Nyusi apela ao diálogo para resolver crise pós-eleitoral em Moçambique

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O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, dirigiu um apelo histórico ao diálogo entre os quatro candidatos presidenciais que participaram nas eleições gerais de 9 de Outubro. O convite, extensivo a Daniel Chapo (FRELIMO), Venâncio Mondlane (PODEMOS), Ossufo Momade (RENAMO) e Lutero Simango (MDM), procura fomentar consensos e encontrar soluções para a crise política que abala o País desde o anúncio preliminar dos resultados eleitorais.

A crise eclodiu após a Comissão Nacional de Eleições (CNE) declarar a vitória de Chapo, com 70,67% dos votos, resultado prontamente contestado por Mondlane, que obteve 20,32%. Este último lidera manifestações que têm perturbado a normalidade no País, acusando a CNE de irregularidades graves e exigindo uma revisão dos resultados antes da validação pelo Conselho Constitucional.

Um chamamento ao consenso

Durante o seu discurso à Nação, Nyusi sublinhou a importância de um entendimento mútuo para superar os desafios. “O País precisa de todos nós. Não há problema que não possa ser resolvido pelos moçambicanos. Todos os problemas podem ser resolvidos através do entendimento e da busca de consensos”, declarou o Chefe de Estado, apelando ao fim de atitudes egoístas nas abordagens políticas.

Nyusi realçou também que, apesar da diminuição das manifestações violentas, muitos cidadãos continuam a viver sob o peso do medo e da tensão. “Temos que estar juntos para resolver os nossos problemas. Não queremos que haja protagonistas, mas sim uma solução moçambicana para os moçambicanos”, enfatizou.

O papel do Conselho Constitucional

A crise actual está centrada na espera pela decisão do Conselho Constitucional, órgão que deverá validar os resultados eleitorais após análise das reclamações submetidas pelos partidos. Nyusi reafirmou que as Forças de Defesa e Segurança continuarão a garantir a livre circulação de pessoas e bens, protegendo a propriedade pública e privada.

Enquanto isso, Mondlane intensifica os seus apelos à mobilização popular. Através das redes sociais, o líder do PODEMOS convocou novas manifestações simbólicas em todo o território nacional, como paralisações sincronizadas de 15 minutos, engarrafamentos provocados e buzinas como forma de protesto e homenagem às vítimas da violência pós-eleitoral.

Contexto e implicações

Esta crise ocorre num momento delicado para Moçambique, que enfrenta desafios económicos e sociais profundos, agravados por anos de conflito e pela dependência de recursos naturais. Observadores internacionais têm alertado para o impacto de uma instabilidade prolongada na confiança dos investidores e no bem-estar da população.

Desde a transição democrática, Moçambique tem procurado consolidar instituições democráticas capazes de absorver tensões políticas e assegurar eleições livres e justas. O chamamento de Nyusi ao diálogo é visto como um passo significativo para evitar uma escalada da crise e restaurar a confiança no processo político.

Reacções divergentes

O apelo presidencial gerou reacções mistas. Enquanto aliados do governo elogiam a iniciativa como um gesto de unidade nacional, críticos questionam a eficácia de um diálogo sem a revisão substancial das alegações de irregularidades. Mondlane, por seu lado, insiste que apenas uma revisão profunda dos resultados eleitorais pode trazer justiça e estabilidade.

Perspectivas finais

A próxima decisão do Conselho Constitucional será determinante para o desenrolar da crise política. Entretanto, a população observa atentamente os desenvolvimentos, na esperança de que o diálogo proposto por Nyusi se traduza em soluções práticas para os desafios do país.

Com o futuro de Moçambique em jogo, o país enfrenta um teste crucial à sua capacidade de resolução pacífica de conflitos e de consolidação democrática.

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