Moçambique No IDH Do RDH 2025: Entre Escolhas Estratégicas E Desafios Estruturais No Caminho Do Desenvolvimento Humano

0
153
Questões-Chave:
  • O Relatório do Desenvolvimento Humano (RDH 2025) coloca Moçambique na posição 182 entre 193 países, com um IDH de 0,493, sinalizando progressos modestos mas ainda insuficientes;
  • A pobreza continua a afectar 65% da população, confirmando fragilidades estruturais que exigem políticas mais eficazes;
  • Governo aposta na Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) e no Plano Quinquenal do Governo (PQG) para reduzir pobreza, combater desnutrição crónica e investir em capital humano;
  • O dividendo demográfico (65% da população com menos de 25 anos) é visto como oportunidade, desde que haja investimento em saúde, educação e nutrição;
  • O Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL) surge como mecanismo estratégico para financiar jovens e estimular o auto-emprego nos distritos;
  • Desenvolvimento humano depende da convergência de actores: Estado, sector privado, sociedade civil, academia e parceiros de cooperação;
  • Governo projecta melhorias graduais até 2026, com meta de atingir IDH de 0,7 até 2044, mas reconhece desafios conjunturais.

O Relatório do Desenvolvimento Humano 2025, publicado pelo PNUD, reafirma as fragilidades persistentes de Moçambique no caminho do desenvolvimento humano. Apesar de uma ligeira melhoria no índice, o país continua entre os últimos do ranking global. Para o Governo, os dados não constituem surpresa, mas são “evidências úteis” para orientar políticas públicas focadas na redução da pobreza, na valorização do capital humano e no aproveitamento do dividendo demográfico.

Em entrevista ao Semanário Económico, o Director Nacional de Políticas Económicas e de Desenvolvimento, no Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Ângelo Nhalidade, reconheceu que os dados do RDH 2025 confirmam uma realidade já conhecida: 65% da população vive em pobreza. Ainda assim, sublinhou que o relatório fornece uma base de evidência para a planificação de políticas.

“É uma informação bem-vinda, porque precisamos de dados para planificar. Não foi surpresa, já tínhamos indicadores que apontavam para esta magnitude da pobreza”, afirmou.

A resposta do Governo assenta na implementação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) e do Plano Quinquenal do Governo (PQG), que priorizam o investimento em educação, saúde, nutrição e combate à desnutrição crónica.

O dividendo demográfico — com 65% da população abaixo dos 25 anos e 44% com menos de 15 anos — é apontado como oportunidade para acelerar o crescimento económico, desde que haja investimento estruturado em crianças e jovens. Caso contrário, alerta Nhalidade, a juventude pode tornar-se um “passivo demográfico”, perpetuando vulnerabilidades sociais.

Director Nacional de Políticas Económicas e de Desenvolvimento, no Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Ângelo Nhalidade

Para transformar esta energia em inovação e crescimento inclusivo, o Governo aposta em programas de emprego e auto-emprego, com destaque para o Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), que destina 60% dos recursos a jovens.

“O FDEL é um instrumento direccionado para financiar iniciativas juvenis e dinamizar a economia a partir dos distritos”, explicou.

Outro eixo essencial é a convergência de actores. O Governo tem procurado reforçar mecanismos de coordenação como os Observatórios de Desenvolvimento, que juntam Estado, sociedade civil, sector privado, parceiros de cooperação e academia na monitorização das políticas.

Apesar das limitações conjunturais — incluindo crises internas e choques externos —, o Governo mantém expectativas de melhoria gradual do IDH até 2026. A meta de longo prazo é ambiciosa: atingir um índice de 0,7 até 2044.

“O desenvolvimento faz-se por etapas. Não esperamos saltos imediatos, mas progressos moderados e consistentes”, concluiu Nhalidade.

SUBSCREVA O.ECONÓMICO REPORT
Aceito que a minha informação pessoal seja transferida para MailChimp ( mais informação )
Subscreva O.Económico Report e fique a par do essencial e relevante sobre a dinâmica da economia e das empresas em Moçambique
Não gostamos de spam. O seu endereço de correio electrónico não será vendido ou partilhado com mais ninguém.