
União Europeia vai mobilizar cerca de 800 milhões de Euros em investimentos em Moçambique, a breve trecho
- Vai ainda financiar 10 mil milhões de Euros para a construção do Corredor Rodoviário que liga Maputo – Gaberone – Walvis Bay em Namíbia, um dos dez maiores de África.
Os investimentos da União Europeia (UE) , em África, alcançaram cerca de 160 mil milhões de euros, em 2021. O bloco é o maior investidor de África e o principal parceiro comercial e económico do País, apenas atrás da África do Sul, e existe um forte compromisso para reforçar essa parceria
A despeito dos investimentos já feitos, o Embaixador da União Europeia em Moçambique, Antonino Maggiore, disse em exclusivo ao O.Económico que o bloco tem fortes iniciativas visando o desenvolvimento de Moçambique em várias áreas, com destaque para a energia.
Aguarda-se com maior expectativa pela realização do Fórum de Investimentos Global Gateway, Moçambique-União Europeia, previsto para 22 e 23 de Novembro, onde serão discutidas várias matérias sobre investimentos em Moçambique, um evento que o Embaixador considera “ muito importante e estratégico, naquilo que tem sido qualificado de relançamento das relações económicas entre UE e Moçambique com participação ao alto nível do Presidente da República de Moçambique e da parte da UE da Comissária para Energia, a senhora Kadre Simson, os dois vão abrir o fórum que tem a ambição de atrair mais empresas europeias para Moçambique.

“ Vamos ter encontros Business to Business, business to government, então juntamente com os Estados da UE temos esse projecto para reforçar as ligações económicas e investimentos, partilhar as ferramentas financeiras que o sector privado pode utilizar para fazer diferença porque estamos convencidos de que o desenvolvimento sustentável deve ter um papel importante do sector privado”. Perspectivou Antonino Maggiore
O sector de energia tem sido uma das fortes apostas no contexto da parceria económica da União Europeia com outros Estados e, Maggiore, explica as razões dor detrás desta preferência:
“A energia tem um papel importante na política do crescimento da economia verde, economias renováveis, por exemplo, no sector da energia a UE está investindo agora 200 milhões de Euros que conta com mobilização e envolvimento do sector privado para alcançar investimentos totais para cerca de 800 milhões de Euros no país”.
A parceria Global Gateway é um dos exemplos que mostram o compromisso da União Europeia com o desenvolvimento energético em África. É a estratégia da UE baseada na importância da conectividade, visando criar ligações do país ao nível regional e global, disse Antonino Maggiore na entrevista, na qual detalhou os principais projectos iminentes:
“ – Por exemplo, vamos construir em Moçambique o Centro Nacional de Despacho de Energia com investimento de cerca de USD 18 milhões só para esse projecto, para contribuir na gestão e distribuição da energia no País. São desafios importantes, tudo isso com a participação, por exemplo, da Electricidade de Moçambique e empresas europeias’
Disse tratar-se de uma iniciativa baseada na parceria Público-privada, onde o papel do sector privado é importante, e explicou:
“- Outro exemplo, é a expansão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, e também o Projecto de Mphanda Nkuwa que vai ter uma participação importante do Banco Europeu de Investimentos, uma participação financeira muito robusta para a realização do projecto. Então, esses são alguns exemplos de oportunidades para partilhar com as empresas europeias e moçambicanas, que podem ser replicadas, em diferentes projectos, porque há recursos financeiros disponíveis, há acompanhamento de ferramentas financeiras que as empresas podem usar neste contexto”.

O.Económico questionou ao Embaixador qual é a expectativa do bloco em relação em relação ao futuro da energia de África. Antonino Maggiore foi peremptório na resposta:
“Nós temos prioridade na energia verde, ao mesmo tempo respeitamos os Estados na definição de prioridades. Por conta de todas as potencialidades estamos conscientes de que Moçambique joga um papel muito forte ao nível regional como produtor de energia, então a nossa abordagem é também sobre o investimento regional, alguns projectos vão ter apoio com uma perspectiva regional. É por isso que nós consideramos energia como sector prioritário porque para além de ajudar e apoiar o desenvolvimento geral do País vai contribuir também para o desenvolvimento da região, e tudo isso tem um papel fundamental não só nas relações bilaterais com a UE mas também os objectivos da COP sobre a gestão dos fenómenos relacionados a mudanças climáticas e o respeito pelo ambiente e também essa é uma prioridade muito fundamental e estamos satisfeitos de podermos desempenhar esta agenda, juntamente com países chaves como Moçambique”.
As tecnologias de informação e comunicação revolucionam o mundo de tal sorte que os estados e seus parceiros precisam adoptar estratégias para não ficarem “fora do baralho”. Qual é a visão da União Europeia sobre a digitalização da economia moçambicana? Perguntamos.
A resposta foi a de que esta área constitui “uma prioridade chave” da [nossa] parceria.
Disse existir uma iniciativa que apoia, financia o desenvolvimento das infraestruturas digitais do País e também a participação dos jovens na utilização das ferramentas digitais. “ São essas duas componentes para reforçar o sistema do País”, acrescentando que a EU está a trabalhar com o Governo para modernizar e fortalecer as infraestruturas digitais necessárias ao desenvolvimento digital e ao mesmo tempo é promovida a inclusão dos jovens e das mulheres com os projectos que vão permitir-lhes a utilização das ferramentas digitais e também no empoderamento económico e empreendedorismo dos jovens”. Explicou
O desenvolvimento de um país faz-se com financiamento. Há reclamações relacionadas com a inacessibilidade às fontes de financiamento. Maggiore diz haver inovações nas fontes de financiamento da União Europeia.
“Esta é uma questão-chave para o desenvolvimento do sector privado. Estamos conscientes do papel das comunicações, por isso, alcançamos alguns projectos concretos da Global Gateway, ou seja, linhas de crédito facilitadas, alcançamos acordos com, por exemplo, Nedbank, First Capital Bank com linhas de crédito de 14 milhões de Euros e 15 milhões de Euros, respectivamente. Então é exactamente isso, para permitir a empresa a alcançar o crédito facilmente.
São créditos concessionais que têm um papel importante de garantia da parte das instituições europeias, então é por isso que serão créditos cedidos com mais facilidade e podemos partilhar tudo isso no contexto do nosso fórum económico porque as medidas financeiras são muitas e já mencionei cerca de 150 mil milhões de Euros para África mas temos de justamente trabalhar ao nível local com os desafios”. Esclareceu.
Para além da energia, constam das prioridades da União Europeia, o sector dos transportes, o sector do digital, o sector da agricultura, da economia azul e o apoio ao desenvolvimento do comércio e industrialização do País.
“No sector dos transportes vamos financiar um corredor rodoviário entre Maputo, Gaberone em Botswana e Wlavis Bay na Namíbia. É um dos dez maiores corredores que a União Europeia vai analisar em África. Este projecto tem um valor de 10 mil milhões de Euros”. Revelou.
A alocação dos serviços vai ganhar nova forma com a estratégia Global Gateway, numa altura em que já se fala de parceria.
“A novidade é a abordagem de parceria com instituições, trabalhamos com o Governo de Moçambique como UE Europeia e também com o sector privado com uma abordagem de parceria público-privado, para realizar estes projectos que vão realizar investimentos duradouros e sustentáveis, baseados também sobre valores comuns como respeito do ambiente, e dos direitos dos trabalhadores. Essa é a novidade porque mudamos de cooperação para parceria, então não é só trazer dinheiro, mas também criar capacidade também aos parceiros, instituições que são, em parte, as empresas”. Afirmou
A Global Gateway visa criar ligações sustentáveis e de confiança em benefício das pessoas e do planeta. Permite enfrentar os desafios globais mais prementes, desde a luta contra as alterações climáticas à melhoria dos sistemas de saúde e ao reforço da competitividade e da segurança das cadeias de abastecimento mundiais.
Para a sua materialização, estão a ser mobilizados até 300 mil milhões de EUROS em investimentos, entre 2021 e 2027, para apoiar uma recuperação mundial duradoura, tendo em conta as necessidades dos parceiros e os objectivos da União Europeia.
Deste montante, 150 mil milhões estão reservados para o Pacote de Investimento Africano, no contexto do qual parceiros como Moçambique poderão beneficiar-se.

As parcerias Global Gateway baseiam-se em seis princípios: Valores democráticos e padrões elevados, Boa governação e transparência, Igualdade nas parcerias, Infraestruturas verdes e limpas, Prioridade à segurança e Catalisação do investimento do sector privado.
O Fórum vai oferecer uma plataforma única para melhorar o networking, trocar experiências e explorar oportunidades de investimento e comércio vantajosas para todos, reunindo numerosos intervenientes públicos e privados europeus e moçambicanos.
Durante esta reunião, considerada de alto nível de dois dias, as partes interessadas irão analisar as inúmeras oportunidades de investimento que Moçambique tem para oferecer e aprender sobre as reformas em curso nos sectores temáticos, como: Transição Energética; Agricultura e Agronegócio; Industrialização; Transporte e Logística; Conectividade Digital; Economia Azul e Turismo.
Haverá igualmente espaço para reuniões estruturadas Business-to-Business (B2B), Business-to-Government (B2G) e Expositores.
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