Oxford Economics Alerta Para Pressões Inflacionistas em 2026 Devido à Desvalorização Prevista do Metical

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Questões-Chave:

  • Inflação moçambicana poderá subir acentuadamente em 2026 devido à desvalorização cambial;
  • Em 2025, inflação média deverá manter-se em 4,4%, segundo a consultora britânica;
  • Reservas cambiais escassas e dívida pública elevada geram pressão sobre o metical;
  • A agitação social e os efeitos nos preços alimentares e logísticos ainda marcam o panorama de curto prazo.

A consultora britânica Oxford Economics alerta para um cenário de pressão inflacionária significativa em Moçambique em 2026, motivado pela provável desvalorização do metical, num contexto de reservas cambiais fracas, endividamento público crescente e moeda sobrevalorizada.

Segundo a Oxford Economics, a inflação moçambicana manter-se-á relativamente contida em 2025 — com uma média de 4,4% — mas poderá disparar no ano seguinte. A expectativa de uma desvalorização da moeda nacional em 2026 surge como resposta previsível a desequilíbrios estruturais na balança cambial.

“Devido às escassas reservas cambiais, ao aumento da dívida pública e à sobrevalorização da moeda, prevemos que as autoridades moçambicanas serão pressionadas a desvalorizar o metical em 2026, pelo que antecipamos um aumento acentuado da inflação nesse ano”, referem os analistas da Oxford Economics.

Este cenário aponta para um risco importante na estabilidade macroeconómica do país, num momento em que se procura consolidar os ganhos da recuperação pós-pandemia e reforçar a confiança dos mercados internacionais.

2025: Alívio Transitório

No curto prazo, o ambiente inflacionário apresenta sinais de moderação. A taxa homóloga de inflação situou-se em 4,15% em Junho de 2025, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), alinhando-se com a previsão anual da Oxford Economics (4,4%).

O abrandamento da inflação deve-se, segundo a consultora, a dois factores principais:

  • Queda nos preços do petróleo, que aliviou os custos de transporte;
  • Recuperação das cadeias de abastecimento e estabilização da actividade económica após os distúrbios sociais do final de 2024.

Ainda assim, sectores como alimentação (com variação homóloga de 9,38%) e restauração e hotelaria (8,53%) continuam a exercer pressão inflacionária sobre o consumidor final.

Perspectivas para 2026: Riscos Reemergentes

O horizonte de 2026 traz consigo riscos renovados, à medida que se adensam os constrangimentos financeiros externos do país. Moçambique enfrenta:

  • Reservas internacionais limitadas, que reduzem a capacidade de intervenção no mercado cambial;
  • Endividamento público crescente, com desafios na sustentabilidade da dívida e pressões orçamentais;
  • Sobrevalorização da taxa de câmbio real, que prejudica a competitividade externa e encoraja importações.

Neste contexto, uma desvalorização administrada do metical é vista como quase inevitável — mas, como sublinha a Oxford Economics, terá efeitos directos nos preços internos, sobretudo nos bens importados e nos sectores expostos à volatilidade cambial.

A trajectória inflacionária de Moçambique permanece, para já, sob controlo. No entanto, os fundamentos económicos indicam que 2026 poderá marcar um novo ciclo de instabilidade nos preços, caso não sejam adoptadas medidas estruturais robustas para proteger as reservas cambiais, conter o endividamento e fortalecer a produção nacional.

A antecipação da pressão inflacionária, como alerta a Oxford Economics, deve servir de sinal aos decisores políticos e reguladores, não apenas para reforçar a resiliência económica, mas para assegurar que os ganhos da estabilidade recente não se revelem efémeros.

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