Procura mundial de petróleo no próximo ano deverá aumentar mais rapidamente do que o previsto, segundo a AIE
A procura mundial de petróleo vai aumentar mais rapidamente do que o esperado no próximo ano, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) nesta quinta-feira, 14 de Dezembro, um sinal de que as perspectivas para o uso de petróleo a curto prazo permanecem robustas, apesar do acordo COP28 desta semana para a transição para longe dos combustíveis fósseis.
Apesar desta actualização, existe ainda um fosso considerável entre a AIE, que representa os países industrializados, e o grupo de produtores OPEP relativamente às perspectivas de procura para 2024. Nos últimos anos, os dois grupos têm entrado em conflito sobre questões como a procura a longo prazo e a necessidade de investir em novos fornecimentos.
O consumo mundial aumentará em 1,1 milhões de barris por dia (bpd) em 2024, afirmou a AIE, com sede em Paris, num relatório mensal, mais 130 000 bpd do que a sua previsão anterior, citando uma melhoria das perspectivas para os Estados Unidos e a descida dos preços do petróleo.
A AIE, que defende uma rápida transição para o abandono dos combustíveis fósseis, apenas detalhou o aumento da sua previsão para 2024 no final da página 4 do seu relatório, depois de discutir outras conclusões, incluindo um abrandamento da procura nos últimos três meses de 2023 e o aumento da oferta.
A revisão de 2024 reflecte “uma perspectiva do PIB ligeiramente melhorada em comparação com o relatório do mês passado”, afirmou a AIE. “Isto aplica-se especialmente aos EUA, onde se vislumbra uma aterragem suave”.
“A queda dos preços do petróleo actua como um impulso adicional para o consumo de petróleo”, afirmou.
O petróleo enfraqueceu para uma baixa de seis meses perto de US$ 72 dólares o barril esta semana, mesmo depois que a OPEP +, que inclui países exportadores de petróleo da OPEP e aliados como a Rússia, em 30 de Novembro anunciou uma nova rodada de cortes de produção para o primeiro trimestre de 2024.
O petróleo subiu quase 2% nesta quinta-feira, 14 de Dezembro, após a divulgação do relatório da AIE, sendo negociado perto dos US$ 76 dólares.
Abrandamento da procura
No relatório, a AIE também reduziu a sua previsão de crescimento da procura de petróleo em 2023 em 90.000 bpd para 2,3 milhões de bpd e baixou a sua estimativa para o quarto trimestre em quase 400.000 bpd.
A redução para metade da taxa de expansão da procura no próximo ano deve-se a um crescimento económico abaixo da tendência nas principais economias, a melhorias na eficiência e a uma frota de veículos eléctricos em expansão, afirmou a AIE.
O prolongamento dos cortes de fornecimento da OPEP+ até ao primeiro trimestre do próximo ano pouco contribuiu para impulsionar os preços e o aumento da produção noutros países actuaria como um vento contrário, acrescentou.
“O aumento contínuo da produção e o abrandamento do crescimento da procura complicarão os esforços dos principais produtores para defenderem a sua quota de mercado e manterem os preços do petróleo elevados”, afirmou.
A OPEP, num relatório mensal de quarta-feira, 13 de Dezembro, manteve a sua previsão para o crescimento da procura mundial de petróleo em 2023 em 2,46 milhões de bpd. Em 2024, a OPEP prevê um crescimento da procura de 2,25 milhões de bpd, também sem alterações em relação ao mês passado.
A diferença entre as previsões da AIE e da OPEP para 2024 diminuiu ligeiramente, mas situa-se em 1,15 milhões de bpd, o que equivale a cerca de 1% da utilização diária de petróleo a nível mundial e à produção diária de um membro da OPEP como a Líbia.
Os responsáveis pelas previsões da procura de petróleo têm frequentemente de proceder a revisões consideráveis, dadas as alterações das perspectivas económicas e as incertezas geopolíticas, que este ano incluíram o levantamento do confinamento imposto pela China devido ao coronavírus e o aumento das taxas de juro.
