
Agricultura, Indústria e Energia Devem Liderar a Transformação Económica de Moçambique, Defende Michael Sambo
Questões-Chave
- Base produtiva continua afunilada e excessivamente dependente do sector extractivo;
- Agricultura emprega 80% da população, mas contribui com apenas 23% para o PIB;
- A indústria encontra-se fragilizada após um processo de desindustrialização prolongado;
- Reformas em infra-estruturas, educação técnica e financiamento são urgentes;
- Diversificação económica deve ser estratégica, com base em articulação intersectorial.
Michael Sambo defende uma visão estratégica e intersectorial para o futuro de Moçambique. Na sua análise, os sectores da agricultura, da indústria e da energia devem liderar a transformação económica, acompanhados de reformas profundas na governação, financiamento e educação. O economista advoga uma política industrial como medida prioritária para os próximos 50 anos.
A actual conjuntura económica de Moçambique, segundo Sambo, caracteriza-se por sinais contraditórios: estabilidade macroeconómica parcial, mas profundas vulnerabilidades estruturais. A dependência externa, o crescimento sectorialmente concentrado e a baixa capacidade de absorção de mão-de-obra são sintomas de uma economia frágil e desigual.
A agricultura, sector que envolve a maioria da população, permanece centrada na subsistência e altamente exposta às mudanças climáticas. Sem mecanização, sem infra-estruturas de armazenamento e sem acesso ao crédito produtivo, a sua produtividade é estruturalmente baixa. Sambo defende a urgência de um plano nacional de modernização agrícola, financiado com recursos internos e vinculado à soberania alimentar.
A indústria, por sua vez, sofre os efeitos de uma longa desindustrialização e de uma inserção passiva nas cadeias globais de valor. A ausência de uma política industrial coerente impediu a criação de um parque industrial nacional com encadeamentos locais. Para Sambo, a indústria é vital não apenas pela geração de emprego, mas como eixo de diversificação e integração sectorial.
O sector da energia, sobretudo a hidroeléctrica e o gás natural, oferece uma janela estratégica para Moçambique afirmar-se como actor regional. Mas essa vantagem só se converterá em desenvolvimento se acompanhada de uma estratégia que maximize o valor local, a formação de competências e a retenção fiscal. Sem isso, permaneceremos como exportadores de potencial bruto.
Para desbloquear estas oportunidades, Sambo propõe cinco frentes de reforma: (1) reconfiguração da política industrial, (2) revisão dos modelos de financiamento e acesso ao crédito, (3) reforma educativa com foco em formação técnica e profissional, (4) combate institucional à corrupção e (5) integração regional com inteligência económica.
Michael Sambo sintetiza a sua visão de futuro com um apelo urgente à acção. A diversificação não é apenas uma escolha económica: é uma condição de soberania e de sobrevivência como nação. O futuro de Moçambique dependerá da capacidade de transformar potencial em progresso, e esse caminho só será possível com visão estratégica, liderança institucional e compromisso intergeracional com o desenvolvimento sustentável.
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