
Tensão pós-eleitoral em Moçambique abala confiança dos mercados internacionais
Moçambique, que até recentemente era visto como um exemplo de sucesso nos mercados africanos por liderar cortes nas taxas de juro, está agora a enfrentar uma crise de confiança. A situação política instável, provocada pelas tensões antes dos resultados das eleições de 2024, está a gerar grande incerteza nos mercados financeiros. Os títulos soberanos moçambicanos, com vencimento em 2031, caíram significativamente, com rendimentos a atingirem quase 13%, reflectindo o aumento do risco associado ao país.
O clima político deteriorou-se depois das eleições de outubro de 2024, com o candidato da oposição, Venâncio Mondlane, a chamar a uma “revolução”, alegando fraude eleitoral. A escalada de protestos, incluindo o uso de gás lacrimogéneo pela polícia para dispersar manifestantes, trouxe mais instabilidade. A morte de um advogado ligado à campanha de Mondlane e as alegações de irregularidades eleitorais alimentaram ainda mais as tensões, enquanto os resultados oficiais da eleição ainda não foram totalmente divulgados.
A queda nos títulos de dívida de Moçambique, como reportado pela Bloomberg, ocorre no momento em que o país enfrenta uma série de desafios críticos. O escândalo dos “tuna bonds”, a insurgência em Cabo Delgado e os atrasos nos projectos de gás natural em parceria com a TotalEnergies e ExxonMobil têm pesado sobre a economia. Com a falta de uma transição política tranquila, os grandes projetos de gás, que são cruciais para o crescimento económico do país, estão em risco de novos adiamentos, o que pode afectar ainda mais a confiança dos investidores.
De acordo com especialistas do mercado, a recente queda nos preços dos títulos moçambicanos é preocupante e pode continuar se a situação política não se estabilizar. Além disso, o impacto da incerteza eleitoral pode dificultar os esforços do governo para atrair novos investimentos no setor de gás, visto como a principal fonte de crescimento económico a longo prazo. A IATA Clearing House suspendeu a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) por não pagamento de dívidas, reflectindo os problemas económicos mais amplos que o país enfrenta.
Moçambique, que já era visto como um destaque nos mercados emergentes africanos, enfrenta agora um teste crucial sobre sua capacidade de manter a confiança dos investidores, ao mesmo tempo em que navega pela turbulência política e os desafios de segurança. Sem uma solução rápida para a crise eleitoral e sem a retomada dos projectos de gás, o país poderá ver uma reversão dos ganhos económicos recentes, perdendo o progresso que havia feito em estabilizar suas finanças públicas.
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