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Rand recua após dados da inflação nos EUA e levanta preocupações na região

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O rand sul-africano desvalorizou-se na quarta-feira, 12/02/2025, após a divulgação de dados que indicam um aumento superior ao esperado da inflação nos Estados Unidos, reforçando a possibilidade de que a Reserva Federal (Fed) mantenha as taxas de juro elevadas por mais tempo.

Às 15h20 GMT, a moeda sul-africana negociava-se a 18,55 por dólar, registando uma queda de 0,2% face ao fecho anterior. A reacção dos mercados foi imediata, impulsionando o índice do dólar em 0,4% contra um cabaz de moedas, penalizando divisas de mercados emergentes, como o rand.

Inflação nos EUA pressiona mercados

O relatório do Bureau of Labor Statistics revelou que o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA registou um crescimento de 0,5% em Janeiro, acelerando face ao aumento de 0,4% em Dezembro. Este resultado surpreendeu os investidores, que esperavam um alívio da inflação e uma postura menos restritiva do Fed.

O presidente da autoridade monetária norte-americana, Jerome Powell, declarou perante o Congresso dos EUA que o banco central não tem pressa em reduzir as taxas de juro, salientando que só o fará caso a inflação ceda de forma sustentada ou o mercado de trabalho enfraqueça.

Face a esta incerteza, os investidores adoptaram uma postura mais cautelosa, privilegiando activos considerados mais seguros, como o dólar, e afastando-se de moedas emergentes.

Impactos na África Austral

A desvalorização do rand tem implicações directas para a economia sul-africana e para os países da região, incluindo Moçambique, que mantém uma relação comercial e financeira estreita com a África do Sul.

  • Comércio bilateral: A África do Sul é um dos principais fornecedores de bens de consumo, combustíveis e materiais de construção para Moçambique. A fraqueza do rand pode resultar numa redução do custo das importações sul-africanas, beneficiando consumidores moçambicanos. Contudo, as exportações moçambicanas para a África do Sul podem perder competitividade, tornando-se relativamente mais caras.
  • Investimentos e remessas: Empresas sul-africanas detêm investimentos significativos em Moçambique, especialmente nos sectores mineiro, energético e infra-estrutural. Caso o rand continue a desvalorizar-se e os investidores se tornem mais avessos ao risco, projectos podem ser adiados ou redimensionados. Além disso, as remessas enviadas por moçambicanos a trabalhar na África do Sul sofrerão uma desvalorização, reduzindo o poder de compra das famílias que delas dependem.
  • Impacto no turismo: Se, por um lado, um rand mais fraco pode tornar Moçambique um destino mais acessível para turistas sul-africanos, por outro, a deterioração das condições económicas na África do Sul pode afectar a procura por viagens internacionais.
  • Política monetária e inflação: Um eventual prolongamento da política restritiva do Fed pode manter o dólar valorizado, pressionando os mercados emergentes e influenciando os preços de commodities como o petróleo. Para Moçambique, isso pode resultar em custos de importação mais elevados, com impactos no preço dos combustíveis e dos bens essenciais.

Mercados financeiros sob pressão

Apesar da desvalorização do rand, a bolsa de valores de Joanesburgo manteve-se resiliente, com o índice Top-40 a atingir um novo máximo, encerrando a sessão com uma valorização de 0,5%.

Já os títulos da dívida pública sul-africana apresentaram um desempenho mais fraco. Os juros dos títulos do governo com maturidade em 2030 subiram 5,5 pontos-base, situando-se agora em 9,205%, reflectindo o aumento da percepção de risco por parte dos investidores.

Perspectivas para os próximos meses

A trajectória do rand dependerá, em grande medida, das decisões futuras da Reserva Federal e da evolução da inflação nos EUA. Caso a política monetária norte-americana permaneça restritiva, a pressão sobre moedas emergentes poderá intensificar-se.

Para Moçambique e outros países da região, este cenário reforça a necessidade de diversificação comercial e de investimento, reduzindo a exposição a factores externos que impactam a economia de forma abrupta.

Se o rand continuar em queda, os efeitos poderão ser mistos, com vantagens para importadores moçambicanos e desafios para exportadores, investidores e trabalhadores dependentes de remessas da África do Sul.

Os mercados estarão atentos às próximas declarações do Fed e ao comportamento da economia norte-americana, factores determinantes para a evolução cambial nos mercados emergentes.

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