Petróleo Prolonga Ganhos Após Ataques a Instalações Energéticas na Rússia

Os preços do petróleo prolongaram os ganhos esta segunda-feira, impulsionados pelos receios de disrupção no fornecimento global após uma série de ataques ucranianos a instalações energéticas russas durante o fim-de-semana. As atenções concentram-se agora no impacto que estes acontecimentos podem ter sobre as exportações de crude e combustíveis da Rússia, um dos maiores produtores mundiais.

Os futuros do Brent subiram 0,7%, ou 47 cêntimos, para 67,46 USD por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) avançou 0,8%, ou 48 cêntimos, para 63,17 USD. Ambos os contratos já tinham registado ganhos superiores a 1% na semana anterior, impulsionados pela escalada dos ataques.

Entre as infraestruturas visadas destacam-se o terminal de Primorsk, principal porto de exportação de petróleo da Rússia, com capacidade para carregar cerca de 1 milhão de barris por dia, e a refinaria de Kirishi, operada pela Surgutneftegaz, que processa 355 mil barris por dia – equivalente a 6,4% da capacidade total do país.

Segundo analistas do JPMorgan, os ataques sinalizam “uma crescente disposição em perturbar os mercados internacionais de petróleo, o que poderá adicionar pressão ascendente aos preços”. Para Tony Sycamore, da IG Markets, caso estes ataques representem uma mudança estratégica da Ucrânia, “os riscos de alta nas previsões de preços tornam-se evidentes”, apesar das preocupações com excesso de oferta devido ao plano da OPEP+ de aumentar a produção.

Na região de Bashkortostan, uma companhia petrolífera anunciou que manterá os níveis de produção apesar de um ataque com drones no sábado, num esforço para conter perturbações adicionais.

A pressão sobre Moscovo cresce igualmente no plano geopolítico. O Presidente norte-americano, Donald Trump, reiterou no domingo a sua disposição de impor novas sanções à Rússia, apelando a que a Europa adopte medidas proporcionais às de Washington.

Paralelamente, investidores seguem com atenção as negociações comerciais entre EUA e China, iniciadas em Madrid, em que Washington insiste na aplicação de tarifas sobre importações chinesas, em resposta às compras de petróleo russo por Pequim.

Nos Estados Unidos, sinais de abrandamento económico também pesam sobre o mercado. Dados recentes revelaram uma desaceleração na criação de emprego e uma inflação persistente acima da meta de 2%, o que reforça as expectativas de que a Reserva Federal venha a cortar as taxas de juro já na sua reunião de 16 a 17 de Setembro.

Com a conjugação de factores geopolíticos, riscos de oferta e incertezas económicas globais, os analistas consideram que a trajectória do petróleo permanecerá volátil nas próximas semanas, dependente tanto da evolução do conflito no leste europeu como das decisões de política monetária nos Estados Unidos.