Venda de roupa usada ameaça revitalização da Indústria Têxtil

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O processo de revitalização da Indústria Têxtil em Moçambique, definido como uma das prioridades do Governo no âmbito da Política de Estratégia Industrial 2016-2025, encontra-se a enfrentar dificuldades para se reafirmar devido ao florescimento do negócio da roupa usada. Só em 2017, foram importados produtos têxteis usados equivalentes a USD 59 milhões contrariamente a produtos novos fixados em USD 18.7 milhões.

Há um ramo que está associado a Indústria Têxtil, que é a venda de roupa usada. Trata-se de um mercado que está a florescer e a consolidar-se a cada dia que passa. No primeiro momento, tal como fez referência Mateus Matusse, Director Nacional da Indústria, a venda de roupa usada apareceu num contexto de assistência humanitária, de ajuda de emergência e, actualmente, já é um mercado dinâmico com variantes formais e informais, desempenhando um papel social.

Daí que o Governo decidiu imprimir um gradualismo no tratamento desse mercado, aplicando uma sobretaxa em função do peso da roupa usada com a aprovação, em 2017, de uma Pauta Aduaneira que visa o agravamento das taxas de importação de roupa usada, carros usados e carapau.

Compartilhando da mesma visão, João Mosca, Director Executivo do Observatório do Meio Rural, também mostra-se apologista do gradualismo na eliminação do negócio de roupa usada, devido ao papel socioeconómico que essa actividade desempenha no nosso país.

Porém, Mosca adverte que essa medida não está necessariamente a proteger toda a cadeia têxtil, apenas o sector de confecções virada para a produção de roupa para consumidores de rendimento médio-alto.

João Mosca – Director Executivo do Observatório do Meio Rural

“Estamos aqui a beneficiar um segmento muito curto da população, que são populações de rendimento médio-alto, não estamos a proteger o consumidor pobre que é aquele que deveria ser, em primeiro lugar, protegido. Os mais pobres tinham que ter os seus problemas resolvidos porque não têm outras possibilidades, não têm rendimento para ir procurar roupa de qualidade e eles têm que andar vestidos”, assume Mosca.

Refira-se que do total de USD 77.7 milhões de têxteis importados em Moçambique no ano de 2017, USD 59 milhões são de roupa usada e os restantes USD 18.7 milhões correspondem à roupa nova proveniente maioritariamente da China com USD 19.69 milhões.

Mundialmente, a exportação de roupa de segunda mão tornou-se uma actividade económica com uma cadeia que engloba vários agentes, mercados e canais de venda.

 

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