FMI recomenda a tarifação do carbono, argumenta que fixação de preços do carbono cria um incentivo para que os poluidores se descarbonizem rapidamente

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  • FMI defende a fixação de preços do carbono como uma “escrita na parede” para o petróleo e o gás

A Directora-Geral  do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, sublinhou no domingo, 03 de Dezembro, na cimeira sobre o clima COP28, a necessidade de fixar um preço para o carbono, afirmando que a indústria do petróleo e do gás reconhece que “a escrita está na parede”.

Kristalina Georgieva é uma defensora de longa data da fixação de preços do carbono, afirmando que esta abordagem cria um incentivo para que os poluidores se descarbonizem rapidamente.

A fixação do preço do carbono determina o custo que uma empresa tem de pagar pelas suas emissões que provocam o aquecimento do planeta e é amplamente considerada como a forma mais económica e flexível de reduzir essa poluição.

O FMI aumentou recentemente a sua previsão de preço médio para US$ 85 dólares por tonelada até ao final da década, em comparação com a previsão anterior de US$ 75 dólares. Sublinhando a escala do desafio, Georgieva disse que o preço médio atual é de cerca de US$ 20 dólares por tonelada.

“Para aqueles que adoptaram um preço para o carbono, como é que conseguimos que os grandes emissores aceitem que precisamos de acelerar a descarbonização? Georgieva disse a cadeia CNBC, na conferência COP28.

“Bem, há duas coisas. Uma, sem um preço do carbono, não será suficientemente rápido. Por isso, temos de avançar para esse incentivo”, afirmou.

“Segundo, a Mãe Natureza está a ajudar-nos porque os países ricos e pobres já estão a sentir a força devastadora das alterações climáticas”.

“Quero dizer a todos os que estão dispostos a ouvir que o preço do carbono provou funcionar”, disse Kristalina Georgieva – Directora-Geral do FMI.

Os comentários surgem no momento em que os decisores políticos e os líderes empresariais se reúnem no Dubai para a cimeira da ONU sobre o clima, com a duração de duas semanas, que deverá terminar a 12 de dezembro.

A conferência é uma oportunidade crucial para acelerar a acção climática, numa altura em que o mundo está em vias de registar o ano mais quente de sempre e em que os fenómenos meteorológicos extremos se fazem sentir em todo o mundo.

Para a Directora do FMI, a COP28 constitui uma oportunidade importante para os países reavaliarem as políticas que incentivam a utilização de combustíveis fósseis. A responsável sublinhou que os subsídios governamentais ao carvão, ao petróleo e ao gás atingiram US$ 1,3 biliões de dólares no ano passado.

“Agora temos de os retirar gradualmente e substituí-los pela outra parte do incentivo, que é o preço. Quero dizer a todos os que estão dispostos a ouvir que está provado que o preço do carbono funciona”, disse Georgieva, acrescentando que os regimes existentes – como o Sistema de Comércio de Emissões da UE – registaram uma rápida redução das emissões.

“Em segundo lugar, gera receitas. A mesma União Europeia obteve 175 mil milhões de euros (US$ 191 mil milhões de dólares) com o preço do carbono”, afirmou.

“Terceiro, pode ser justo. Em primeiro lugar, é justo porque quanto mais se polui, mais se paga, e quanto menos se polui, menos se paga. Mas também, muitos países [podem] pegar em algum desse dinheiro e devolvê-lo, especialmente às pessoas vulneráveis.”

Uma das boas notícias resultantes da investigação é que vamos assistir ao pico do petróleo e do gás nesta década”, afirmou Georgieva. O consumo irá então diminuir gradualmente”.

“Uma das grandes notícias da COP é o compromisso de triplicar as energias renováveis nos próximos anos. O poder da COP reside na mobilização das vozes das pessoas e isso já está a acontecer. Não consigo pensar em nenhuma indústria que esteja disposta a ser inimiga das pessoas”, continuou.

“Penso que o petróleo e o gás estão a ver o que está escrito na parede. Vemos muitos dos países produtores de petróleo a diversificarem-se muito rapidamente e também vemos um investimento proveniente do dinheiro gerado pelo petróleo em energias renováveis [em] escala.”

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