Preços do Petróleo em Queda: Maior perda semanal em mais de um mês face a preocupações económicas e geopolíticas

Os preços do petróleo continuam a sua trajectória descendente e estão prestes a registar a sua maior queda semanal em mais de um mês, com uma diminuição de cerca de 6%, provocada por uma série de factores económicos e geopolíticos. Embora tenham permanecido relativamente estáveis durante a sessão de sexta-feira, 18 de Outubro, os mercados continuam preocupados com a procura global e a performance económica de grandes consumidores, como a China.

Os futuros do Brent e do West Texas Intermediate (WTI), que representam os principais benchmarks do mercado de petróleo, enfrentaram uma semana turbulenta. A revisão em baixa das previsões de procura de petróleo por parte da OPEP e da Agência Internacional de Energia (AIE) para 2024 e 2025 contribuiu significativamente para este declínio. Estas entidades indicaram uma desaceleração no consumo global, especialmente devido ao fraco desempenho da economia chinesa, um dos maiores importadores de petróleo do mundo.

A China tem demonstrado sinais mistos. Embora os dados referentes ao consumo e produção industrial em Setembro tenham superado as expectativas, o crescimento económico global no terceiro trimestre foi o mais fraco do ano. Além disso, a produção das refinarias chinesas registou o seu terceiro mês consecutivo de queda, resultado de uma procura interna debilitada e margens de refinação reduzidas. Estes desenvolvimentos geram incerteza sobre o papel da China como motor da procura global de petróleo a curto prazo.

No lado positivo, os Estados Unidos proporcionaram algum alívio ao mercado. O crescimento ligeiramente superior nas vendas a retalho em Setembro, combinado com uma possível pausa nos aumentos das taxas de juro pela Reserva Federal em Novembro, contribuiu para estabilizar temporariamente os preços. Além disso, os dados da Administração de Informação de Energia (EIA) revelaram uma queda nos estoques de petróleo bruto, gasolina e destilados, o que reforçou o sentimento de que a procura nos EUA se mantém resiliente.

Contudo, os riscos geopolíticos continuam a pairar sobre o mercado, principalmente devido à situação no Médio Oriente. A diminuição das preocupações imediatas de um ataque de Israel ao Irão aliviou alguma pressão sobre os preços, mas a recente escalada do conflito entre o Hezbollah e Israel pode alterar novamente este equilíbrio. O Hezbollah anunciou uma nova fase de escalada na sua guerra contra Israel, após o assassinato de um líder do Hamas, o que reacende as preocupações sobre potenciais interrupções no fornecimento de petróleo na região.

Os analistas sublinham que o mercado se encontra num estado de alta volatilidade, influenciado por factores contraditórios. Por um lado, a fraqueza económica na China e as revisões em baixa da procura global pesam sobre os preços. Por outro lado, a possibilidade de interrupções no abastecimento devido a tensões geopolíticas, particularmente no Médio Oriente, mantém viva a hipótese de picos de preço a curto prazo.

Priyanka Sachdeva, analista de mercado da Phillip Nova, explicou que os desenvolvimentos no Médio Oriente continuarão a ser uma fonte de receio para o mercado, com qualquer escalada adicional a poder causar novos aumentos nos preços do petróleo. Esta tensão, aliada a dúvidas sobre a recuperação económica global, coloca os mercados numa situação de incerteza contínua.

Em resumo, a combinação de factores como a desaceleração económica na China, a diminuição das previsões de procura para os próximos anos e as tensões geopolíticas no Médio Oriente estão a criar um cenário de instabilidade no mercado de petróleo. Embora os dados económicos dos EUA ofereçam algum suporte, os preços permanecem pressionados, com o Brent e o WTI prestes a fechar uma semana marcada pela sua maior perda em mais de um mês.