Ouro Estabiliza-se Antes da Decisão da Reserva Federal, com Dólar e Juros a Suavizar Pressão
Questões-Chave:
- Investidores aguardam decisão da Fed, com expectativa de manutenção da taxa directora;
- Rendimentos dos títulos do Tesouro caem, enquanto o dólar perde força face ao pico recente;
- Ouro mantém-se estável nos $3.324,46 por onça, com potencial de valorização se superar $3.350;
- Trégua tarifária EUA-China poderá ser prolongada, mas depende da decisão de Trump;
- FMI revê ligeiramente em alta as previsões de crescimento global para 2025–2026.
Os preços do ouro mantiveram-se praticamente inalterados esta quarta-feira, reflectindo a expectativa contida dos mercados perante a decisão de política monetária da Reserva Federal dos EUA (Fed), que será conhecida nas próximas horas. O ouro à vista cotava-se em $3.324,46 por onça pelas 06h04 GMT, enquanto os futuros do ouro nos EUA fixavam-se nos $3.321,90.
A estabilidade registada surge num contexto de ligeira descida dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano e de recuo do índice do dólar, que vinha de um máximo superior a um mês. Esses dois factores têm contribuído para aliviar a pressão descendente sobre o ouro, tradicionalmente beneficiado por ambientes de juros baixos e dólar fraco.
“Existe uma possibilidade de que a Fed comece a inclinar-se para um posicionamento mais dovish. Isso já se reflecte nos yields do Tesouro”, afirmou Kelvin Wong, analista sénior da OANDA.
Ouro e Política Monetária: Sensibilidade ao Ambiente de Juros
A Fed é amplamente esperada para manter as taxas de juro inalteradas nesta reunião, apesar das reiteradas pressões públicas do Presidente Donald Trump para um corte. O mercado, no entanto, continua a precificar uma possível redução das taxas em Setembro, facto que pode renovar o apetite por activos como o ouro.
Historicamente, o ouro tende a registar bom desempenho em ambientes de taxas de juro reduzidas, uma vez que o seu custo de oportunidade diminui. Segundo Wong, caso os preços do ouro ultrapassem os $3.350 até ao final da semana, com suporte de dados macroeconómicos norte-americanos (inflação e emprego), o impulso poderá intensificar-se no curto prazo.
Trégua Tarifária e Perspectivas Económicas
No plano geopolítico, funcionários dos EUA e da China acordaram, em Estocolmo, em tentar prolongar a actual trégua tarifária de 90 dias, que expira a 12 de Agosto. A decisão final caberá, contudo, ao Presidente Trump, mantendo-se a incerteza no curto prazo.
Paralelamente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) procedeu a uma ligeira revisão em alta das previsões de crescimento económico global para 2025 e 2026, com base num aumento inesperado nas encomendas comerciais antes da entrada em vigor de novas tarifas norte-americanas em Agosto e na redução da taxa efectiva dos EUA de 24,4% para 17,3%.
Metais Preciosos em Correcção Técnica
Outros metais preciosos apresentaram correcções:
- Prata caiu 0,3%, fixando-se nos $38,09 por onça;
- Platina recuou 0,9%, cotando-se a $1.381,97;
- Paládio desvalorizou 0,5%, para $1.252,75.
O mercado do ouro atravessa um momento de pausa estratégica, em que os investidores preferem aguardar os sinais da Fed antes de tomar novas posições. Contudo, o contexto actual – com juros baixos, dólar menos pressionado, e tensões comerciais latentes – poderá favorecer uma nova trajectória ascendente nos próximos dias.
A resposta da Fed e a evolução da guerra comercial entre os EUA e a China serão determinantes para o rumo dos preços do ouro e dos activos de refúgio em geral.
