Ouro Sobe com Queda do Dólar e Incertezas Tarifárias nos EUA
Questões-Chave
- Reserva Federal mantém taxa entre 4,25% e 4,5%, mas sinaliza duas reduções até Dezembro;
- Powell adverte para pressão inflacionária “significativa” causada por tarifas comerciais impostas por Trump;
- Mercados financeiros reagem com prudência; sectores empresariais divididos entre esperança de alívio monetário e receio de custos mais altos;
- Sector industrial e retalhista antecipam desafios acrescidos no repasse dos custos aos consumidores;
- Decisão reacende debate entre analistas sobre riscos de estagflação e capacidade de resposta da Fed num ambiente geopolítico volátil.
O preço do ouro subiu esta terça-feira, 01/07, impulsionado pela fraqueza do dólar norte-americano e pela incerteza quanto à imposição de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos, num cenário que reacende o apetite dos investidores por activos de refúgio.
O ouro à vista valorizou 0,6%, situando-se nos 3.322,55 dólares por onça, enquanto os futuros do ouro nos EUA subiram 0,8% para 3.334,80 dólares, segundo dados reportados às 04h30 GMT. O movimento reflecte a crescente procura por activos seguros num ambiente de instabilidade política e cambial.
A queda do índice do dólar americano (DXY) em 0,2% para o nível mais baixo em mais de três anos tornou o ouro mais acessível para detentores de outras moedas. A desvalorização da moeda norte-americana está directamente ligada à perda de confiança nos mercados cambiais, acentuada pelas incertezas no comércio internacional.
Segundo Nicholas Frappell, director global de mercados institucionais da ABC Refinery, “o dólar mais fraco e as preocupações sobre o impacto de um eventual incumprimento da data-limite para as tarifas de Trump estão a sustentar o ouro neste momento”.
O Presidente Donald Trump ameaçou implementar tarifas entre 10% e 50% a partir de 9 de Julho, após o término da pausa de 90 dias decretada em Abril. Caso não sejam alcançados acordos bilaterais com os países visados, estas tarifas entrarão em vigor, alimentando receios de uma nova escalada proteccionista.
Pressão sobre a Fed e sinais para cortes nas taxas
Trump intensificou ainda a pressão sobre a Reserva Federal, enviando ao presidente do banco central, Jerome Powell, uma nota manuscrita com comparações entre taxas de juro de bancos centrais, defendendo que as taxas dos EUA deveriam situar-se entre os 0,5% do Japão e os 1,75% da Dinamarca.
Nicholas Frappell considera que a perspectiva de cortes de juros também está a influenciar os mercados, ainda que “seja surpreendente o nível de optimismo em relação a reduções tão imediatas”.
O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, advertiu que a Administração poderá anunciar em breve o aumento das tarifas, e sugeriu ainda que a Casa Branca pondera nomear um novo presidente da Fed aquando da próxima vaga no Conselho de Governadores, prevista para 2026.
Mercado atento a dados laborais nos EUA
Os investidores permanecem atentos a uma série de relatórios sobre o mercado de trabalho norte-americano, cuja divulgação culminará com os dados oficiais de criação de emprego, previstos para quinta-feira. Estes dados poderão influenciar a orientação futura da política monetária da Reserva Federal.
Metais preciosos acompanham tendência
Outros metais preciosos acompanharam a tendência ascendente:
- A prata à vista subiu 0,2% para 36,16 dólares por onça;
- O platinum manteve-se estável nos 1.352,49 dólares;
O palladium valorizou 1,4% para 1.113,18 dólares.
