolver projectos que não só fortaleçam a conectividade, mas que também gerem empregos e capacitem as populações locais, uma mudança de enfoque em relação aos grandes investimentos anteriores, muitas vezes criticados por não promoverem o crescimento económico inclusivo em África.

O encontro entre Filipe Nyusi e Xi Jinping reafirmou a importância estratégica da cooperação entre Moçambique e China, num momento em que Pequim está a ajustar a sua abordagem ao continente africano. A transição para um modelo de cooperação mais sustentável e equilibrado poderá beneficiar ambas as partes, desde que Moçambique consiga gerir eficazmente a sua dívida e maximizar as oportunidades de desenvolvimento que esta parceria oferece.

Com grandes oportunidades no horizonte, mas também com desafios significativos pela frente, Moçambique e China continuam comprometidos em aprofundar os seus laços. A cooperação entre os dois países será fundamental para o crescimento económico de Moçambique e para a consolidação do papel da China como um parceiro de desenvolvimento de África.

Este artigo combina as ideias originais com o contexto mais amplo da reformulação das relações China-África, destacando os desafios e as oportunidades emergentes nesta cooperação bilateral.

Os Presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e da China, Xi Jinping, reafirmaram na última quarta-feira, 04/09, a importância da relação entre os dois países, classificando-a como “frutífera” e estratégica para o desenvolvimento de ambos. O encontro decorreu no Grande Palácio da Casa do Povo, em Pequim, e foi marcado por discussões centradas no fortalecimento dos laços bilaterais e no compromisso de aprofundar a cooperação em áreas-chave, como infraestruturas, energia e desenvolvimento económico.

Nos últimos 20 anos, a China tornou-se o maior parceiro económico de Moçambique, com investimentos significativos em sectores como infraestruturas, mineração e energia. Em 2022, o volume de trocas comerciais entre os dois países ultrapassou os 2,6 mil milhões de dólares, consolidando a China como o principal importador de produtos moçambicanos, como madeira, minerais e produtos agrícolas. Do outro lado, Moçambique importa maquinaria e bens de consumo do gigante asiático, demonstrando a interdependência económica que se estabeleceu.

Entre os projectos mais emblemáticos desta parceria está a construção da Ponte Maputo-Catembe, financiada pela China, que, com um custo de 785 milhões de dólares, destaca-se como um marco no desenvolvimento das infraestruturas de Moçambique. Além disso, a adesão de Moçambique à Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, em 2017, sublinhou o compromisso de ambos os países em promover a conectividade global e o comércio através de infraestruturas de transporte, energia e comunicações.

Apesar do sucesso da cooperação sino-moçambicana, o encontro entre Nyusi e Jinping ocorreu num momento em que emergem desafios importantes. Um dos principais pontos de preocupação é o crescente endividamento de Moçambique para com a China, que tem financiado grande parte dos projectos de infraestruturas no país. Durante o encontro, o Presidente moçambicano manifestou o seu compromisso em manter as boas relações com a China, ao mesmo tempo que reiterou o apoio de Moçambique às iniciativas chinesas em fóruns multilaterais, como a procura de um sistema internacional mais justo e equilibrado.

Nyusi também saudou os esforços de Xi Jinping na erradicação da pobreza na China e destacou o sucesso da aplicação do princípio de “um país, dois sistemas” no contexto de Taiwan e Hong Kong, reafirmando o apoio firme de Moçambique à política de “Uma Só China”.

No entanto, o crescente volume de dívidas levanta preocupações sobre a capacidade de Moçambique de gerir a sua carga financeira, especialmente num cenário de incertezas económicas globais. Especialistas apontam que, embora a China tenha sido um parceiro essencial para o desenvolvimento moçambicano, o país precisa de diversificar as suas fontes de financiamento e reduzir a sua dependência de empréstimos para evitar um cenário de sobre-endividamento.

 

Oportunidades futuras

Apesar dos desafios, o futuro da cooperação entre Moçambique e China continua promissor. A localização geográfica estratégica de Moçambique na costa leste da África torna-o um ponto de entrada crucial para a África Austral e Oriental, facilitando o acesso aos mercados e fortalecendo as rotas comerciais regionais. Neste sentido, a China vê Moçambique como um parceiro chave na expansão da sua influência no continente africano, especialmente através da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

Por outro lado, há oportunidades emergentes para Moçambique no campo da energia. O apoio chinês a projectos como a Central Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, com uma capacidade projectada de 1.500 MW, exemplifica o papel estratégico que a cooperação Sino-Moçambicana desempenha no desenvolvimento do sector energético do país. A transição para energias renováveis é outra área onde ambos os países podem reforçar os seus laços, com o objectivo de garantir um desenvolvimento sustentável e combater os desafios energéticos que Moçambique enfrenta.

O encontro entre Filipe Nyusi e Xi Jinping a despeito de ter reafirmado a solidez das relações bilaterais entre Moçambique e a China, destacou a importância de uma cooperação baseada em benefícios mútuos. Contudo, para que esta parceria continue a ser vantajosa, Moçambique precisará de equilibrar os seus interesses económicos com a necessidade de gerir eficazmente a sua dívida. A aposta na diversificação económica e na industrialização será crucial para garantir que o país tire o máximo proveito desta relação a longo prazo.

Com desafios pela frente, mas também com oportunidades de crescimento, Moçambique e China parecem determinados a continuar a fortalecer os laços que têm vindo a construir, numa parceria que promete moldar o futuro das relações entre África e a Ásia.

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