
Preço de Referência da Castanha de Caju em 45 Meticais Gera Contestação dos Exportadores
Decisão visa proteger produtores e estabilidade do sector, mas exportadores alertam para perda de competitividade internacional.
- O preço de referência para a campanha 2025/26 mantém-se em 45 meticais/kg, segundo o IAM;
- Governo sustenta que a medida garante margem de 15% aos produtores;
- Exportadores defendem que o valor realista seria entre 38 e 41 meticais/kg, devido à pressão do mercado global;
- Regulamento do sector permite revisão do preço em caso de variação de 10%;
- Contexto internacional marcado por excesso de oferta e queda da procura da castanha bruta.
O Governo decidiu manter em 45 meticais o preço de referência da castanha de caju para a campanha de comercialização 2025/26. A decisão, anunciada pelo Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM), visa preservar a rentabilidade dos produtores e assegurar estabilidade à cadeia de valor, apesar do ambiente internacional desfavorável.
O Director-Geral do IAM, Ilídio Bande, explicou que a decisão resulta da análise das condições actuais do mercado nacional e internacional, bem como dos custos de produção apresentados pelos produtores. “Vimos que o mercado internacional apresenta grande oferta, o que pode pressionar os preços em baixa, mas é necessário garantir uma margem mínima de lucro de 15% para estimular a produção”, afirmou.
Bande sublinhou que o Decreto n.º 78/2018 permite a revisão do preço de referência em caso de flutuação significativa. “Se houver variações de 10% ou mais, o Comité de Amêndoas pode reunir-se para ajustar o preço, assegurando equilíbrio entre produtores e exportadores.”
O Secretário de Estado do Mar e das Pescas, Momed Juízo, confirmou a deliberação e apelou à monitoria contínua do mercado, realçando que o valor definido “é apenas de referência” e poderá ser ajustado conforme as dinâmicas do sector.
Reacção do Mercado
A decisão não foi bem recebida pelos exportadores, que consideram o preço acima da capacidade real do mercado. O vice-presidente da Associação das Indústrias de Caju de Nacala (ACIANA), Domenico Borriello, afirmou que “o valor consensualizado nas reuniões preparatórias era inferior” e que “a conjuntura internacional actual, com elevada oferta, não permite sustentar 45 meticais por quilo”.
Segundo Borriello, o preço “deveria situar-se entre 38 e 41 meticais/kg”, para reflectir a realidade dos mercados internacionais e permitir competitividade às indústrias processadoras. Ainda assim, reconheceu o esforço do IAM na renovação das plantações e na expansão da produção nacional, factores que poderão reforçar a capacidade do país nos próximos anos.
Uma Campanha Entre a Estabilidade e a Pressão de Mercado
A decisão de manter o preço pretende preservar rendimentos agrícolas e garantir previsibilidade na campanha de comercialização, num contexto em que a castanha de caju continua a ser uma das principais exportações agrícolas do país. No entanto, os sinais de sobrecapacidade global e valores em queda nos mercados asiáticos poderão condicionar as margens da indústria moçambicana.
Analistas consideram que a estabilidade interna é positiva para os produtores, mas alertam que a competitividade das exportações dependerá da flexibilidade de ajustes futuros e da eficiência logística e fiscal ao longo da cadeia.
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