
OPEP Revê em Baixa Défice Global de Petróleo para 2026 à Medida que OPEP+ Aumenta Produção
Relatório mensal aponta equilíbrio entre oferta e procura já no próximo ano; preços do Brent recuperam ligeiramente para cerca de 63 dólares após queda para mínimos de cinco meses.
- OPEP antecipa mercado global mais equilibrado em 2026, com défice reduzido para apenas 50 mil barris/dia;
- Produção da OPEP+ subiu em Setembro para 43,05 milhões de barris/dia, mais 630 mil que em Agosto;
- Cortes de produção serão revertidos mais rapidamente do que o planeado, para recuperar quota de mercado;
- Procura global mantém previsão de crescimento de 1,3 milhões bpd em 2025 e ligeiramente superior em 2026;
- Petróleo Brent negoceia a 63 USD/barril, após recuperação parcial da queda da semana passada.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reviu em baixa as suas previsões para o défice global de petróleo em 2026, estimando agora um equilíbrio quase total entre oferta e procura, na sequência do aumento de produção pela aliança OPEP+.
O relatório mensal publicado esta segunda-feira indica que o grupo — que inclui a Rússia e outros aliados — está a colocar mais crude no mercado, o que reduz a escassez projectada anteriormente e levanta receios de excesso de oferta no próximo ano.
Equilíbrio Antecipado no Mercado Global
Segundo o novo relatório, a produção da OPEP+ aumentou em Setembro 630 mil barris por dia, atingindo 43,05 milhões de bpd, após a decisão de acelerar a reversão dos cortes de produção adoptados durante a pandemia e a crise energética de 2022–2023.
Com a procura por crude do grupo estimada em 43,1 milhões bpd em 2026, o mercado registará um défice marginal de apenas 50 mil barris/dia, uma diferença quase nula face à procura global — e significativamente inferior ao défice de 700 mil barris/dia projectado em Agosto.
Esta revisão sinaliza uma mudança de narrativa: de um cenário de escassez para um de quase equilíbrio, o que deverá manter os preços sob pressão moderada no curto prazo.
Procura Mantém-se Sólida, mas Perspectiva de Excesso Persiste
A OPEP manteve as suas previsões para a procura global de petróleo, que deverá crescer 1,3 milhões de barris por dia (bpd) em 2025 e um pouco mais em 2026, sustentada por dados positivos nos EUA, Japão, Índia e China, bem como por dinâmicas económicas robustas no terceiro trimestre de 2025.
“As revisões em alta do crescimento económico nos EUA e no Japão, combinadas com o desempenho sólido da Índia e da China, reforçam uma perspectiva de crescimento global estável”, indica o relatório.
Ainda assim, vários bancos e a Agência Internacional de Energia (AIE) continuam a projectar um cenário de sobreoferta significativa em 2026, estimando um excedente entre 1,6 e 3,3 milhões de bpd, devido ao aumento da produção de países da OPEP+, dos Estados Unidos, Brasil e Guiana.
Recuperação Parcial dos Preços Após Mínimos de Cinco Meses
Nos mercados internacionais, o Brent negoceia ligeiramente acima de 63 dólares por barril, após ter caído para um mínimo de cinco meses na semana passada.
A recuperação é atribuída à perspectiva de crescimento económico sólido e a sinais de coordenação entre os grandes produtores, embora o sentimento de mercado continue frágil devido à possibilidade de um novo excesso de oferta em 2026.
Os analistas consideram que, a médio prazo, o mercado poderá voltar a apertar, impulsionado pelo aumento da procura industrial e pela reabertura de novas refinarias no Médio Oriente e na Ásia.
A ExxonMobil destacou que o cenário de sobreoferta deverá ser temporário, prevendo um mercado mais apertado no horizonte 2027–2028.
OPEP e AIE: Duas Leituras para o Mesmo Barril
A OPEP mantém uma visão optimista e prolongada da era do petróleo, estimando um ritmo mais lento de substituição dos combustíveis fósseis e uma procura sustentada até à década de 2030.
Em contrapartida, a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê uma aceleração da transição energética, impulsionada pela expansão das energias renováveis e pela popularização dos veículos eléctricos, o que poderá gerar um excedente de até 3,3 milhões de barris diários em 2026.
Apesar das divergências, ambas as instituições reconhecem sinais de abertura para um novo ciclo de estabilidade, em que o mercado global se aproxima de um ponto de equilíbrio entre produção e consumo, após três anos de forte volatilidade e choques geopolíticos.
Entre o Equilíbrio e o Risco de Excesso
A revisão da OPEP indica que o mercado petrolífero global entra numa fase de estabilização, após três anos de volatilidade marcada pela guerra na Ucrânia, pela recuperação pós-pandemia e pelas decisões coordenadas da OPEP+.
O défice projectado para 2026 é agora mínimo, o que reduz riscos inflacionários globais, mas também limita o potencial de valorização dos preços num contexto em que os investidores exigem previsibilidade e segurança de abastecimento.
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