Moçambique reforça negociações para novo programa com o FMI e promove investimentos em energia nas Reuniões de Washington

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Moçambique marcou presença activa nas Reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que decorreram de 21 a 26 de Abril de 2025, em Washington, com uma agenda centrada na negociação de um novo programa com o FMI e na mobilização de investimentos para projectos energéticos de impacto. A delegação nacional, liderada pela Ministra das Finanças, Carla Loveira, procurou reforçar o compromisso com reformas estruturais e consolidar a cooperação com parceiros multilaterais.

A presença moçambicana nas Reuniões de Primavera de 2025 em Washington foi marcada por uma forte componente técnica e diplomática. A comitiva, liderada por Carla Loveira, Ministra da Economia e Finanças, incluiu Estevão Pale, Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Rogério Zandamela, Governador do Banco de Moçambique, e quadros séniores das respectivas instituições.

As reuniões ocorreram num contexto de transição política em Moçambique e de ajustamento das contas públicas, factores que moldaram o tom das negociações. Em destaque esteve o início das conversações com o FMI para um novo programa de apoio, substituindo o anterior acordo de Facilidade de Crédito alargado. Os encontros com o Director-Geral Adjunto do FMI, Bo Li, e com o Director do Departamento Africano, Abebe Selassie, centraram-se em pilares como a mobilização de receita interna, reforma da folha salarial, gestão sustentável da dívida pública e eliminação de isenções fiscais.

Segundo fontes presentes nas reuniões, o Fundo sublinhou a necessidade de um “diagnóstico fiscal claro” e reiterou que o sucesso das reformas depende da liderança nacional e do compromisso político com a estabilidade macroeconómica.

Energia como eixo estratégico

A delegação aproveitou o encontro com a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA), do Grupo Banco Mundial, para promover projectos do sector energético, nomeadamente Mpanda Nkuwa e a Central Térmica de Temane, apresentando-os como activos estratégicos para atrair financiamento e impulsionar o crescimento económico sustentável.

As conversações com a Vice-Presidente do Banco Mundial para África Austral e Oriental abordaram igualmente a reestruturação do portfólio de investimentos, estratégias de digitalização, e a geração de emprego, com enfoque em projectos resilientes ao clima e com impacto territorial. Neste contexto, o reforço das parcerias público-privadas foi identificado como alavanca essencial para a execução efectiva das reformas e das infraestruturas planeadas.

A participação de Moçambique nas Reuniões de Primavera, de 2025, particularmente,  reforça a percepção de um país empenhado em consolidar a sua trajectória macroeconómica, ancorando as suas acções em reformas fiscais profundas, estabilidade monetária e dinamização do investimento privado. A visibilidade internacional dos projectos estruturantes e o reposicionamento do país como parceiro fiável perante os doadores multilaterais constituem sinais positivos, embora a concretização das reformas dependa de capacidade institucional, vontade política e coerência na implementação.

 

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