BCE Interrompe Ciclo de Cortes nas Taxas de Juro Face a Incertezas Comerciais

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Questões-Chave:

  • Banco Central Europeu (BCE) mantém taxa directora em 2% após oito cortes consecutivos desde Junho de 2024;
  • Clima de incerteza comercial, sobretudo devido às ameaças tarifárias dos EUA, pesa nas decisões;
  • Lagarde destaca resiliência da economia, mas admite riscos no horizonte;
  • Euro forte e inflação controlada dão margem de manobra, mas previsões apontam para abrandamento em 2026;
  • União Europeia e Estados Unidos enfrentam negociações comerciais tensas com ameaças mútuas de tarifas elevadas.

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter inalteradas as taxas de juro nesta quinta-feira, interrompendo assim uma campanha de cortes que já durava um ano, numa altura em que a instituição procura avaliar os efeitos das disputas comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos sobre a economia da zona euro.

Após oito cortes sucessivos desde Junho de 2024, o BCE fixou a taxa de juro de referência em 2%. A presidente da instituição, Christine Lagarde, afirmou em conferência de imprensa que, apesar da resiliência demonstrada pela economia europeia, o cenário global continua “excepcionalmente incerto”.

“A economia tem-se mostrado globalmente resiliente num contexto global desafiante. Mas o ambiente continua marcado por uma incerteza excecional, sobretudo por causa das disputas comerciais”, declarou Lagarde, sublinhando que o BCE adoptará agora uma postura de “esperar para ver”.

A pausa na trajectória de flexibilização monetária surge numa altura em que as tensões comerciais com os EUA voltam a escalar. O Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de 30% sobre produtos europeus caso não haja um acordo até ao final do mês — e chegou mesmo a aventar aumentos até 50%. Esta incerteza já afectou as exportações e travou o investimento empresarial em várias economias europeias.

Apesar disso, o BCE sublinhou que a zona euro tem demonstrado sinais de robustez: a inflação manteve-se em 2% no último mês — em linha com a meta do banco — e o desemprego está em níveis historicamente baixos. O apetite dos investidores por activos europeus também tem aumentado.

No entanto, as previsões apontam para uma descida da inflação para 1,6% em 2026, influenciada pela queda nos preços da energia e pela valorização do euro, que torna as importações mais baratas. Lagarde alertou que o euro forte poderá desincentivar o investimento e empurrar ainda mais a inflação para baixo do desejado.

A posição cautelosa do BCE contrasta com a da Reserva Federal norte-americana, que manteve as taxas estáveis ao longo do ano, receando que novas tarifas agravem a inflação interna. Trump, por seu lado, tem criticado a Fed por não seguir o exemplo europeu e continuar a baixar as taxas.

Com um equilíbrio delicado entre estabilidade interna e turbulência externa, o BCE opta por aguardar os desenvolvimentos nas negociações comerciais antes de decidir novos estímulos. No entanto, caso a retaliação tarifária entre as partes se concretize, o banco poderá ser forçado a actuar novamente.

Os Correios da África do Sul (SAPO) perderam 9,2 mil milhões de rands em valor accionista em três anos e enfrentam agora a falência.

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