
Digitalização Financeira: Carteiras Móveis definem o momento
Moçambique tem vindo a registar uma crescente adesão aos serviços de carteiras móveis nos últimos anos, impulsionada principalmente pela penetração de plataformas como o M-Pesa. O M-Pesa, que começou como uma solução de envio de dinheiro em 2007 no Quénia, rapidamente expandiu as suas operações para outros mercados africanos, incluindo Moçambique. O sucesso deste tipo de plataforma reside na capacidade de fornecer serviços financeiros acessíveis a milhões de pessoas que, tradicionalmente, não tinham acesso a bancos ou a instituições financeiras formais.
Em Moçambique, este fenómeno tem tido um impacto significativo, facilitado pela expansão das redes móveis e da infraestrutura de telecomunicações. Mesmo com a penetração de smartphones ainda baixa no país, o M-Pesa tem conseguido crescer ao utilizar a tecnologia USSD, que permite aos utilizadores acederem aos serviços financeiros através de telemóveis básicos. Isto permitiu que pessoas em áreas rurais, sem acesso a bancos tradicionais, pudessem usufruir de serviços financeiros essenciais, como transferências de dinheiro, pagamentos de contas e microcrédito.
Segundo Sitoyo Lopokoiyiti, Director-Executivo da M-Pesa África, Moçambique apresenta um enorme potencial de crescimento no campo dos serviços financeiros digitais. Numa entrevista exclusiva ao “Semanário Económico”, Lopokoiyiti destacou que, “a adesão ao M-Pesa em Moçambique tem vindo a crescer de forma acelerada, e estamos a assistir a uma transformação no acesso aos serviços financeiros no país.” Com uma taxa de inclusão financeira já em torno dos 49%, e com uma previsão de crescimento contínuo, Lopokoiyiti está convicto que Moçambique está numa posição privilegiada para se afirmar como um dos líderes na adopção de carteiras móveis em África.
Acelerando a inclusão financeira com inovação
A inovação desempenha um papel fundamental na expansão do M-Pesa em Moçambique, particularmente entre os jovens empreendedores que estão a criar soluções digitais com base na plataforma. “Os jovens moçambicanos têm sido fundamentais na criação de novas aplicações e soluções financeiras baseadas no M-Pesa, que estão a ajudar a transformar o panorama financeiro do país,”comentou Lopokoiyiti. Equipas de estudantes universitários e startups locais têm desenvolvido soluções inovadoras, aproveitando as funcionalidades da plataforma para criar novos serviços, como investimentos em inteligência artificial e poupanças digitais, que têm o potencial de mudar ainda mais a forma como os moçambicanos utilizam o dinheiro.
Além disso, o aumento da adopção de smartphones, embora ainda lento, e a expansão da internet móvel estão a criar novas oportunidades para o crescimento da M-Pesa em Moçambique. A acessibilidade de telemóveis com funcionalidade para aceder a serviços financeiros digitais está a aumentar, embora ainda existam desafios relacionados com o custo elevado dos dispositivos e dos dados móveis. No entanto, Lopokoiyiti é optimista: “À medida que os preços dos smartphones continuam a cair, podemos esperar uma adopção ainda mais ampla dos serviços financeiros digitais no país.”
Parcerias estratégicas e regulação favorável
Um dos principais factores que têm impulsionado o sucesso do M-Pesa em Moçambique é a colaboração entre o sector privado e as instituições públicas. A parceria com o Banco de Moçambique, que resultou na integração com a plataforma SIMO, permitiu uma interoperabilidade mais eficiente entre diferentes serviços e redes de pagamento. “A interoperabilidade é fundamental para a inclusão financeira. Ela permite que os utilizadores façam transferências e pagamentos entre várias plataformas de forma eficiente e segura,” sublinhou Sitoyo.
O Director-Executivo do M-Pesa África, descreve sobre o ambiente instrucional ou de mercado, que “o Governo moçambicano tem implementado políticas favoráveis à digitalização do sector financeiro, criando um ambiente regulatório propício para o desenvolvimento de novos serviços”.
Estas medidas são descritas por Sitoyo Lopokoiyiti com estando a ser essenciais para permitir a expansão de serviços como o M-Pesa, que agora oferece não apenas transferências de dinheiro, mas também soluções de crédito e poupança, tanto para indivíduos como para pequenas e médias empresas.
Apesar do sucesso, ainda há desafios consideráveis que precisam de ser ultrapassados. A baixa penetração de smartphones continua a ser uma barreira, particularmente nas zonas rurais, onde a maioria da população não tem acesso a dispositivos móveis sofisticados. No entanto, afirma Lopokoiyiti, “o M-Pesa tem conseguido contornar este desafio ao oferecer soluções que funcionam em telemóveis básicos, permitindo que milhões de moçambicanos acedam aos serviços financeiros sem a necessidade de um smartphone”.
Outro desafio importante é a segurança cibernética. À medida que mais pessoas utilizam serviços financeiros digitais, aumenta também o risco de fraude e outras ameaças cibernéticas. “A protecção dos dados dos nossos utilizadores e a segurança das transacções são prioridades máximas para o M-Pesa,” afirmou Sitoyo. Para garantir a segurança, a empresa tem investido em tecnologia de ponta e parcerias com especialistas em cibersegurança, de forma a proteger os seus utilizadores de possíveis ataques e fraudes.
Apesar destes desafios, as perspectivas de crescimento apresentadas pelo M-Pesa são extremamente positivas. Com um mercado jovem e inovador, Moçambique é encarado como detentora de uma posição de liderança no que diz respeito à adopção de carteiras móveis em África. “Moçambique tem o potencial para ser um dos maiores utilizadores de carteiras móveis na região, e estamos empenhados em apoiar este crescimento,” concluiu Sitoyo Lopokoiyiti.
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